CORPO EM CHAMAS (DOCSHOE)

NAO SE SENTE SOZINHO?

Antônio

Eu estava na academia, tentando focar nos exercícios, mas minha mente estava em tumulto. A súbita viagem de Amanda para o Brasil tinha me deixado inseguro. Meu amigo Júnior, que mal conseguia disfarçar sua preocupação, me observava enquanto eu malhava.

— Cara, você parece estar com a cabeça em outro lugar. Aconteceu alguma coisa?

Respirei fundo antes de começar a desabafar com Júnior, meu amigo mais próximo.

— Júnior, Amanda voltou para o Brasil. O ex dela sofreu um acidente, e ela correu para o lado dele.

Júnior franziu a testa, tentando entender a situação.

— Caramba. Como você está lidando com isso?

Eu suspirei, sentindo a insegurança corroendo minha confiança.

— Honestamente, Júnior, estou inseguro. Saber que ela está tão próxima dele novamente, lidando com o passado deles, me deixa ansioso. Eu estava certo de que tínhamos resolvido nossos problemas, mas agora tudo parece incerto.

Júnior assentiu, sua expressão de compreensão.

— Você precisa confiar em Amanda, Antônio. Se o que vocês têm é real, isso vai superar qualquer obstáculo. E, afinal, você também precisa cuidar de você neste momento.

Eu sabia que ele estava certo, mas a incerteza ainda me perturbava.

— Júnior, você acha que eu deveria ir até o Brasil para apoiar a Amanda?

Júnior olhou pensativo por um momento antes de responder.

— Sapato, acho que não. Neste momento, Amanda está lidando com o passado dela, e a sua presença pode deixá-la desconfortável. Além disso, ela precisa de espaço para resolver essa situação. Se ela precisar de você, com certeza vai entrar em contato.

Eu assenti, compreendendo o raciocínio de Júnior. Era um momento delicado, e eu não queria pressionar Amanda ou tornar as coisas mais complicadas para ela. Respeitar seu espaço era essencial, mesmo que isso significasse lidar com minha própria insegurança e ansiedade à distância.

— Sapato, em vez de focar nisso agora, talvez seja uma boa ideia se concentrar em sua próxima luta. A luta sempre foi uma parte importante de sua vida, e pode ser um excelente modo de liberar a tensão e se manter mentalmente forte.

As palavras de Júnior faziam sentido. Enquanto lidava com as complexidades de meus relacionamentos, o octógono era o lugar onde eu me sentia mais em controle. Era a hora de voltar minhas energias para meu treinamento e aprimorar minhas habilidades.

— Você está certo, Júnior. Preciso voltar ao foco nas lutas e manter a mente afiada. Talvez isso me ajude a superar essa insegurança.

Eu sabia que as próximas semanas seriam desafiadoras, mas o conselho de Júnior me lembrava da importância de manter um equilíbrio entre minha vida pessoal e profissional. Era hora de me preparar para a próxima batalha, dentro e fora do octógono.

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Após a conversa com Júnior, eu decidi deixar a academia e seguir para o supermercado. Enquanto caminhava pelos corredores, eu estava absorto em meus próprios pensamentos, tentando encontrar uma maneira de lidar com a situação complicada em que me encontrava.

Foi então que, ao virar um corredor, esbarrei em alguém. Olhei para a pessoa à minha frente e percebi que era Anaju, a mulher que Buchecha havia me apresentado alguns dias antes.