Capítulo Vinte e dois - Só pode ser brincadeira.

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Eloise Menezes.

Coloquei uma roupa mais larga do que o habitual, a minha barriga ainda continua a mesma, mas prefiro não arriscar. Sei que Letícia não deu com a língua nos dentes, mas uma parte de mim acredita que eles podem descobrir essa gravidez a qualquer momento. Sei que não posso esconder pra sempre, mas não estou pronta para tornar isso algo público. Ainda é difícil acreditar que tem um embrião no meu útero. Não parece algo real, parece ser um delírio.

As pessoas me encaravam pelos corredores, era impossível não perceber os cochichos que acompanhavam aqueles olhares. Me senti péssima. Eu sabia que deviam estar comentando sobre o desmaio, mas é muito irritante perceber que estão fofocando sobre você, principalmente quando o assunto não é bom.

— Já está se sentindo melhor, Eloise? — A megera surgiu atrás de mim, na máquina de café.

— A minha pressão só estava baixa, não tenho do que melhorar.

— Tem certeza que não estava com medo?

— Medo do que, Brenda?

— Do que vai ser a sua vida quando perder pra mim. Sabe, não precisa se desesperar, acho que pode ser uma boa assistente!

Tive vontade de voar em seu pescoço e arrancar todo o seu mega hair com as mãos. Vadia.

— Não se garanta tanto assim, querida. — Tentei parecer tranquila enquanto bebericava um pouco do café. Fiz de tudo para manter a calma.

Caminhei o mais rápido que pude, antes que ela fizesse outro comentário e eu não conseguisse me controlar. Vaca.

Sentei-me em minha mesa, coloquei meus fones de ouvido, e tentei me inspirar para criar a minha nova coleção. A coleção que provavelmente manterá o meu emprego. A coleção da minha vida.

Não vem nada à minha cabeça. Não vem nada além da minha situação. É desesperador estar grávida. Não sei se nasci pra ser mãe. Como vou cuidar dessa criança?

— Senhorita Menezes, posso entrar? — A voz de Letícia foi alta o suficiente para que eu a ouvisse mesmo com os fones de ouvido.

— Claro.

Ela abriu a porta lentamente, entrando na sala. Tirei os fones, os colocando de volta na caixinha. Minha secretária sentou-se de frente a mim, e me encarou por alguns segundos antes de começar a falar:

— Como está se sentindo?

— Estou bem.

— Já digeriu a informação?

— Pra ser sincera, não. Nunca esperei que isso fosse acontecer comigo, por isso é meio difícil de aceitar.

— Imagino...

— Obrigada por me ajudar naquele dia, de verdade.

— Tenho certeza de que faria o mesmo por mim.

Apenas sorri em resposta. Eu realmente a ajudaria, ajudaria a qualquer um.

— Posso te perguntar algo meio invasivo...?

— Quer saber quem é o pai? — supus, e ela balançou a cabeça afirmativamente. — Tem que prometer guardar segredo, ao menos por enquanto.

— Vou guardar, não se preocupe.

— O pai é... — Uma barulheira surgiu no lado de fora, impedindo a conclusão de minha frase.

— O que está acontecendo?

— Não sei, vamos averiguar.

As pessoas estavam eufóricas; procurei com os olhos a razão de tudo isso. Não acreditei quando percebi o que era, ou melhor, quem era. Andei desenfreada, parando de frente da pessoa que me encarava com um sorriso no rosto.

Me odeie, mas me ame.Where stories live. Discover now