Capítulo Dezoito. - Grávida.

811 85 27
                                    

Evelyn manteve seus braços ao redor do meu corpo enquanto eu me derramava em lágrimas. Não consigo me acalmar. Em apenas um dia recebi duas notícias que podem mudar completamente a minha vida. É tudo tão chocante, parece que estou em um pesadelo. Não devo estar acordada, isso não pode ser real.

— Lise, me diz o que aconteceu, só assim vou poder te ajudar.

— Você não pode me ajudar, ninguém pode! — Falei entre lágrimas. Tenho certeza que o meu rosto já deve estar todo inchado.

— Vou deixar vocês sozinha, não quero atrapalhar este momento. — Letícia disse ao sair do quarto.

— Eu estraguei tudo, Evelyn.

— Como assim?

— Estou grávida — falei de uma vez, a pegando de surpresa. Minha irmã se afastou, passando as mãos pelo cabelo, assimilando aquela notícia.

— Quem é o pai? É aquele francês? Se for, te ajudo a cuidar dessa criança.

— Eu não fiquei com nenhum francês, Evelyn.

— Então, com quem você ficou?

— Tem uma coisa que você não sabe.

Ela me olhou espantada, com medo do que vinha a seguir.

— Fiquei com Nicolas algumas vezes, e no dia do seu casamento as coisas esquentaram e passamos da fase dos beijos.

Ela abriu a boca em espanto. Eu e Machado brigamos mais do que tudo, com certeza ninguém esperaria por isso. Às vezes nem eu acredito que já tivemos um caso, se é que posso chamar assim.

— O Nicolas é o pai do seu bebê? — Questionou incrédula. Balancei a cabeça afirmativamente, e ela pareceu ficar ainda mais chocada. — Vocês estão juntos?

— Não. O que aconteceu foi um deslize, foi um erro. Nós estávamos bêbados.

— Um erro que vai mudar a vida dos dois pra sempre! — Bradou. — Desculpa... Sei que não é fácil pra você, mas estou...— buscou a palavra em sua mente — chocada.

— Eu sei.

— Ele já sabe?

— Não, acabei de descobrir.

O médico veio me dar alta. Evelyn me levou até o seu carro, suspirando antes de dar partida no automóvel. Me perdi em pensamentos na maior parte do caminho até o me apartamento. Me perguntei o que faria agora. Me perguntei o que será de mim. Uma criança muda tudo, muda todos os meus planos.

— O que vai fazer agora? — Perguntou quando paramos em um sinal vermelho.

— Não sei.

— Vai contar a ele que está grávida, não vai?

— Talvez...

— Sem essa de "talvez" — fez aspas com as mãos —, Eloise. Você tem que contar!

— Ele vai dizer que fiz de propósito, e vai me chamar de interesseira!

— Nicolas não é tão perverso dessa maneira.

— Como tem tanta certeza?

— Porque eu conheço ele, bem mais do que você. Você acha que sabe tudo da vida dele, mas não sabe.

— Não sei o quê? — Ri sem humor. — Que ele é um riquinho exibido? Porque já sei muito bem disso.

— Não tenho o direito de te contar as coisas da vida dele, se ele quiser, ele te conta. Mas peço que não o julgue dessa forma. Tenho certeza que ele vai assumir essa criança.

— Isso soa tão estranho.

— Mas é a sua realidade, se acostume, agora vocês estão ligados por toda a eternidade.

— Se isso foi pra me acalmar, falhou miseravelmente nessa missão!

— Tem que dizer logo à ele.

— Vou dizer no meu tempo, tá?

— Não confio no seu tempo, é capaz de nunca dize-lo a verdade.

— Evelyn...

— Amanhã ele provavelmente vai estar em casa, vou te levar lá — cortou qualquer coisa que eu fosse dizer.

— O quê?

— Está na hora de eu começar a agir como a sua irmã mais velha. Não vou te deixar fugir disso!

Não falei nada, era impossível tirar alguma coisa da cabeça de Evelyn, Ítalo é a prova viva disso; nós sempre dizíamos pra ela desistir daquele relacionamento, mas ela insistiu até o final, e agora está casada com um cara que tem uma família deplorável. Mas quem sou eu para julgar alguém? Estou gerando uma nova geração da família Machado em meu ventre.


Me odeie, mas me ame.Where stories live. Discover now