Capítulo 17

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Depois de agir feito um idiota com a Juliana, expulsando ela do meu quarto, desci até a cozinha para pegar uma cerveja gelada

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Depois de agir feito um idiota com a Juliana, expulsando ela do meu quarto, desci até a cozinha para pegar uma cerveja gelada. Depois, fui para o subsolo e acendi umas lamparinas. Não ia conseguir dormir tão cedo com o sabor daqueles mamilos na minha boca. A lembrança da florzinha molhada nos meus dedos, o cheiro da pele macia.

Virei a garrafa na boca após sentar na poltrona de frente para um quadro de família empoeirado.

Eu, a minha ex-esposa Clarisse, Gabriel ainda novo, e os meus sogros.

Antes da separação, chegamos a um acordo: não venderíamos essa casa, mas os aluguéis seriam divididos igualmente entre mim e Clarisse. Por isso, tenho trabalhado dobrado por um mês para deixar esse lugar tinindo.

O cara sai falido depois do divórcio."

Expulsei Juliana do meu quarto por dois motivos: era o Gabriel atrás daquela porta e receio que ele tenha ouvido os gemidos da Juliana. O que me faz odiar a mim mesmo. O meu filho disse que estava gostando da garota, mesmo assim, eu perdi as estribeiras, a minha sanidade total, e quase possuí aquele corpo na cama onde eu e Clarisse transavamos todas as vezes que víamos pra esse lugar.

Que aliás, esse é o segundo motivo por eu ter agido como um merda com a menina. Foram muitos anos, a mesma mulher, o mesmo cheiro, os mesmos gemidos.

O mesmo gosto.

De repente, me vi com uma mulher completamente diferente do que estava acostumado. A Juliana é única e merecia mais do que aquilo. Tão nova, não sabe lidar com os sentimentos.

Levantei e coloquei o quadro em cima da mesa. Tirei a porta de trás e arranquei a foto, abri a lamparina e coloquei a foto dentro, queimando e engolindo a amargura de um casamento fracassado.

Depois de tomar a garrafa inteira, decidi procurar o Gabriel no quarto e entender o que ele estava fazendo atrás da porta e se, por acaso, ouviu os gemidos da garota.

Encontrei com ele no hall, usando uma sunga e com uma toalha de banho jogada sobre o ombro.

— Onde vai?

— Piscininha, Juliana tá lá. — Isso me incomodava demais. Meu filho e ela, juntos na piscina.

— Esteve de novo no meu quarto? — Já fui direto, sem rodeios, sem paciência e morto de ciúmes. Já passava da meia-noite e os dois ficariam juntos.

— Só aquela hora, veinho.

— Para de me chamar de velho, moleque.

— Fechou, paizão. Fui.

Ele saiu pela porta da varanda enquanto subi para o meu quarto. Quando cheguei, já escutei música de funk tocando lá embaixo. Deitei tentando não espiar os dois pela janela. Mas as letras da música, que eram bem obscenas, combinavam perfeitamente com a safada da Juliana, já imaginava eu reproduzindo a cena, mas com ela. Uma mistura de sensações estranhas no meu peito que não me deixava dormir.

— Que porra! — pulei da cama e cheguei na janela.

A lua cheia iluminava os dois na piscina, dentro da água. Gabriel, muito próximo da Juliana. Só os dois, sozinhos. O meu filho não vai deixar passar, conheço bem demais para saber que ele vai tentar uma investida na menina, e ela no cio, vai se entregar.

Apoiei as duas mãos na janela sentindo um suor formar nas minhas têmporas. Apertava tanto que veias se formavam no meu braço. Queria ouvir o que eles estão conversando, e parece ser muito interessante.

Engoli um amargo quando ele se aproximou da Juliana, prendendo o corpo dela na beirada da piscina, deixando a garota presa entre os braços. Quando achei que o beijo fosse acontecer, ela saiu, completamente nua.

— Juliana sua cadela.. — passei a mão pelo meu rosto, desejando que tudo aquilo fosse um pesadelo. Eu estava sendo corroído pelo ciúme.

Como desejo e quero essa menina.

Gabriel também saiu da água, nu. O desgraçado do meu filho nu. O que o Gabriel está fazendo pelado na frente da Juliana, porra?!

Segurei a vontade de ir até lá e tirar o garoto dali, misturado com a impotência. Estava sentindo meu peito arder.

Para desgraçar de vez com a minha noite, eles se beijaram.

Fechei a janela e acomodei-me na cama, mas aquilo era simplesmente demais para o meu gosto. Batia os pés no chão, inquieto. Juliana conseguiu despertar em mim algo incrivelmente inédito. Meu coração, que geralmente é imune a esses arroubos emocionais, decidiu bater mais forte por essa mulher. Nunca antes experimentei esse medo de perder algo que, teoricamente, nunca tive.

Um nó se formou na minha garganta, uma sensação peculiar que denunciava a intensidade do momento. Surpreendentemente, bastaram algumas horas ao lado dela para que eu chegasse à conclusão de que nunca antes senti por uma mulher o que estou experimentando agora com esse fascínio irresistível por Juliana.

Acredite, deve ter sido umas três horas no máximo que consegui pregar o olho. A batida do funk cessou assim que fechei a janela, no entanto, passei horas a fio com a mente mergulhada naquele maldito beijo dos dois. Decidi me levantar antes das seis, precisava começar o dia com mais eficiência, já que o dia anterior foi um festival de improdutividade. Preparei meu café matinal e coloquei uns pães de queijo no forno, afinal, é preciso manter algum padrão de sofisticação até mesmo nas manhãs caóticas.

Meu coração destroçado.

Parece que os dois decidiram embarcar nesse lance de namoro, ou como eles costumam dizer, estão "se conhecendo melhor".

Já tentava manter a calma e entender ao vê-los juntos, aos beijos pela casa. Deu seis e meia fui até o quarto do Gabriel, chamar o meu menino pro café da manhã e já começar com os trabalhos.

Bati na porta e chamei por ele. Gabriel sempre foi ruim para acordar cedo, então forcei a maçaneta e a porta abriu.

Lençol amassado, mas o quarto completamente vazio.

— Gabriel? — chamei por ele. Abri o guarda-roupas e me assustei.

Ele foi embora.

Desci correndo até a garagem, onde deixamos as nossas motos estacionadas. Só estava a minha, e isso confirmou a minha certeza.




TITIO  - O CONTOWhere stories live. Discover now