Banks.

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A chuva caía incessantemente, e os trovões eram constantes ecoando nos céu. Eu engoli em seco, tentando levar a bile de volta ao meu estômago.

Enquanto eu observava mansão dos Torrance diante de mim, minhas mãos tremiam. Eu sabia que não era apenas pela fria umidade, me invadindo e deixando o moletom de Will encharcado, mas, também, pela tensão que se estendia por todo o meu corpo.

Eu nunca havia me sentido tão pequena em um intervalo de tempo tão mínimo. Nem quando Martin me batia eu me via tão imponente e fraca.

Ver Will em sua casa... depois vê-lo na cadeia, encontrar Damon e saber que os dois já estavam em celas geladas, em prisão preventiva, até a maldita audiência...

Aquilo havia quebrado o meu corpo, se arrastado pelas minhas costelas e me sufocado com tanta força, que eu não sabia mais como respirar.

Eu não sabia como eu ia viver, nos próximos meses.

Mas eu sabia que alguém, ali, poderia estar tão perdida quanto eu, porra.

E eu não poderia falhar, essa noite.
Eu não queria falhar, porque eu não sabia quando eu teria uma nova chance de falar com ela.

A casa dos Torrance era protegida por um monte de guardas. Gabriel provavelmente chutaria a minha cara se eu aparecesse em busca de sua filha bastarda. E Damon podia ter me dado pouquíssimas instruções, mas eu sabia o suficiente para ter noção de que aquela menina vivia, praticamente, em prisão à domicílio.

Eu precisava aproveitar o caos que estava na cidade e os carros saindo e entrando da garagem, para conseguir me enfiar na mansão. Eu precisava fazer isso hoje, porque em alguns dias eu teria que pegar um voo de volta à Califórnia.

E, por Deus, eu fiz aquilo. Sorrateiramente, esperando os milésimos de segundo entre a saída do carro e a fechadura do portão, para avançar.

Imediatamente, o ar se tornou mais denso. Como se eu não fosse capaz de respirar. Como se essa casa fosse alguma merda sombria.

Como se aquele lugar se assemelhasse à minha própria casa. E eu não sabia como lidar com aquelas  sombras que pareciam se multiplicar na escuridão.

Meus olhos se fixavam na janela iluminada do que eu presumia ser o quarto de Banks. Damon havia apenas me dito que o dela era no topo da casa.

Adivinhar o caminho certo era como tentar decifrar um quebra-cabeça sem todas as peças. Mas, ok, eu sabia que havia alguma entrada pelo quarto de Damon e se eu andasse muito devagar, talvez, nenhum funcionário fosse me perceber.

Já eram quase onze da noite. Deviam estar todos dormindo, com exceção de Gabriel e seus homens que saíram de casa.

Mas, ainda assim, a cada batida da chuva, meu coração pulsava mais rápido. A promessa feita a Damon ecoava em minha mente, uma âncora que me impedia de recuar. E o medo de ela estar tão sozinha quanto eu também era um motivo.

Minha respiração falhava a cada passo que eu dava e eu jurei ouvir um cachorro latir, perto de onde eu estava, mas não consegui localizar.

Um por um, eu fazia movimentos em direção ao que eu achava ser o quarto de Damon -pelas caixas de cigarro na escrivaninha, os tênis de basquete e as roupas gigantescas no armário-.

Porém, antes que eu continuasse à procura dela, uma sombra na janela me fez parar.

E lá estava Banks.

Uma silhueta pequena, vestida com um casaco gigantesco, e alguns fios de cabelo longos e pretos caíam pelo seu ombro. Seus olhos eram verdes e tão vermelhos, que revelavam uma possível crise de choro.

NIGHT CHANGES | Will Grayson - DEVIL'S NIGHTWhere stories live. Discover now