Trysney | 2027
→ Natasha— Então você brigou com o seu marido porque ele mandou um lanche muito sem graça na lancheira da sua filha?
Eu encarei as paredes brancas cheias de quadro na minha frente e ignoro o olhar descrente que a mulher lança em mim.
— Também. Ele errou o ponto da minha carne hoje — comentei, olhando minha unhas.
— Natasha, durante todos esses anos que você passou comigo, você nunca reclamou de verdade do seu marido — ela anotou algumas merdas naquela caderneta do diabo e ficou esperando que eu dissesse algo — O que realmente está acontecendo?
— Combinamos que quando os pequenos fizessem três anos, faríamos uma viagem para New York — ajeitei minha coluna — Mas a porra da nova agente dele aparentemente não sabe ler uma agenda e marcou um evento no dia que viajariamos.
— Aí está — ela disse conclusiva — O motivo é o ciúmes.
— Claro, aquela piranha de cabelo roxo acha que tem o direito de discutir comigo — bati as mãos na coxa indignada — O Steve ainda tem a cara de pau de pegar o almoço dela.
— Segundo você, ele simplesmente não percebe e é uma boa pessoa — rebateu ela.
— Eu fico me lembrando disso a cada segundo que posso, mas é difícil! — xingou em russo e decaio os ombros, cansada de tudo — Esse mês… é difícil pra mim.
— Fale mais, Nat — incentivou.
— Há quatro anos atrás minha melhor amiga morreu, e há três anos atrás eu entrei em trabalho de parto — eu murmurei aquilo, não conseguia falar mais alto porque quanto mais alto fosse, maior a dor — Setembro é o mês em que choro de felicidade e de tristeza. E pra piorar, tem uma vagabunda se jogando no meu marido, aliás, várias vagabundas, mas essa em especial está me tirando do sério — esfreguei as palmas das mãos nos olhos — Ainda por cima, eu estou no período fértil.
— Não deve ser fácil comemorar o aniversário dos filhos enquanto sabe que uma pessoa querida faleceu na mesma semana — ela deixou o caderno de lado e enlaçou as mãos — Sinto muito.
— Você já disse isso, várias vezes. Não faz ela voltar, não faz ninguém voltar — interrompi afiada — Eu sei que estou insuportável, mas ele podia ser mais compreensível.
— Eu entendo sua dor, você luta contra o luto desde que nos conhecemos — ele ajeitou o óculos com sutileza — Assim como Steve. Me disse uma vez que ele faz aniversário no mesmo dia que a mãe morreu, não deve ser fácil.
— Ele é muito azarado, eu diria. Mãe morta no dia do aniversário, amiga morta no aniversário dos filhos — a palavra saiu de minha boca com muito esforço — Nós somos quebrados, de maneiras diferentes. E eu venho tentando… fazer de tudo para que Sarah não me odeie. Ela está feliz agora, mas o que acontece quando ela crescer e entender que os anos sem pai foram culpa minha?
— Aconteceu quando ela era muito nova, talvez ela não tenha lembranças concretas sobre isso — a doutora Mantis tentou aliviar minha tensão, mas nós sabíamos que aquilo podia ser completamente ao contrário — Caso ela lembre, tenho certeza que vai estar madura o suficiente para entender os dois lados, o seu e o do pai. Steve a perdoou, com sua filha não será diferente.
— Exceto que será — repliquei, pressionando os lábios e dando um sorriso amarelo — Sarah tem o meu sangue, a minha criação. Nós, Romanoff's, somos teimosas e arrogantes, não admitimos falhas pessoais. Eu a criei para questionar as coisas, para se defender bem e para atacar melhor ainda — sorri verdadeiramente, nesse tópico eu tinha orgulho — Quanto mais crescer, menos vai precisar de mim. Vai andar com os próprios pés e vai me enfrentar quando for necessário. Isso vai me encher de orgulho, vou saber que não criei uma fraca.
![](https://img.wattpad.com/cover/285472667-288-k300326.jpg)
YOU ARE READING
Sua filha, Sarah | Romanogers
Fanfiction━ ❝ Quem é ela, Natasha? Diga que ela não tem meu sangue correndo nas veias e me diga que ela não é um pedaço de mim! Ela é... ━ Sua filha, Sarah.❞ *:・゚✧*:・゚✧*:・゚✧*:・゚✧*:・゚✧*:・゚✧*:・゚✧*:・゚✧ ╰┈➤ No verão de 2015, eles viveram um amor lindo e intenso...