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Van der Wood

Saí da casa-de-banho a tempo de ver as costas tatuadas daquela que acabava de me flagrar a comer a empregada. Ela fugiu tão depressa, que quase parecia como se tivesse sido ela quem acabava de ser apanhada com a boca onde não devia.

Ri baixo antes de voltar para dentro da casa-de-banho.

- Achas que ela vai dizer alguma coisa? – a Beatrice abotoava a camisa apressadamente – Eu preciso do dinheiro! Se ela der com língua nos dentes sou despedida!

Olhei-me no reflexo do espelho, enquanto ajeitava o cabelo com as mãos – Não sejas ingénua. – cruzei um olhar presunçoso com ela – Quem te contratou fui eu! Para mais... - ignorei a sua tentativa de me puxar para um último beijo – Provavelmente é só a acompanhante de alguém, nunca a tinha visto.

A minha resposta pareceu relaxá-la um pouco mais.

Disse-lhe que esperasse uns dois minutos, para que ninguém notasse que saímos da mesma casa-de-banho e quando cheguei ao salão principal, já todos se preparavam para jantar.

As duas primeiras pessoas que vi foram a minha nova madrasta, ao lado da morena com as costas tatuadas. O sorriso de cafajeste ameaçava crescer, a cada passo que me aproximava mais da mesa delas.

Ainda estava a uns 3 metros de distância quando a Elaine me viu. Ela abriu os seus braços para me receber num abraço caloroso ao qual retribuí mais por educação do que por vontade - odiava abraços - e, finalmente, tive a oportunidade de ver o rosto da dona daquelas costas tatuadas. E ela era apetitosa.

O seu cabelo ondulado estava estrategicamente pousado sobre um dos ombros, o seu rosto era delicado, mas os seus olhos intensos criavam um contraste no mínimo aliciante.

- Anna, este é o Leonardo, o filho do Michael.

Anna? Era esta a filha da Elaine? Isto tinha acabado de se tornar tão mais interessante.

- Muito prazer, Anna. – peguei na sua mão e beijei-a sem tirar os meus olhos escuros, dela - Estava ansioso por te poder conhecer pessoalmente.

Senti o seu corpo enrijecer e a sua face ruborizou. Murmurou uma resposta quase inaudível e voltou a sentar-se. Segui-a e sentei-me do lado dela, enquanto a Elaine ia chamar o meu pai.

- Posso te chamar de Anninha ou preferes Anna? – pousei uma mão sobre a dela, conseguindo que me olhasse. Sabia que isso ia deixá-la ainda mais desconcertada, mas era divertido demais para não o fazer.

– Anna parece-me mais apropriado. - deixou a sua mão deslizar e escondeu-a de mim.

- Pena! Anninha soa mais íntimo.

A forma como se mostrou afetada, extasiou-me. Parecia uma adolescente.

Os nossos pais chegaram e ocuparam os seus lugares à mesa. Durante todo o jantar, percebi que a Anna estava tensa ao meu lado. A sua inquietação era palpável, e cada movimento mínimo dela instigava-me a buscar ainda mais sua atenção. Enquanto os pratos eram servidos, o meu pai direcionou uma enxurrada de perguntas sobre a minha semana na Itália.

Respondi a tudo, descrevendo minha visita à minha mãe em Roma. Desde o divórcio dos meus pais, ela havia retornado para a cidade, onde vivia com meu padrasto e avós. As minhas visitas eram regulares, e ocorriam a cada dois meses, e eu costumava passar uma semana por lá. Enquanto compartilhava esses detalhes, pude sentir o olhar de Anna sobre mim, embora ela mal se movesse ou falasse.

Tentei fazer com que ela reagisse de alguma forma à maneira como eu procurava o seu olhar, mas ela continuava a evitar-me a todo o custo, até que se viu obrigada a responder às perguntas do meu pai.

TouchWhere stories live. Discover now