A minha madrasta insistiu para que eu passasse um final de semana na tal casa na floresta. Eu e ela nunca nos demos bem, então imaginei que era mais uma tentativa de nos reconciliarmos. A surpresa foi descobrir que o "Tio Leo", irmão mais velho dela...
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Entrei no carro tentando segurar as lágrimas para a Carolina não notar, mas acho que ela acabou escutando algo. Esse sábado só não foi um completo pesadelo porque curti demais decorar aquelas cercas com as flores. E, sinceramente, desejo muito que o Leonardo apareça nesse acampamento. Já que passou o dia inteiro me ignorando.
Enquanto estávamos na cidade, bati um papo com meu pai e minha mãe. Meu pai ficou todo animado por eu estar curtindo esse passeio. Minha mãe, só sabia falar mal da Carolina. Eu até concordava, mas as coisas saíram do controle quando pedi para ela parar. Carolina não parece ser uma mulher que roubaria um homem, mas quem vê cara não vê coração.
Nem imaginava que o Gabriel fosse forçar um beijo, e se estivéssemos sozinhos, com certeza iria tentar algo mais. Sou a única culpada por provocá-lo, mas confesso, fiquei feliz quando soube que ele voltou pra casa.
Enquanto a Carolina fazia compras no mercado, aproveitei para pegar alguns produtos. O bairro era bem pequeno, chão de terra, mas achei o que queria: um sex-shop.
Carolina entrou no carro, devorando um pedaço de bauru e jogou uma mochila gigante no banco traseiro. Eu já tinha abastecido a minha com alguns produtos e colocado no porta-malas, que por sinal, estava lotado. Tínhamos uma barraca bem maneira, grande o suficiente para nos abrigar de chuva, ventos e mosquitos, tinha também travesseiros, cobertor e saco de dormir.
O dia já tava indo embora, e passamos pela propriedade dos Reis, uma família enorme com crianças, filhos e netos. Era a casa mais próxima da mansão do Leonardo. O chão de terra também não ajudava, era estreito e dificultava muito pro carro ir mais rápido.
Carolina nem perguntou nada sobre a discussão com o Leonardo. E isso me deixou mais aliviada. Não queria que ela desconfiasse de nada, ainda não era hora.
— Onde vamos acampar?
— Beira do rio. Você vai adorar, Ju. Uma pena que Leonardo não quis vir.
— Ela sabe onde fica esse acampamento?
— Ele e a esposa passaram o réveillon de 2022 acampando com os Reis.
Já senti uma angústia.
— Ex-esposa. — corrigi, Carolina sorriu.
— Ex- esposa, é que foram tantos anos, acabo esquecendo que ele não é mais casado.
Coloquei um fone de ouvido; Carolina falou que chegaríamos em uns dez minutos. Não era longe da casa dos Reis. Seguíamos alguns carros, eram quatro no total, então imagino que esse acampamento ia bombar. Seria uma festa com muita música e comida. Eu tava animada, confiante de que o Leonardo iria aparecer. Mesmo com muita gente e sem a possibilidade de ficarmos próximos, só o fato dele estar lá já me satisfazia.
— É aqui? — perguntei, quando os carros começaram a passar por cima da estrada no meio de um rio. A água límpida e calma, cheia de peixes.
— Chegamos, uma pena que não trouxemos vara de pescar. Ah, tinha esquecido de te falar. Vamos voltar pra mansão só amanhã a tarde.
