PAIXÃO POSSESSIVA II (CONCLUÍDA)

🍁CAPÍTULO 02🍁

🔸️Christopher Andreozzi

Acordar para mais um dia nessa terra parecia mais um pesadelo que nunca tem fim, olho para o teto do meu quarto e sobe uma angústia em meu coração que me faz gemer de dor e tristeza. Fico alguns segundos sentado na cama e depois me ponho a ir ao banheiro lavar meu rosto, vejo o quão acabado eu estou, olhos sem vida, corpo feio, cabelos sem vida e olheiras grandes.

Depois do banho eu desço as escadas e chego ao refeitório do hotel fazendo onde estou. É uma história longa, bem longa... depois que armaram para mim e o Max eu perdi quem eu mais amava na vida, meu Louis. Seu coração estava ferido e ele me abandonou, na noite eu apenas me lembro de tomar um bebida e acordar na cama junto com aquela mulher a quem a vida já levou para longe.

Depois de ele ir embora de Londres eu andei os sete cantos da terra atrás dele, junto de mim Max sofrendo mais que tudo. Depois que vimos que o seu paradeiro era impossível de achar voltamos para Londres, eu tentei levar a vida enquanto contratava investigadores, montei um clínica médica e fez sucesso. Porém Max não, ele se afundou, se afundou na porcaria da bebida, não vi mais saída para a vida.

Depois de alguns meses foi minha vez de ter uma recaída com as drogas e quão grande foi minha derrota, a ponto de eu ter que ser internado a força pelos meus pais em uma clínica de reabilitação. E cá estou eu, numa ilha isolada, em um hotel fazenda isolado de tudo e todos me recuperando da destruição que me alcançou. Nem preciso dizer que tentei fugir daqui várias vezes, mas como quem administra é o exército britânico ficava difícil fugir.

Até que eu me entreguei ao processo de recuperação, comecei a ler mais e mais, dentre eles o livro com quem eu sempre via com meus querido Louis, a Bíblia. Me dediquei aos exercícios, suar me fazia bem como a água que bebo, estudar medicina e como poderia ajudar as pessoas mais carentes me fez ter esperança de vida novamente, por isso eu disse a minha irmã que cuidasse disso por mim, ela se formou como médica, minha Kauana era quem dirigia meu hospital e eu tinha orgulho dela.

Enquanto eu me recuperava da minha recaída eu escrevia em um diário como se falasse ao meu Louis e Max, na esperança de um dia poder vê-los de novo, enquanto eu choro ao escrever embaixo de uma árvore nos jardins do hotel vejo se aproximar de mim um dos meus grandes amigos que fiz aqui, um reverendo.

Escrevendo? Ele me perguntou se sentando na cadeira.

Sim, ainda tenho esperanças. Falei triste.

Ela é a última que morre quando temos a Jesus meu amigo, quando sair daqui eu tenho certeza que vai tê-los de novo. Me falou o Caio.

Eu oro todos os dias para que sim, eu mudei muito Caio, a ponto de dar tudo que eu tinha aos pobres. Falei me recordando, havia dado tudo e ficado apenas com minha casa e a clínica.

Sim meu amigo, eu sei disso e Jesus sabe muito disso, ele lhe vê. Falou meu amigo.

Eu nunca entendi como ele pode nos amar tanto assim... falei divagando na minha mente.

Bem, antes de existir tudo o que podemos ver ele morreu para criar esse mundo, como diz lá em Hebreus. Mas aí com a nossa liberdade de ser quem quisermos a gente de perdeu na vida meu amigo, por isso que vivemos tão atribulados e com medo, por que nos perdemos de um único propósito perfeito e absoluto. Ele disse olhando para os céus com recomendações.

Qual, qual é esse o propósito? Que o tempo não muda, que o dinheiro não compra, que a depressão não abala? Eu perguntei sedento.

Ser que nem Jesus, ser um bem aventurado como diz lá em Mateus 5, ser que nem Jesus, se quer uma resposta mais concreta o nosso propósito absoluto de vida é viver conforme Jesus, pelo amor. O amor que não se apropria do outro, o amor que aprende com o outro, o amor que se controla, o amor que faz ponte entre inimigos, o amor que tem misericórdia, esse amor que ele nos chamou a viver todos os dias da nossa vida. Ele falou com convicção.

Nossa, isso é profundo... então praticamente o que Jesus quer é que vivamos a nossa vida como ele viveu, em amor segundo ele? Falei tentando extrair as verdades.

Sim, quando jogamos a âncora da nossa existência no princípios do Evangelho nossa vida muda meu amigo. Eu mesmo aprendi que amar é mais inteligente que odiar. Ele disse se deitando no gramado.

Como? Eu perguntei.

Amar une, espera, trata, cura e faz pontes entre inimigos. Mas o ódio separa e destrói, o perdão é o único caminho que nos leva a construir algo na vida, por exemplo... sabe que foi enganado por sua prima e que perdeu seu marido! Ele falou.

Claro. Eu respondi.

Então, se você perdesse tempo odiando sua prima e todos seu ser ficará cheio de peso e não terá força para se regenerar e procurar reerguer sua vida para quando achar seu Louis. O perdão quando verdadeiramente liberado constrói, libertar e nos faz lúcidos. Caio disse me fazendo refletir que de fato era tudo isso que ele falava.

Tem razão... é por isso que devemos perdoar, por que o perdão nos liberta para ver a vida com novas oportunidades? Eu constatei.

Sim meu amigo, Jesus sabia que nossa saúde seria tão prejudicada por esse sentimento ruim de ódio, mas as coisas são mais profundas, imagine que você deve um bilhão de dólares a um velho e que ele cobre sua dívida. Caio disse.

Eu ficaria muito transtornado. Disse pensando bem.

Mas ele lhe perdoa a dívida. Caio falou.

Que inusitado. Eu falei impressionado.

Digamos que um dia você encontre com um antigo devedor que lhe deve 100 dólares e você o cobra, seria agir pelo amor cobrar a dívida de quem lhe deve tão pouco como é 100 dólares enquanto você foi perdoado por uma dívida de 1 bilhão, agir pelo amor corresponde com isso? Caio me perguntou.

Não, eu o perdoaria, por que alguém me perdoa antes. Falei entendo a conversa.

Assim é Deus conosco, nos perdoa de tudo e tudo que ele pede é que retribuamos com perdão ao próximo, por que isso nos faz bem e mostra o amor de Deus no mundo tão caído como esse nosso. Caio terminou me impressionando pela lógica divina, eu nunca parei para pensar por esse lado.

Me fale mais desse tal Deus meu amigo, acho que apenas ouvi falar dele, mas nunca o conheci de fato. Eu disse olhando mais atento para ele que sorriu.

Continua...