CORPO EM CHAMAS (DOCSHOE)

LIDAR COM SEUS DEMÔNIOS

Capítulo 16

Antônio
Cheguei em casa desolado, minha mente ainda se debatendo com a imagem de Amanda e Henrique jantando juntos. Aquilo era um soco no estômago, e eu não sabia como processar tudo aquilo. Peguei uma garrafa de whisky, despejei um copo e o outro, bebericando como se aquilo fosse me ajudar a esquecer.

Mas a bebida só fez com que eu me sentisse pior. Meu celular vibrava incessantemente, mensagens não lidas de amigos preocupados comigo, mas eu não tinha ânimo para responder.

Foi quando a campainha tocou, me fazendo pular na cadeira. Quem diabos poderia estar me visitando àquela hora da noite? Cambaleei até a porta e a abri, deparando-me com Isabela.

Ela estava com os olhos vermelhos e inchados, provavelmente por ter chorado. Não disse uma palavra, apenas entrou na minha casa, pegando algumas roupas e pertences que ainda estavam aqui. Aquilo só aumentou a sensação de vazio que eu estava sentindo.

- Isabela... - minha voz saiu como um sussurro. - Não vai embora.

Ela me encarou por um momento antes de responder, sua voz carregada de tristeza.

- Antonio, eu vim aqui hoje para pegar o que é meu e seguir em frente. Eu deixei tudo para estar com você no Brasil, e na primeira oportunidade, você me trocou por alguém nunca te colocou como prioridade. Olha só pra você agora, começou a beber?

As palavras de Isabela cortaram fundo. Eu olhei para o copo de whisky em minha mão, que de repente me pareceu um símbolo de fraqueza. Ela estava certa. Eu estava me afundando na bebida como uma maneira de lidar com a confusão e a dor que estava sentindo.

- Isabela, eu...

Ela levantou a mão, interrompendo-me.

- Não precisa explicar, Antonio. Eu já vi o suficiente. Você precisa lidar com seus próprios demônios. Eu mereço alguém que esteja pronto para me dar o que eu preciso.

Isabela continuou a pegar suas coisas, determinada a sair daquela situação.

- Sabe, Antonio, acho que Amanda é o demônio da sua vida. Ela te deixou confuso, te fez duvidar de tudo, do que construímos, até mesmo de mim. E você precisa se livrar desse fantasma antes que ele te destrua completamente.

Suas palavras eram duras, mas eu sabia que ela estava certa. Amanda tinha se tornado uma presença avassaladora em minha vida, e eu precisava encontrar uma maneira de lidar com isso, de me libertar desse ciclo de confusão e dor.

Desesperado e supondo que Amanda teria escolhido Henrique m, eu tomei uma decisão impulsiva.

- Isabela, por favor, não vá embora. Eu sei que cometi erros terríveis, mas você é importante pra mim. Fique comigo. Nós podemos superar isso juntos.

Ela me encarou por um momento, com os olhos cheios de dor, antes de finalmente dizer com sarcasmo:

- Antônio, você quer que eu fique? Para quê? Para servir de estepe agora que Amanda não sabe se quer você? Cadê ela agora? Para te ajudar a sair do fundo desse poço? Com certeza está nos braços do Dr. Henrique, não é?

Eu me senti ainda pior com aquelas palavras, sabendo que Isabela estava magoada e zangada.

-Isabela, eu não quero que seja um estepe, eu só... - comecei a falar, mas ela me interrompeu com raiva.
• Você só o quê? Não entende, Antônio? Eu vim aqui para pegar minhas coisas e seguir em frente. Eu mereço alguém que me queira de verdade, não alguém que fica pulando de relacionamento em relacionamento.