- MADDEN MORI / 11 anos -

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—Mads! -eu escuto aquela voz travessa me chamar, e, de certa maneira, eu tento fazer com que meu corpo se funda à madeira da casa de árvore.

Ela vai subir. Eu sei que vai.

Esse costumava ser um dos meus lugares favoritos para me esconder, uma das obras do meu tio Damon que parecia sempre se alinhar às minhas necessidades, mas... desde que Indie a descobriu, toda a paz que a rodeava sumiu.

Meu peito sobe e desce. Eu fecho os meus olhos, com força, já imaginando todo o barulho que ela me obrigará a lidar com.

Tento lembrar do que meu pai disse, na última noite. Quando as coisas ficarem muito confusas, quando minha mente parecer acelerada, eu preciso respirar fundo. E contar até três.

Talvez, eu já esteja perto do 800, porque eu não aguentava recomeçar a partir do três, então apenas dei seguimento à contagem.

Vou contando mais devagar, enquanto suas pegadas se aproximam, e eu escuto o farfalhar de Indie subindo a árvore.

"Ela é uma criança, Kai. Eu não posso exigir que Indie pare de fazer barulho, ou não tente fazer amizades. Ela gosta de Mads." —Eu escutei tio William falar, na semana passada.

Ele e meu pai na bancada da cozinha, em uma das mansões exageradas dos Fane. -O que, permita-me dizer, era bastante cafona.

"Ela está invadindo o espaço pessoal dele. Mads fica incomodado."

"Por Deus. O que uma criança de 8 anos sabe sobre espaço pessoal? Para de viajar, cara."

Eu sabia tudo sobre o meu espaço pessoal, e eu sabia que todos os Grayson's adoravam quebrar as barreiras do meu, com seus excessos de contato físico e suas incapacidades de manter a boca fechada.

Tia Emory foi a única que passou a entender, com o tempo, que para ganhar o meu afeto, precisaria deixar que eu mesmo quisesse me aproximar. Acho que ela era um pouco assim, também.

E foi a única que me deu livros que não ofendiam a minha cognição, nos últimos meses. A única que entendia que eu não estava mais interessado em piratas, dragões ou semideuses.

Eu gostaria que ela conseguisse passar os seus aprendizados para a sua filha mais velha.

—Achei você! -Indie grita, com o seu sorriso maior que o rosto.

Seu cabelo já está desgrenhado, e não fazia nem uma hora que a menina chegara em minha casa. Jesus Cristo, ela era mesmo um desastre ambulante...

—E o que você quer? -pergunto, não me importando em soar ríspido.

Ela sorri, mais uma vez.

—Eu trouxe alguns brinquedos novos! -me responde, enquanto se senta, dobrando as pernas em formato de borboleta —Um, eu comprei, porque me lembrou de você...

Parando a minha contagem mental em 874, eu resolvo prestar atenção no que ela está segurando, em suas mãos. Então, vejo o boneco vestido de samurai asiático.

Eu suspiro. Ela mostra todos os movimentos que ele consegue fazer, quando clica em um botão, e, no fim, exclama que eu pareço com aquilo.

—Eu não sei lutar Kendô, Indie. É uma luta de espadas e meu avô diz que ainda sou muito novo, para isso. -explico, me referindo ao que ela estava me mostrando.

NIGHT CHANGES | Will Grayson - DEVIL'S NIGHTOnde as histórias ganham vida. Descobre agora