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Carter

Após o encontro intenso com o Leonardo, fui tomada por todo o tipo de emoções conflituosas. A confusão sentia-se no ar que eu respirava, e os meus pensamentos oscilavam entre a raiva, a preocupação e a frustração. Eu não tinha certeza do que o Leonardo esperava de mim, nem do que eu esperava de mim mesma.

Resolvi focar-me no trabalho e tentar esquecer tudo o que me fazia lembrar dele. A companhia do Daniel era um alívio constante, e distraía-me durante o dia. Porém, as noites continuavam a ser o meu pesadelo. O silêncio era perturbador, e eu deparava-me com as questões sem resposta. Eu sentia-me na ponta da falésia, sempre a um passo de cair. A sensação de estar à beira de um abismo emocional era avassaladora. Cada respiração parecia carregada com um peso de incerteza que cercava os sentimentos confusos. A raiva, a preocupação e a frustração dançavam dentro de mim e deixavam-me tonta e exausta.

Naquele fim de semana, decidi fazer algo diferente. Em vez de me isolar na mansão, aceitei o convite do Daniel para jantar novamente. A cidade brilhava como um manto de luzes sob o céu estrelado enquanto íamos para um restaurante no centro. O Daniel, como sempre, exalava um charme irresistível que parecia afastar temporariamente, todas as nuvens da minha mente e trazer-me a paz que eu precisava.

O jantar foi agradável, mas eu não conseguia manter-me focada. Eu queria me entregar ao momento com o Daniel, mas algo em mim gritava desesperadamente, como se uma parte de mim quisesse voltar no tempo e mudar o que aconteceu com o Leonardo. Porque eu me sentia tão culpada? Eu sabia que ele não dava notícias há dias e que a nossa última conversa foi horrível, mas ao mesmo tempo eu não conseguia deixar de me preocupar com ele.

Ao voltarmos para a mansão, a noite estava silenciosa. Agradeci ao Daniel com sinceridade pelos últimos dias e ele beijou-me outra vez. Era o terceiro beijo que ele me dava em uma semana e eu não sabia o que sentir. Mas não queria pensar muito sobre isso, já tinha problemas demais para resolver. Quando ele se foi embora, a solidão voltou para me assombrar. Não conseguia escapar das dúvidas sobre o que estava a acontecer comigo e a cada dia que passava, custava-me mais a adormecer.

Na manhã seguinte, acordei extremamente cansada, como já era habitual. Encarei-me no espelho, ajustei a postura e desci as escadas confiante de que um café ia-me ajudar a despertar. Contudo, ao chegar à sala de estar, fui surpreendida com uma notícia, que me ia manter acordada pelo resto da semana.

A minha mãe estava sentada no sofá, com um semblante sério no rosto. O Michael estava ao lado dela, e ambos olharam para mim com uma expressão que despertou uma sensação de desconforto.

- O que se passa? – perguntei, já a suspeitar de que não ia gostar da resposta, fosse ela qual fosse.

A minha mãe trocou um olhar sério com o Michael antes de finalmente começar a explicar - Recebemos uma ligação da polícia esta manhã. É sobre o Leonardo.

Os segundos que se seguiram pareceram uma eternidade, um silêncio pesado que prenunciava algo mais sombrio. O meu coração começou a bater mais depressa, e eu senti um arrepio percorrer-me a espinha.

- O que aconteceu?

O Michael pronunciou-se pela primeira vez, escolhendo cada palavra com cuidado - Houve um acidente e ele estava na mota...

O resto da frase desapareceu no zumbido que preenchia os meus ouvidos. Uma sensação de vertigem tomou conta de mim, enquanto eu processava as palavras do Michael. Um acidente de mota.

- Ele... ele está bem? – a minha voz falhou.

- O Leonardo está no hospital. Parece que o estado dele é grave.

TouchWhere stories live. Discover now