Capítulo Dez. - Acho que te odeio.

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Flashback:

Ainda me lembro do dia em que decidi odiar Nicolas Machado. Era algo que eu já imaginava que aconteceria, mas não esperava que fosse logo no início do relacionamento de Evelyn.

Nos primeiros meses do relacionamento dela os meus pais não a deixavam sair sozinha com Ítalo, e eu acabava sendo coagida a ir com eles.

" Você é a mais nova, mas tem mais juízo  do que a sua irmã. Tome conta dela! " Era o que os meus pais diziam.

Em uma das vezes em que acompanhei Evelyn nos seus "encontros", Ítalo resolveu convidar o seu queridíssimo irmão para nos fazer companhia.

Nicolas não trocava muitas palavras comigo, ele só respondia o básico. Eu já estava ficando irritada. Odeio situações desse tipo.

— Vou pegar outra cerveja, você quer Lise?

— Quero.

— Eu vou com você, amor.

Os pombinhos saíram da mesa, me deixando sozinha com o embuste.

Batuquei as unhas na mesa, evitando de olhar para o garoto sentado a minha frente. Se ele estava me ignorando, eu iria fazer o mesmo. Não seria uma idiota que fica mendigando a atenção de um playboyzinho.

— Você cursa moda? — Perguntou, me pegando de surpresa.

— Sim.

— Hum...

— E você, cursa o que?

— Administração.

Que previsível...

— Deve ser legal dividir o curso com o seu irmão.

— É sim.

O silêncio reinou novamente. Não sei se era timidez, mas estava me sentindo constrangida.

Olhei em volta, procurando por Evelyn e Ítalo, mas os dois haviam sumido.

— Não estou vendo a minha irmã. Eles sumiram.

— Devem estar se pegando por aí — deu de ombros.

Era só o que me faltava...

Não acredito que a minha irmã me deixou em uma situação dessas para dar uns beijos.

— A sua irmã tem sorte de Ítalo ter se interessado por ela.

— O que você quer dizer com isso?

— Vai ser ótimo pra carreira dela. Se eles realmente derem certo, ela vai ter algo bom para ajudar a administrar. Não vai precisar ficar se humilhando por empregos de meia tigela.

— Você tá dizendo que ela é uma interesseira, é isso? — arqueei a sombrancelha.

— Não. Apenas estava comentando sobre alguns fatos.

Ri sem humor.

Ele só pode estar brincando com a minha cara.

— A minha irmã jamais ficaria com Ítalo por conta de  uma vaguinha na empresa de vocês. Pode acreditar.

— Será mesmo...?

Esse cara só podia estar de brincadeira. Ele não devia estar falando sério, não mesmo.

— O que você disse?

— Sabe... muitas mulheres se aproximaram do meu irmão por interesse.

— A minha irmã não é uma delas, acredite.

— Espero que não, porque ela tem tudo pra ser.

— Aonde você quer chegar com isso?

— A sua família não tem muito dinheiro e...

— Uou, você está pegando pesado! É melhor se calar do que continuar dizendo o que não sabe.

Ele levantou as mãos em rendição.

— E só mais uma coisa, Ítalo que tem sorte de Evelyn ter reparado nele. Ela é uma menina linda, educada, e extremamente romântica. Com certeza o sortudo da história é ele!

— Tudo bem, vou me calar.

— Acho melhor mesmo, porque não vou admitir que falem mal da minha irmã ou da minha família!

— Me desculpe, acho que me enganei.

— E eu acho que te odeio.

Evelyn e Ítalo apareceram na mesa com as cervejas nas mãos. Eles demoraram, mas chegaram.

Depois de um tempo chamei a minha irmã no canto e a contei tudo o que havia acontecido. Ela nem se deu ao trabalho de se importar com o que ele tinha dito. Onde ela vive, no mundo da lua?

A obriguei a irmos embora mais cedo. Não aguentaria olhar mais pra cara de Nicolas sem cair na tentação de soca-lo.

Agora eu o odiava, isso era fato. Não gosto de pessoas que falam mal da minha família.

Me odeie, mas me ame.Where stories live. Discover now