Capítulo Trinta e três. - Desabafos.

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Eloise Menezes

— Eu não acredito que você não me deixou pagar a minha parte da conta! — Rosnei irritada.

— Mas eu que te convidei! — Falou enquanto esperava o frentista trazer o seu carro.

— E eu vim porque quis!

— Não seja implicante, Eloise. Tenho dinheiro para um milhão de jantares desses, a sua parte não vai me fazer falta, acredite.

— Esnobe!

O frentista abriu a porta do veículo para que eu entrasse, e assim eu fiz. A chuva havia ficado bem mais forte desde a hora que chegamos nesse estabelecimeto, e as chuvas de São Paulo conseguem ser bem severas quando querem. Nicolas sentou-se no banco do motorista com uma cara leve e tranquila, enquanto a minha estava completamente emburrada.

— O seu humor anda bem variável.

— Só dirige, Nicolas, em silêncio! — Ordenei.

Talvez eu tivesse sido mais grossa do que deveria, mas a minha vida anda uma merda e os meus hormônios não cooperam para que ela melhore. E a visita que recebi ontem só piorou tudo. As palavras da senhora Machado não saíram da minha cabeça, e aquilo só aprofundava ainda mais os meus problemas. Um problema que cresce de mim, um problema que tem o sangue dos Machado's. Sangue daqueles que sempre critiquei, até parece ser uma piada.

A chuva estava tão grossa que não dava para ver a rua com clareza, e Nicolas parecia estar bastante irritado com aquilo.

— Não sei se vamos conseguir chegar na sua casa com um temporal desses!

— Por favor, não me diga uma coisa dessas, tudo o que mais quero é a minha cama!

— Bom, a culpa não é minha.

— O que vamos fazer?

— A minha casa é mais perto daqui e...

— Não!

— Qual é, Eloise, facilita!

— Eu nem trouxe roupa!

— Eu te empresto.

O olhei indignada, ele não podia me vencer nos argumentos!

— Nós já dormimos sobre o mesmo teto, não seria nada demais. 

— Tá, mas só vou aceitar porque estou morrendo de sono. — Me dei por vencida.

Ele riu, balançando a cabeça. Queria perguntar qual era a graça, mas eu não estava com cabeça para as suas piadinhas. Machado deu meia volta e pegou uma rota diferente. Encostei a cabeça na janela, observando as luzinhas embaçadas dos carros que estavam a nossa frente. Meus olhos ficaram pesados e acabaram se fechando. Eu não havia dormido na noite passada e tive um dia puxado no trabalho, sem contar no meu psicológico abalado. É... o meu corpo estava exausto.

Não sei por quando tempo cochilei, mas quando acordei já estávamos na garagem do luxuoso prédio de Nicolas. Ele abriu a porta e eu sai do carro. O segui até o elevador em silêncio. Estava deslocada e aquele território era dele, não restava mais nada a fazer do que segui-lo.

Eu só tinha entrado um vez no apartamento dele, e não me lembrava dos detalhes daquele lugar, muito menos da decoração. Nunca estive tão nervosa como naquele dia... não gosto nem de lembrar!

— Fica à vontade.

— Valeu...

— Quer beber alguma coisa?

Me odeie, mas me ame.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora