3° lei de Newton: você olha para mim e eu te beijo

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Scorpius pov:

Os corredores de Hogwarts passavam por mim como um borrão, as grossas paredes detalhadas de concreto e decoradas com quadros já não tinham um aspecto bonito para mim, eles me faziam querer vomitar.

As tapeçarias que cobriam o chão pareciam estar sendo puxadas para me fazer cair, virei-me olhando para trás tentando encontrar o fantasma que fazia isso, mas não havia ninguém.

Passei a mão pelo rosto, tentando me acalmar, mas nada adiantava. Corri até o único banheiro do piso o mais rápido que pude, senti minhas pernas falhando e meu corpo só queria cair no chão para descansar.

As janelas do local dificultavam a entrada da luz, mas aquele raio que conseguia entrar parecia invisível aos meus olhos.

Abaixei-me na pia e encharquei meu rosto com água para ver se a sensação de tontura passava. Não passou.

Os meninos que estavam no banheiro me olhavam torto e com desdém. Ninguém tentara me ajudar.

Entrei em uma cabine e sentei no chão para aliviar a tensão dos meus músculos.

Não havia percebido, mas meu coração estava acelerado, estava com a sensação de que alguém acabara de me dar um grande susto.

Abri os primeiros botões da camisa para ver se o aperto no peito e os calafrios que sentia passavam.

Pensei em Albus. Seria um grande milagre se ele aparecesse aqui, mesmo estando esquisito comigo.

Tentei respirar fundo.

Não conseguia.

Pensei em Rose. Ela estava sendo uma fofa, estávamos nos divertindo muito juntos. Isso me tirou um leve sorriso, que foi embora quando me lembrei que estava deixando Albus de lado. A culpa me matava por dentro.

Seguirei na porta e tentei sentir o material que a compunha. Madeira. Passei os dedos levemente pelas frestas e foquei em como elas fazem cosquinhas. Minha mãe teria feito algum comentário sobre isso. Ela sempre me incentivou a criar um fundamento através dos detalhes, sem que prestasse atenção apenas no superficial, mas somente nos detalhes.

Meu coração se acalmava novamente, liberando espaço para que meu pulmão voltasse a funcionar. A lembrança que estava em minha mente, a que minha mãe olhava para mim com seus lindos olhos castanhos e mostrava seu sorriso acolhedor, incentivando que estava tudo bem mesmo com o corte fundo feito em meu joelho depois que caí das escadas que levavam ao jardim, passava pela minha mente como um desejo, não como uma memória. Astória podia estar aqui, agora, senão fosse por mim.

Limpei o líquido que escorria em minha bochecha que aparentava ser água e voltei para os corredores ainda tondo. Não podia perder o exame de Defesa Contra Artes das Trevas, principalmente quando os outros alunos pensavam que eu praticava artes das trevas.

Meus olhos correram pela sala de aula, minha professora estava sentada em sua mesa enquanto esperava os outros realizarem o exame.

-Está atrasado, Malfoy - ela disse em um tom sério, nunca havia visto minha professora assim.

-Desculpe - não me expliquei, achei que não havia razão para tal.

-Sente-se ao lado da senhorita Patil - meus olhos seguiram para a menina indiana que não evitou me olhar com um pouco de receio. Tentei sorrir para ela, mas parecia mais com um derrame do que com um sorriso.

As folhas da prova estavam viradas para mim, como um monstro embaixo da cama tentando puxar meus pés. Eu tinha certeza que não conseguiria passar nessa prova, era isso que os outros esperavam de mim. Como eu saberia me defender de algo que eu praticava?

Beautiful Boy (Scorbus)Onde histórias criam vida. Descubra agora