🍁CAPÍTULO 03🍁

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🔸️Max

Quanto tempo vai durar dessa vez? Perguntei a mulher a minha frente que me olhava com pena, eu odiava isso, odiava tanto.

Seu médico o deixou em observação, a sessão vai durar uma hora, depois deve dormir aqui para que seu quadro seja averiguado com toda a clareza possível.

Está bem, quando começar me avise. Eu disse e ela fez a aplicação no soro e me disse que duraria em torno de algumas horas, vi ela saindo e me deito na cama com meu celular em mãos.

Faz alguns meses que descobri um câncer, leucemia. Foi um baque tão forte que eu simplesmente me neguei a tratar, até que meu pai me internou em uma clínica especializada e tomou tudo que eu tinha, casa, carros, tudo, absolutamente tudo, por que no final das contas eu iria torrar tudo em alguns dias sob o pretexto de aproveitar a vida que ainda me restava.

Olho para a lua cheia e me sinto tão sozinho, tão abandonado, um ódio no meu coração cresce pelo que fizeram comigo, armaram para mim, me separaram de quem eu mais amei e agora eu sou um morto vivo andando com os dias contados. Quando meu pai descobriu a façanha de minha madrasta ele se separou imediatamente e veio cuidar de mim.

Algumas semanas depois de entrar na clínica e começar o tratamento eu entrei em depressão profunda, a dor de não ter os dois junto comigo, a revolta com o ômega por ter nem me deixado explicar nada, eu era vítima e ele simplesmente me julgou, eu não faria isso com ele, mesmo com traição eu não conseguiria deixar ele jamais, eu estava completamente apaixonado por aquele garoto.

Mas agora, olhar para o caco que me tornei me fez o odiar profundamente, eu perdi tudo, amigos, saúde, paz e liberdade, estava preso e sendo forçado a viver por nem sei mais o que. Me levantei da cama e me apoio na barra dr ferro para descer para a cadeira de rodas... perdi meus cabelos, perdi meus movimentos das pernas, perdi muito peso e meu semblante está horrível.

Quando chego no meu banheiro me encaro no espelho tentando ver o quão destruído eu estou. Meus olhos ardem de dor, minha vida estava destruída, todo dia não conseguir comer nem mesmo urinar me fazia morrer aos poucos, o médico me disse que em breve eu teria de colocar uma sonda para se alimentar e aquilo me matou mais ainda.

Passo o resto da noite inteira olhando a lua e pedi a quem quer que seja deus que ele me leve lego, pois nem mais me importo se vivo ou se não, pois tudo que me ligava a terra se perdeu como areia dor mar que molhada se esvai pelos dedos. Durmo a noite toda e nem dou por mim quando acordo e vejo que a enfermeira já me tirou todos os soros, olho para o lado e vejo o café da manhã que parece estar gostoso. Ouço a porta do quarto abrir e quando olho para ela vejo meu irmão, Andros.

Oi, irmão. Como está? Ele pergunta vindo me abraçar com carinho.

Mais perto da morte, se deus quiser. Eu disse frio.

Pare com isso! Ele disse irritado. Como sempre querendo me animar, mas eu não queria isso.

Diga o que quiser. Mas eu estou morrendo se não vê... Eu disse com raiva. Seus olhos azuis me fitavam com dor e amargura.

Não podemos perder você! Por favor. Disse com seus olhos cheios de lágrimas. Permaneço parado olhando para outro canto, mas eu não consigo vê-lo implorar para que eu viva e lute, ver meu pequeno lobinho me dando força me fez também chorar com ele.

Eu não aguento mais, tá difícil viver, eu quero, mas dói tanto. Eu disse chorando como uma criança. Ele me abraçando e nós dois chorando, eu teria que lutar, por eles.

Eu perdia a mamãe, não posso lhe perder, desculpa. Ele disse me agarrando como se fosse a última vez que nós nos falávamos.

Vocês são a única coisa que ainda me resta... Eu falei depois que nos acalmamos.

Não... Ele falou mais enfático.

Sim, nada me prende aqui. Disse tomando meu café com ovos mexidos.

Ainda há esperança. Não o ama ainda? Ele me disse e o fitei.

Eu o odeio!!! Nunca mais toque neste assunto. Eu lhe proibi. Gritei com ele que se assustou por eu usar minha voz de alfa.

É a única saída! Não vai me impedir de tentar. Falou Andros me lançando um envelope branco e o deixando sobre a cama.

Tenho que ir agora, vou tomar meu banho de sol. Eu disse.

Quebre seu orgulho, ou vai morrer sem amor, ainda o ama como antes, há esperança meu irmão e eu irei a trazer a você. Andros disse pegando sua mochila e saindo, não antes de me dar um beijo no rosto. Assim que ele saiu eu peguei o envelope e o abri imediatamente.

Dentro dele havia um pen-drive, estranhei muito aquilo, peguei meu notebook e pluguei o pen-drive, aqui a pasta e tinha alguns arquivos. Abri o primeiro que era uma matéria de jornal sobre grandes investimentos na área de biocombustíveis no país no Brasil, aquele país me fez lembrar do meu casamento, mas logo me peguei olhando o segundo arquivo.

Quando o abri era as filmagens de câmera de segurança de um supermercado, havia algumas pessoas andando no lugar, mas uma pessoa me chamou atenção. Um rapaz de cabelos negros como a noite que estava de costas para a câmera, ele segurava um vidro de doce de leite. Quando ele se virou eu quase caio ao ver quem era.

Louis... disse olhando para as filmagens que mostrava o menino em boa aparência, parecia bem, mais cheio, jovem e muito bonito, porém o seu semblante era de alguém cansado e bem devagarinho foi andando pelo corredor do supermercado, pagou pelo que comprou e o perdi de vista quando ele saiu do lugar, vê-lo de novo me deu um fôlego de vida que não tinha há meses.

Com essa história toda eu abro o terceiro arquivo que se mostra na forma de um uma imagem, era uma fazenda linda e nela aparecia um rapazinho segurando uma criança nos braços, eles brincando em um balanço, não era Louis. Ao fundo poderia se ver uma grande casa com uma chaminé a todo vapor, aquilo me deu uma pontada no coração, seria aquela criança meu filho?

Continua...

PAIXÃO POSSESSIVA II (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now