Capítulo Vinte e nove. - Noiva?

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Eloise Menezes

Estava sentada na cama, com um caderno em mãos, na tentativa de iniciar algum croqui, mas era em vão, a inspiração simplesmente não surgia. Tenho menos de dois meses para entregar uma coleção e não tenho nenhum esboço pronto. A Eloise de meses atrás estaria envergonhada.

Joguei o caderno de lado, completamente frustrada. Meus hormônios andam muito alterados, parece que sinto tudo em dobro. Nunca pensei que ficaria assim. Caminhei até o espelho, levantando o tecido da blusa, expondo a minha pequena barriga de dez semanas. Sim, estou contando o tempo. Ainda não me entreguei a aura da maternidade, ainda não aceitei completamente o fato de estar grávida. Nicolas tem sido melhor do que eu esperava, mas isso não me deixa calma, isso me atormenta. Só de pensar que terei que conviver com ele pelo resto da vida, meu coração fica desesperado. Sempre critiquei Machado, sempre falei que o odiaria para sempre, mas como posso continuar odiando o pai do meu bebê?

Meu bebê... que frase estranha.

Acho que estou pagando por todos os meus pecados.

Fui tirada de meus devaneios quando o celular começou a vibrar em cima da cama. O nome de Machado brilhava na tela do aparelho, o que me fez franzir o cenho em confusão. O que ele queria comigo no meio da noite? Pelo o que combinamos, ainda não estava no dia dele dormir aqui. Atendi a ligação com relutância.

— Alô?

— Eloise? — falou com a voz arrastada. — Sou eu, Nicolas.

— Eu sei.

— Você pode vir me buscar? O dono do bar está me expulsando.

— Como?

Ouvi alguns barulhos ao fundo, e logo a voz de outro homem surgiu no aparelho.

— A senhora é a noiva dele? Pedi para que ele ligasse para o irmão, mas o senhor Machado não quis o incomodar. O seu noivo bebeu demais; já quebrou cinco copos e quase entrou em uma confusão. A senhora pode vir buscá-lo?

— Desculpe, mas o senhor disse que ele é o meu noivo?

— Foi o que ele me disse.

Maldito Nicolas Machado!

— Venha logo, por favor, ele está muito bêbado.

Suspirei derrotada. O que mais faltava me acontecer?

— Me passe o endereço daí, por favor.

O homem me deu as coordenadas, desligando a ligação. Peguei a primeira roupa que vi pela frente, a jogando de qualquer jeito no corpo. Chamei um carro por aplicativo e desci para o hall do prédio. Me perguntei o que devia ter acontecido com Nicolas, pelo o que eu saiba, ele nunca foi um descontrolado.

O carro não demorou a chegar, e por conta do horário, o trânsito estava tranquilo, e logo eu já me encontrava na frente do bar. Me espantei por não ser um extremamente chique, pensei que Nicolas só frequentasse lugares extremamente renomados. Respirei fundo antes de atravessar a porta. Rezei para que a santa paciência dominasse todo o meu corpo, já que Nicolas sempre suga toda a que tenho.

O loiro estava em pé, cambaleando, do lado de dois seguranças. Os dois homens pareciam estar irritados com a fala do playboyzinho, e quase disseram um "amém" quando Machado me reconheceu. O homem, que supus ser o dono do lugar, segurou no braço de Nicolas, o trazendo até mim.

— Eloise?

— Sou eu mesma.

— Ainda bem que chegou, esse homem está insuportável.

Me odeie, mas me ame.Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt