Me odeie, mas me ame.

Capítulo Quinze. - O desfile.

Trabalhei incansáveis seis meses por esse dia, tenho certeza de que todo o processo vai valer a pena. Passei no camarim de cada modelo e as desejei boa sorte. Nem imagino o quanto essas mulheres devem ficar nervosas com centenas de olhares sobre si, elas realmente têm garra, e as admiro demais por isso.

— Você já conferiu todos os detalhes?

— Senhorita Menezes, tente se acalmar, tudo está caminhando tranquilamente!  — Letícia estava bastante otimista.

O garçom passou com uma bandeja cheia de taças de champanhe, a minha secretária pegou uma, mas tive que recusar, bebi demais em Paris e acho que isso deve ter afetado meu fígado, ando muito enjoada ultimamente.

— Acho que nunca vi a senhorita recusar uma taça de champanhe!

— Estou dando um tempo, o meu organismo está precisando.

— Vou dar uma olhada nos preparativos das filmagens.

— Obrigada, não sei o que seria de mim sem você!

Resolvi dar uma volta no local, para averiguar se estava tudo em ordem. Os convidados começaram a chegar e os cumprimentei usando toda a minha gentileza. Brenda tentava parecer gentil, mas era possível ver a sua arrogância à quilômetros de distancia.

— Preparada para as minhas peças de roupas humilharem as suas? — Ela mantinha um sorrisinho diabólico nos lábios.

— Isso não é uma competição, se não se lembra, nós trabalhamos juntas.

— Não por muito tempo. — Ela e o seu ego saíram rebolando dali.

O que Brenda quis dizer com isso?

Não vou permitir que  ela me afete, não mesmo. Hoje é um dia muito importante na minha carreira, e não vou a deixar estragar isso, ela não merece esse gostinho!

Quase todas as cadeiras já estavam ocupadas, o que era uma vitória, já que nem todos os investidores valorizam as marcas que não são tão conhecidas. Até alguns famosos estão aqui, o que vai ser ótimo para a divulgação da marca. Estava prestes a me virar, para ir me sentar, quando escutei uma voz um tanto conhecida.

— Não vai me cumprimentar, senhorita Menezes?

Não podia acreditar no que meus olhos estavam vendo, o que Nicolas Machado está fazendo aqui?

— Nicolas?

— Estamos em ambiente de trabalho, aqui você deve me chamar de senhor Machado. — Tocou em uma mecha de cabelo minha, enquanto usava o seu tom mais provocativo.

— Não me lembro de ver o seu nome na lista de convidados.

— Como não? A empresa da minha família tem uma grande importância em toda a indústria brasileira, obviamente iriam nos convidar. Como estava com um tempo livre, resolvi dar uma olhada. Estou pensando em investir na moda, sabia?

— Deixe-me adivinhar, está interessado em alguém da empresa em que trabalho?

— Adora me julgar, não é? — Balançou a cabeça. — Sou um homem de negócios, querida, devia saber disso.

— já que é assim, aproveite o desfile! — me virei para ir embora, mas o pilantra segurou em meu braço. — O que foi? — falei já sem paciência.

— Não vai me mostrar onde devo me sentar?

— Se realmente foi convidado como diz, o seu lugar está reservado, não será difícil de encontrar.

— Não poderia ajudar a um amigo?

— Agora é meu amigo? Porque a segundos atrás o senhor disse que deveríamos ser profissionais.