ELA É A SUA FORÇA

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Antônio

Entro na academia com a mente cheia de preocupações, e os pesos que costumo levantar parecem mais pesados do que nunca. A academia sempre foi o meu refúgio, mas hoje não consigo deixar de pensar em tudo o que aconteceu. Cigano e Buchecha, estão treinando na mesma sala, e é impossível ignorar suas expressões de preocupação.

E aí, sapato? - Cigano me chama enquanto estou fazendo um supino. - Como você está?

Suspiro profundamente antes de responder.

Não está sendo fácil, Cigano. Desde o dia que liguei para Amanda e o cara lá atendeu.. - suspirei exausto. - . Isso acabou comigo e me deixou confuso. Não sei o que pensar.

Buchecha se junta à conversa, deixando os halteres de lado.

Cara, você sabe que em duas semanas você tem essa grande luta pela frente. Essa situação não pode estar te ajudando a se concentrar, certo?

Eu balanço a cabeça, sabendo que Buchecha está certo. Minha luta é uma das mais importantes da minha carreira, e estou me sentindo desestabilizado.

— Eu sei, Buchecha, mas não tenho ideia do que fazer. Sinto que Amanda está cada vez se afastando mais de mim.

Cigano olha para mim com empatia.

Antônio, talvez seja a hora de você conversar com ela, colocar as cartas na mesa. A luta é importante, mas sua paz de espírito também é.

Eu me preocupo com isso, mas reluto em procurar Amanda. A imagem de Henrique atendendo o telefone ainda está fresca na minha mente, e isso me perturba.

Não sei, pessoal. Eu não quero pressioná-la mais do que já fiz. Talvez seja melhor dar um tempo e ver se as coisas se resolvem por conta própria.

Enquanto  Cigano e Buchecha me encorajavam a falar com Amanda, eu ainda lutava com minhas próprias dúvidas. Sentado no banco da academia, limpei o suor do rosto e meus olhos encontraram os deles.

Olha, pessoal, eu não sei se devo falar com a Amanda sobre a luta. - admiti, minha voz carregada de incerteza. - Eu contei para o Fred, mas ainda não falei com ela. Parece que há muito tempo ela deixou de me considerar uma prioridade em sua vida.

Cigano bufou, claramente frustrado com a minha hesitação.

Antônio, faltam apenas duas semanas para a luta em Los Angeles. Se você quer que Amanda esteja lá para te apoiar, é melhor falar com ela agora. Ela precisa de tempo para se organizar, e você sabe como a vida dela é corrida.

Buchecha acrescentou:

E não se trata apenas de você. Amanda também pode estar se sentindo magoada por você não ter compartilhado isso com ela antes.

Eu me levantei e comecei a dar voltas pela academia, ainda debatendo a decisão em minha mente. Não podia negar que meus amigos estavam certos. A luta em Los Angeles era um grande evento em minha carreira, e Amanda deveria estar lá. Mas, ao mesmo tempo, a sensação de não ser mais uma prioridade em sua vida me corroía.

Eu sei que vocês estão certos, mas... - comecei a dizer, mas não consegui terminar a frase.

Cigano se aproximou e colocou uma mão no meu ombro.

Antônio, você precisa falar com ela. Não há outra opção. Deixe-a tomar a decisão de comparecer ou não. Ela merece saber sobre a luta e ter a chance de apoiar você.

Meu coração pesou enquanto eu encarava a realidade. Cigano estava certo, e eu sabia disso. Era hora de enfrentar a situação de frente e falar com Amanda, não importando o resultado. A luta se aproximava rapidamente, e eu não podia deixar o orgulho ou o medo de me comunicar com a mulher que amava me impedir de compartilhar esse momento crucial na minha vida com ela.

Após sair da academia, eu dirijo para casa, perdido em meus pensamentos sobre se devo ou não falar com Amanda. O trânsito da cidade se move lentamente, e a confusão na minha cabeça é quase tão densa quanto a do trânsito. Enquanto as horas passam, continuo repassando a conversa com Cigano e Buchecha, bem como a realidade de que o tempo está se esgotando rapidamente.

Ao chegar em casa, decido tomar um banho para relaxar um pouco e acalmar a mente. Enquanto a água quente escorre pelo meu corpo, tento reunir a coragem necessária para abordar o assunto com Amanda. Mas a incerteza continua a me dominar.

Depois de me vestir e fazer um almoço rápido, meu telefone toca. É minha mãe, Wilma, perguntando se tudo está pronto para a luta e como estou me sentindo. Sua voz soa animada enquanto ela compartilha a notícia de que toda a família estará presente para me apoiar em Los Angeles. Ela menciona que planeja perguntar a Amanda se ela gostaria que eu a esperasse no aeroporto de São Paulo.

No entanto, ao ouvir sobre Amanda, a ansiedade aumenta. Eu ainda não contei a ela sobre a luta, e agora minha mãe está prestes a mencioná-la. Sinto um nó no estômago enquanto respondo.

Mãe, na verdade, eu ainda não falei com a Amanda sobre a luta. - Minha voz treme enquanto admito isso.

Há um breve silêncio do outro lado da linha antes de minha mãe responder com preocupação.

Meu filho, você sabe como é importante envolver Amanda nisso. Você precisa contar a ela sobre a luta e dar a ela a chance de decidir se quer estar lá para apoiar você. Ela é a sua força. É uma parte essencial da sua vida.

Eu sei que minha mãe está certa, mas a ansiedade e o medo continuam a me segurar. Não consigo evitar a sensação de que Amanda já não me vê da mesma forma, que ela tem outras prioridades e que talvez minha luta não seja mais importante para ela.

Eu sei, mãe, você está certa, mas não sei como fazer isso. Eu estou com medo, de verdade. - Confesso, minha voz vacilando.

Minha mãe suspira e tenta me tranquilizar.

Antônio, você precisa ser honesto e corajoso. Ligue para Amanda e compartilhe com ela o que está acontecendo. Ela merece saber, e você merece o apoio dela.

Eu agradeço à minha mãe por suas palavras e prometo que tentarei falar com Amanda. No entanto, quando desligo o telefone, a incerteza permanece. O tempo está se esgotando, e a decisão de falar com Amanda é cada vez mais urgente. A luta se aproxima rapidamente, e, quer eu queira ou não, chegou a hora de enfrentar essa conversa.

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CORPO EM CHAMAS (DOCSHOE)Where stories live. Discover now