08_ Bolinhos

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Drake saiu de novo. Eu não sei se ele tinha muitas coisas a resolver, se não queria ficar perto de mim ou se queria me deixar a vontade na casa, mas assim que chegamos do mercado, ele me ajudou a guardar as compras na cozinha e disse que precisava sair e que chegaria tarde.

Também disse para eu trancar a porta, pois ele tinha uma chave.

Eu estava jantando. Preparei a comida e me sentei a mesa para jantar. Tudo ainda parecia ser um sonho muito esquisito. Em menos de vinte e quatro horas a minha vida virou de cabeça para baixo e agora eu estava numa outra cidade, num outro estado, numa casa que até então nem sabia da existência e correndo perigo de vida.

Peguei o meu celular e abri o Instagram da companhia que estava organizando a competição que eu deveria ter participado hoje. Uma aluna de um teatro de Massachusetts ganhou o primeiro lugar e o dinheiro.

Havia mensagens da minha professora e de Mary. Mary perguntava onde eu estava e se estava bem, minha professora perguntava por que raios faltei a competição.

Quis responder a mensagem de Mary, mas fiquei com medo do tal do Hacker que Drake mencionou, então deixei pra lá.

Pensar no fato de que estou desaparecida a quase um dia e as únicas mensagens que recebi foram essas me deprime um pouco.

Parei de mexer no celular, terminei de jantar e deixei um prato feito no forno para caso Drake queira comer. Subi para o andar de cima e entrei num dos quartos. Eu não sabia qual seria o meu pelo tempo que estou aqui, os dois eram praticamente iguais. Camas feitas, guarda-roupas vazios, cômodas vazias, parecia mais um quarto de hotel. A única diferença era que um deles tinha uma cama de casal e o outro, uma de solteiro. O quarto da cama maior era uma suíte.

Sentei na cama do quarto onde tinha a cama de solteiro e encarei o corredor com a porta aberta.

O que eu iria fazer? Por quanto tempo ficaria ali? Como vou voltar para minha vidinha quando tudo isso acabar? Não vou ter emprego, meu senhorio vai ter me despejado, não vou ter nada...

Olhei em volta. Ali eu também não tinha nada. Como vou sobreviver sem roupas e produtos de higiene?

Puxei a minha bolsa e tirei de dentro dela um short de moletom e uma blusa, roupas essas que eu só coloquei na bolsa para caso precisasse trocar depois da competição. Sorte a minha.

Fui ao banheiro do corredor e tomei um banho. Usei a toalha que estava pendurada no gancho da parede, mas não senti muita vantagem naquele banho. Não tinha sabonete. Não lembrei disso no mercado. Praticamente nem foi banho.

Bufei encarando meu reflexo no espelho.

Eu estava me sentindo péssima. Minha roupa estava com cheiro de guardada, tomei banho sem sabonete, meu cabelo estava preso no mesmo coque desde cedo e eu não tinha shampoo para lavar e estava longe de tudo o que eu conheço.

Voltei para o quarto após apagar a luz do banheiro e voltei a me sentar na cama.

Ouvi um barulho no andar debaixo e me levantei em alerta. Me esgueirei até a porta e olhei o corredor. Drake apareceu no topo da escada e eu relaxei.

ㅡ Ta tudo bem? ㅡ Ele perguntou, provavelmente estranhando a minha cara de assustada.

ㅡ Sim. ㅡ Voltei para dentro do quarto e me sentei. Drake veio até a porta e se escorou no batente.

ㅡ Eu sinto muito por tudo isso. ㅡ Observei meus pés descalços e os cruzei, escondendo embaixo da cama. ㅡ Você pode fazer uma lista?

ㅡ Lista de que?

ㅡ De tudo que vai precisar no tempo que ficar aqui. Roupas, sapatos, produtos de higiene e... Coisas de mulher. ㅡ Ele passou a mão na nuca num ato sem jeito.

Me ame, ChloeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora