Capítulo 2

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Estive suando a camisa por quase um mês, ralando pra caramba para dar um trato nessa mansão e colocar ela no mercado pra alugar

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Estive suando a camisa por quase um mês, ralando pra caramba para dar um trato nessa mansão e colocar ela no mercado pra alugar. Ultimamente, essa tem sido minha tática para mandar a ex-pra longe da mente. Ciúmes, brigas sem fim, foram vinte anos dessa lenga-lenga que só me deixaram de cabelo em pé. Nos casamos quase que na marra, porque ficou grávida do Gabriel. A gente se curtia, mas acho que nunca rolou um amor de verdade, daqueles que varrem tudo pelo caminho.

Despejar minha energia nessa cabana e nas plantas era a melhor jogada pra botar os problemas pra escanteio. Nessas últimas semanas, o sangue aqui fervia por uma mulher. Um mês sem sexo para um homem viriu como eu?

Tortura.

Esfolava a minha carne todas as noites, tudo para diminuir a intensidade desse fogo que carrego em mim. Já subia pelas paredes com a minha esposa e sem ela, está sendo difícil demais.

Quando a Carolina me deu um toque, pedindo pra acelerar com os jardins, porque no fim de semana ela apareceria com a pirralha da enteada, tive que implorar ajuda ao meu filho Gabriel.

Agora lascou. Não ia dar conta de finalizar tudo que queria antes delas aparecerem. E deixar pela metade pra resolver depois, era coisa que eu detestava. Já que comecei, vou até o fim.

Liguei pra Carolina dizendo que não ia dar pra terminar o serviço a tempo. Na semana que vem, já tinha um casal com moleques reservando a casa e não podia atrasar de jeito nenhum. Por isso, chamei meu filho Gabriel e implorei pela ajuda dele. Esse guri puxou o lado festeiro do pai na adolescência, mas ao contrário de mim, que sempre fui trabalhador, o Gabriel só quer saber de farra. Enxerguei a oportunidade de tirar o moleque da cidade e dar um tempo nessa vida de festa e putaria.

A relação com meu moleque já tava meio baleada por causa da separação com a mãe dele. Não foi fácil pro guri, porque a gente nunca escancarou os problemas na frente dele. Ele nem sonhava com o tamanho do estrago quando sentamos e soltamos a bomba de que íamos nos separar.

E tenho certeza, a mãe dele está metendo o pau em mim para a família inteira.

— Demora muito, pai? — puxou o celular do bolso da bermuda. — Aqui nem tem sinal pra dar um toque nos mano, avisando que eu vou me atrasar.

— Você não vai atrasar, Gabriel, nem vai aparecer. Não vamos dar conta até domingo.

— Caraca, pai. Poderia ter me dito antes.

— Porra, Gabriel. Eu quando tinha a sua idade adorava isso aqui.

— Para, velho. Nem internet tem nesse mato.

— Olha, Gabriel, esse canto aqui é uma pérola escondida. A natureza tem um charme próprio, uma paz que muitas vezes esquecemos na correria do dia a dia.

— Pai, sério? — começou a rir. — Parece um deserto aqui. Não tem uma balada, não tem um agito. Que lugar é esse?

— Filho, nem tudo é só farra e tumulto. Aqui, você pode se conectar com a beleza serena da floresta e aprender com as suas lições mais suaves.

— Beleza serena? — debochou. — Prefiro a beleza agitada, tipo as festas que eu curto.

— Acredita em mim, tem mais aqui do que parece. A natureza tem um jeito único de nos surpreender…

— Chega, pai. — me cortou e começou a cavar a terra. — Nem parece você falando desse jeito. Pensei que o seu forte fosse mulher, não o mato.

Larguei a pá no chão e me ergui. Esse comentário é a evidência viva do que o moleque pensa de mim. E mais, é a confirmação de que a mãe dele está falando mal por aí.

Abri a boca, pronto para uma possível discussão, porque não ia deixar esse comentário passar batido. Queria entender o que o meu próprio filho estava pensando sobre mim. Mas o som de um carro se aproximando lá longe chamou nossa atenção.

— Sua tia Carolina e a enteada. — disse ao avistar o carro se aproximando.

— Espera, enteada? Que enteada?

— A filha do Antônio, marido da sua tia, Gabriel.

— Que merda, pai! Olha o meu estado, cheio de terra. — começou a correr para dentro. — Preciso tomar um banho voando.

— Limpa a porra dos pés antes de entrar, moleque!

Suspirei inalando aquele cheiro de mato e buscando paciência que, com toda certeza, eu ia perder nesse final de semana.

Já estava difícil nós dois, com mais duas mulheres então.

Entrei para tomar uma água e lavar as mãos. Estava suado pra porra, mas tomar banho pra receber a minha irmã e a garotinha, era fora de questão. Ainda eram 15:00h da tarde e tinha trabalho demais para fazer.

Ouvi o carro estacionar, a porta abrir e fechar. Andei até a varanda e antes mesmo de passar pela porta, eu parei.

Já fiquei excitado.

A ruivinha estava de costas para mim arrastando com dificuldade o exagero da mala com rodinhas. A saia curta quase mostra a voltinha da bunda. Pernas lindas demais.

Não é possível que essa seja a mesma pirralha de 15 anos?

Gostosa.

Passei pela porta, já que as duas estavam penando para arrastar as malas.

— As moças precisam de ajuda? — encarei o corpo da menina. Já sabia que isso podia acontecer, meu sangue esquentava feito fogo, e eu sabia no que dava quando ficava assim, subindo pelas paredes. Só não imaginava que a pirralha usaria roupas tão ousadas, para não dizer “safadas”.

Carolina correu  em minha direção para um abraço forte, o meu receio é que ela sentisse o volume grosso por debaixo do meu macacão. Tudo só piorou quando a menina se virou para me olhar, apontando aqueles peitos grandes para mim. Encarei seu corpo descaradamente enquanto apertava a Carolina. A mocinha safada com cara de boneca sabia da intenção dos meus olhos e pareceu nem se importar.

Olha essa merda toda.

Eu, um homem desquitado com um filho ainda mais velho que ela, sentindo tesão pela enteada da minha irmã.



TITIO  - O CONTOWhere stories live. Discover now