02_ Drake Grove

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ㅡ Você tá falando sério? Vai mesmo ao teatro da cidade assistir um espetáculo de ballet? ㅡ Frank me questionou após ficar em um estranho e inquieto silêncio durante todo o trajeto de volta.

ㅡ Não tenho nada melhor pra fazer. ㅡ Ajeitei a gravata no pescoço. Já tinha usado tanta roupa social para ir aos eventos importantes do meu pai que já tinha me acostumado ao desconforto da roupa feita sob medida.

ㅡ É... Você pode literalmente pegar um avião agora e ir para Las Vegas. Pode apostar a noite toda num cassino, pode passar o resto da noite com prostitutas e beber até esquecer o seu nome. Mas, você tem razão. Não tem nada melhor pra fazer. ㅡ Ele bateu a mão fingindo ignorar sua própria sugestão.

ㅡ Por que você não vai puxar o saco do meu pai? ㅡ Peguei pistola e coloquei no meu cinto, por baixo do smoking. Olhei para Frank e o vi arrumar algumas fileiras de droga sobre a mesa ao seu lado. ㅡ O que ta fazendo?

ㅡ Nem a pau que vou assistir um espetáculo de ballet clássico sem estar chapado. ㅡ Arqueei uma sobrancelha enquanto o via usar a droga.

ㅡ Você não vai comigo.

ㅡ Ah... ㅡ Soltou uma gargalhada. ㅡ Eu vou, sim. Ordens do seu papai.

ㅡ Eu não preciso de guarda costas.

ㅡ Ta, ta, eu sei que você é o grande Drake, o garoto que cresceu na máfia, que sabe usar uma arma desde os nove anos e que consegue acertar um tiro num alvo lá em Oklahoma, mas são ordens do seu pai e eu só obedeço. Nem o seu pai anda sozinho, sabe que ele está sempre acompanhado de pelo menos quatro. ㅡ Ele coçou o nariz já vermelho.

ㅡ Ele é um mafioso procurado e cheio de inimigos.

ㅡ E você o bom filho e a maior fraqueza dele. Sossega aí, Drake! Não vou estragar teu lance com a bailarina gatinha.

ㅡ Do que está falando? ㅡ Fingi demência.

ㅡ Ah, moleque. Eu tenho quase trinta anos, sei quando um cara está afim de dar uns pegas numa mina. Não vem tentar disfarçar, não. ㅡ Ele cheirou mais uma fileira e eu me sentei na beirada da cama. ㅡ Desembucha.

Encarei o chão por uns segundos sem saber o que dizer. Digo, sem saber se devia contar a verdade. Frank não é dos mais discretos e tudo que eu não quero é acabar envolvendo a pobre garota nessa vida que eu tenho.

ㅡ Não é nada, coisa da sua cabeça. Eu só vou porque quero fugir um pouco daqui e de tudo isso. ㅡ Voltei a me levantar. ㅡ Se vai comigo, vamos logo.

ㅡ Ta, perai... ㅡ Encarei de braços cruzados enquanto ele cheirava a última fileira e me olhava alucinado.

ㅡ É assim que você vai me proteger essa noite?

ㅡ Iii, moleque! Chapado eu sou melhor ainda, bora. ㅡ Ele se levantou e eu evitei pensar em como seria aquela noite.

Depois de poucas horas eu já estava no teatro. Entrei na fila para adquirir os ingressos que eram só uma formalidade, pois eram grátis naquela noite, porém, logo fui notado.

ㅡ Drake Grove! ㅡ O dono do teatro se aproximou com os braços abertos e um sorriso amarelo no rosto. Não respondi ao abraço, mas ele se contentou com o aperto de mão. ㅡ É uma honra recebê-lo em meu teatro essa noite, não precisa enfrentar fila, não, rapaz. ㅡ O homem começou a me direcionar para um corredor de pé direito alto, paredes com colunas desenhadas e quadros com fotos em preto e branco, mostrando a evolução do teatro.

Frank sorriu para mim. Um sorriso de: " viu, privilégios da família Grove ".

Estávamos passando por aquele corredor quando uma das portas se abriram. Não totalmente, uma garota apareceu e olhou para mim com um olhar curioso, logo depois ela puxou outra garota e isso quase me fez parar de andar.

Me ame, ChloeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora