Capítulo Trinta e dois. - Pensamentos perturbados.

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Nicolas Machado

Agradeci aos céus quando a reunião chegou ao fim. A minha semana foi repleta por compromissos desse tipo; já estou enjoado daquela sala de reuniões. Perguntei a minha secretária se ela tinha anotado os tópicos mais importantes, e ela respondeu que sim. Concluindo que o meu trabalho estava feito, voltei para a minha sala, jogando-me na poltrona.

Ser herdeiro tem o seu lado bom, mas o trabalho árduo deixa tudo bem cansativo. Quase esbravejei um palavrão quando ouvi batidas na porta. Não era possível que eu não teria um minuto de paz!

— Senhor Machado, a sua irmã está aqui.

— Deixe-a entrar.

Cátia e os seus cabelos dourados passaram pela porta. A feição de minha irmã estava diferente da de costume, o seu cenho estava franzido e sua boca formava uma linha torta. Ela cruzou os braços quando a minha secretária fechou a porta, nos deixando a sós.

— O que foi? Não vou liberar mais dinheiro para o seu setor, se for isso o que veio pedir.

— Não é nada disso!

— Então, o que é?

— Quando ia me contar que está se envolvendo com Eloise Menezes?!

— Como você...

— Ouvi uma conversa dos nossos pais. — Interrompeu o fim de minha frase. — Vocês estão noivos?

— É uma longa história, irmãzinha.

— Estou disposta a ouvir. — Sentou-se na poltrona a minha frente, cruzando as pernas e voltando a cruzar os braços.

Eu não podia envolver a minha irmã mais nova nos meus problemas, ela já tinha os dela, não precisava se preocupar com os meus.

— Nós nos conhecemos melhor em Paris, e acabamos nos apaixonando.

— Mas por que já estão noivos? Não acha que é muito cedo para isso?

— Então... você sabe o que casais fazem, não é?

Ela fechou a cara.

— Claro que sei, não sou mais uma adolescente boba!

— Bom, nós nos descuidamos e...

— Não me diga que...

— Eloise está grávida.

Achei que o queixo de Cátia fosse cair do rosto. Ela demorou alguns segundos com aquela careta, exatamente do jeito que eu havia presumido.

— Grávida?

— Grávida!

— Você vai ser pai? — O choque era extremamente presente na sua voz.

— Sim, eu vou ser pai. — Ainda era um pouco estranho dizer aquilo em voz alta.

— Eu vou ser tia?

— É, você vai, agora pare com essa frescurite!

— Desculpe, mas é extremamente chocante. Você, Nicolas Machado, será pai... Uou! — Fez um movimento circulatório com as mãos. — Sempre achei que Ítalo seria o primeiro a me dar sobrinhos!

— Todos achavam.

— Os nossos pais devem estar querendo te matar!

— Nem me fale...

— Mas faz sentindo ter sido a Eloise.

— Como assim? — Dessa vez era o meu cenho que estava franzido.

Me odeie, mas me ame.Onde histórias criam vida. Descubra agora