Capítulo Vinte e um. - Vou ser pai.

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Nicolas Machado.

Ítalo puxou o banco ao meu lado e se sentou. Sai possesso da casa de Eloise e não tive outra escolha além de vir me acalmar em um bar. Bebi algumas doses e liguei para o meu irmão, pedindo para que ele viesse até mim, alegando que precisava desabafar.

— No que se meteu agora, Nic? — Tirou o copo de whisky da minha mão, o colando em cima da mesa. — Sabe que tem que estar amanhã cedo na empresa, não é?

Revirei os olhos, pegando novamente o copo, o levando até os lábios de novo.

— Não sei se Evelyn te contou o último acontecimento da vida de Eloise...

— Ela não me conta os segredos da irmã, mas acho bonita a lealdade das duas.

— Eloise está grávida, e o filho é meu.

Os olhos de Ítalo pareceram dois limões de tão arregalados.

— O quê? — Praticamente berrou, chamando a atenção de todas as pessoas presentes no estabelecimento. — Está zombando com a minha cara, não está?

— Não, não estou. E vê se fala mais baixo!

— Céus! — Se levantou da cadeira, tentando controlar a sua respiração. — Como isso aconteceu?

— Não teve nenhuma aula de anatomia sobre a reprodução humana?!

— Isso é serio, Nicolas!

— Eu sei.

— Por que não se preveniram?

— Porque não imaginei que acabaria ficando com alguém no dia do seu casamento.

— Foi no dia do meu casamento?

— É, foi.

— Sabe o que os nossos pais vão achar disso?!

— Sei muito bem, por isso estou desesperado.

— O que vai fazer?

— Você acredita que ela negou meu pedido de casamento? — Falei extremamente chocado. Nunca entendi porquê era tão difícil chamar a atenção de Eloise. Enquanto diversas mulheres se jogavam aos meus pés, ela não estava nem aí pra mim. E em todas às vezes em que nos beijávamos, ela fugia, me descartando como lixo. Sempre fui um casinho pra ela, o que era estranho porque todas vinham atrás de mim no dia seguinte. 

— Era óbvio que ela não aceitaria um negócio desses.

— Por quê?

— Porque ela não é uma dessas garotas que se humilhariam pela a sua atenção. Ela tem uma personalidade forte.

— Parece conhece-la bem até demais.

— Está com ciúmes? — Havia ironia em seu tom de voz.

— É óbvio que não.

— Mas então... Como vai contar isso aos nossos pais?

— Não faço ideia, eles já não aprovariam o casamento, uma gravidez indesejada então... Acho que vão me deserdar.

— Calma, deve ter um jeito...

— Não posso abandonar essa criança, ela não tem culpa. E além disso, sempre me prometi que seria um pai melhor do que o nosso.

Aquele assunto era delicado demais para nós dois. Apesar de sempre termos bastante dinheiro, tivemos uma infância complicada. Fomos privados de brincadeiras e de qualquer coisa que crianças normais faziam. Fomos criados para sermos adultos extremamente prendados, e preparados para o mundo dos negócios. Tínhamos que ser os primeiros da turma; os Machados tinham quer ser os melhores em tudo. Construímos uma imagem invejável. E o que eles mais exigiam era que nunca fizéssemos nada para manchar o nome da família. Aquilo seria o cumulo pra eles.

— Vamos achar uma solução, Nic.

— Não sou tão corajoso quanto você, irmão.

— Mas vai ser, por essa criança.

— Eloise disse que poderia ser uma mãe solo, que eu não precisaria assumir por pena. — Senti meus olhos ficarem marejados. — Ela deve me achar um monstro, não é?

— Ela deve estar com os nervos à flor da pele, é tudo muito assustador pra ela também!

Virei o restinho da bebida de uma vez.

— Estou fodido, nossos pais vão me engolir vivo!

— Estou com você nessa, irmão. — Deu dois tapinhas na minha mão que estava sobre o balcão.

— Acha que vou ser um bom pai? — As lágrimas desceram de meus olhos, me fazendo chorar compulsivamente.

— Vem, vou te levar pra casa, você já tá bebão!

— E o meu carro?

— Vou mandar alguém vir buscar.

Joguei cinco notas de cem em cima do balcão, e meu irmão me levou até o seu carro.

Esse definitivamente foi o fim de semana mais louco da minha vida. Descobri que vou ser pai, e fui rejeitado por uma mulher que tanto me atrai. A minha vida está um caos.

Me odeie, mas me ame.Onde histórias criam vida. Descubra agora