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Carter

O sol da manhã pintava o campus universitário com tons dourados quando cheguei para o meu primeiro dia de aulas como professora de literatura moderna. O edifício majestoso da universidade parecia imponente, e a ansiedade percorria-me as veias, misturada com um entusiasmo quase infantil.

O peso da responsabilidade assentou nos meus ombros enquanto caminhava em direção à sala de aula. O cheiro de livros antigos e a atmosfera académica permeavam o corredor. As vozes animadas dos estudantes, ansiosos por começar o semestre, preenchiam o espaço.

Ao entrar na sala, pousei as minhas coisas em cima da secretária que me estava destinada. Olhei para as fileiras vazias e respirei fundo. À medida que os minutos se desenrolavam, os estudantes começaram a entrar na sala, cumprimentando-se uns aos outros e encontrando os seus lugares. Cada olhar curioso, cada rosto expectante, adicionava uma nova camada à minha mistura de emoções.

Finalmente, o momento de começar a aula chegou. Ajeitei os óculos e olhei para a turma, sentindo uma mistura de emoções - nervosismo e alegria.

O silêncio pairava enquanto eu escrevia o meu nome com letras grandes no quadro.

Professora Carter

Virei-me para encarar a turma e um aluno levantou o dedo e, com um sorriso nos lábios, perguntou: - É a professora?

- Sim, sou a professora. – confirmei, imaginando o motivo pelo qual ele estaria a fazer-me aquela pergunta.

- Mas é tão nova! – falou agora uma miúda na fila da frente, confirmando as minhas suspeitas.

Algo dentro de mim dizia-me que isto ia acontecer. Um sorriso divertido brincou nos meus lábios enquanto olhava para a turma com pouco mais de cinquenta alunos.

- A idade não define a capacidade de ensinar ou aprender. - respondi com confiança - Além disso, a literatura é atemporal, e estou aqui para partilhar o meu conhecimento, por isso, vamos começar a aula.

A turma pareceu relaxar, e a aula começou com uma interação animada. O fascínio pela literatura tornou-se evidente após a primeira hora e eu sabia que estava no caminho certo para criar um ambiente estimulante com aquela turma.

Enquanto discutia os temas e os movimentos literários que moldaram o século XX, a tensão inicial deu lugar a uma conexão crescente com os estudantes. As perguntas e os debates começaram a fluir, e percebi que, apesar da ansiedade inicial, estava exatamente onde queria estar.

Ao encerrar a aula, fui abordada por vários alunos que se mostravam ansiosos por começar a ler os livros que tinha proposto. Este era o começo de uma nova etapa na minha vida, e eu sentia-me estasiada.

Na hora de almoço, decidi procurar o meu gabinete. Ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer o espaço que seria o meu refúgio durante o tempo livre entre as aulas. Consultei o mapa do campus, tentando decifrar os corredores e as salas, até finalmente encontrar o local indicado.

Ao chegar à porta, respirei fundo e girei a maçaneta. A última coisa que esperava era encontrar alguém lá dentro. Para minha surpresa, um homem de pele morena, vestido de forma elegante, estava enconcado à janela, imerso na leitura de um livro que não consegui perceber qual era.

Ele levantou os olhos quando entrei, e por um momento, senti-me paralisada pela intensidade do seu olhar. Parecia ter uns dez anos a mais do que eu, e sua presença irradiava confiança.

- Oh, desculpe. Acho que este é o meu gabinete. - gaguejei, ainda processando a surpresa.

Ele sorriu e assentiu com a cabeça.

- Sou o Professor Daniel Scott. - estendeu-me a sua mão para que eu a apertasse - Este espaço é compartilhado. - levantei as sobrancelhas, surpresa

Apesar de surpresa, senti-me aliviada por ter um colega. No entanto, não pude deixar de notar que ele era extraordinariamente atraente. Os seus olhos expressivos acompanhavam cada movimento, e a sua postura elegante acrescentava um charme intrigante.

- O prazer é meu, Professor Scott. Sou a Professora Anna Carter. - respondi, tentando manter a compostura diante da sua presença magnética.

Ele sorriu novamente, e por um momento, a sala pareceu carregada com uma energia peculiar.

- Bem-vinda ao nosso playground literário, Professora Carter. Espero que as palavras que partilhamos aqui sejam tão cativantes quanto a sua chegada. - ele inclinou a cabeça ligeiramente, com os seus olhos escuros fixos nos meus.

Ele estava a flertar comigo de uma forma perigosa. Perigosa demais para quem tinha queda por homens mais velhos.

O Professor Daniel Scott conduziu-me até à minha secretária, um espaço modesto, mas acolhedor. Enquanto me mostrava os detalhes práticos do escritório, a conversa fluiu de maneira descontraída. Ele revelou-se um amigável, cheio de charme e claro, cheio de conhecimento.

A forma como os seus olhos se iluminavam quando falava de literatura, misturada com uma pitada de charme, não passou despercebida e não podia ignorar a pequena centelha de admiração.

Talvez fosse estranho admitir, mas já começava a sentir uma micro crush pelo meu colega de gabinete. 

TouchWhere stories live. Discover now