Estávamos de volta a Manitou Springs tão rápido quanto saímos. Entrar naquela casa novamente era como voltar para casa depois de um fim de semana de férias. Sabe a sensação de chegar em casa depois de se estar longe? Era essa a sensação que eu sentia, o que não era nada bom pois aquela casa não era minha casa e em breve eu precisaria ir embora de vez dali.
ㅡ Você tem aula hoje. ㅡ Drake comentou assim que tiramos nossos casacos. Geralmente ouvir que eu teria aula de ballet faria uma careta imensa aparecer no meu rosto, mas não foi isso que aconteceu. ㅡ Vai querer ir?
ㅡ Sim. ㅡ Eu sorri. A última aula que tive naquela cidade foi tão boa que descobri gostar de dançar de verdade. Eu não perderia a de hoje.
Sem contar que... Eu queria muito fazer amizades. Ter amigas, sair com elas, almoçar com elas, participar da roda da fofoca e me sentir incluída em algo. Mary foi a única amiga que tive na vida, mas nunca tínhamos tempo para nada.
ㅡ Tudo bem, eu vou tomar um banho e te espero aqui embaixo. ㅡ Ele pendurou o casaco.
ㅡ Quer ajuda? ㅡ Perguntei na inocência e em seguida apertei os olhos sentindo o constrangimento. ㅡ Com seus curativos. ㅡ Completei.
ㅡ Na verdade, sim. ㅡ Ele sorriu pra mim e subiu as escadas. Me escorei no sofá bufando em alívio. Mais uma vergonha dessas e eu não vou conseguir mais olhar na cara dele.
Assim como Drake, também fui tomar um banho e me arrumar. Fiz um coque, que fazia dias que eu não usava, o que era estranho para quem usava todo santo dia. Coloquei a meia calça, o collant preto de costas abertas, para ficar igual as outras meninas, um short e passei muito desodorante. Se tinha uma coisa que eu fazia em aula de ballet, era suar.
Depois de pronta, desci para o andar debaixo com a bolsa e um casaco bem quente pendurado nos braços. Drake já estava sentado na sala, assistindo ao jornal de NY.
ㅡ Por que você fica vendo o jornal de Nova York? ㅡ Me sentei ao seu lado e já puxei para mim a malinha de primeiros socorros. ㅡ Você vê quase todo dia.
ㅡ Preciso ficar atento ao noticiário de lá. Se alguém deportar o teu desaparecimento e a polícia começar a te procurar, tudo vai ficar mais difícil. ㅡ Drake se aconchegou no sofá e inclinou a cabeça para trás quando me aproximei para refazer o curativo de sua testa.
ㅡ Quando foi a última vez que você dormiu uma noite inteira sem se preocupar ou temer a nada? ㅡ Assim que toquei sua pele, seus olhos se fecharam. Agradeci por isso, se ele ficasse olhando pra mim como da última vez, eu acabaria beijando ele de novo.
ㅡ Quando criança, eu acho. ㅡ Suspirei com sua resposta.
ㅡ Eu sinto muito por isso. E sinto muito que eu seja mais uma preocupação pra você. ㅡ Seus olhos se abriram e eu prendi a respiração.
ㅡ Você não é uma preocupação. ㅡ Mordi o lábio inferior com a tensão que sentia quando seus olhos me encaravam daquele jeito. ㅡ É um alívio no meio de tudo isso. ㅡ Soltei o ar que segurei, disfarçadamente, e o fiz fechar os olhos com a minha mão.
ㅡ Não vou acabar se ficar me olhando assim.
ㅡ O que você quer fazer depois que isso tudo acabar? ㅡ Ele continuou com os olhos fechados e eu finalizei o curativo em sua sobrancelha, passando para o da sua cabeça.
ㅡ Eu não sei... ㅡ Estreitei os olhos.
Drake abriu os olhos e virou o rosto para mim, para que eu pudesse vê-lo. Seus olhos tinha um brilho diferente e aquilo me fez perder o ar.
ㅡ Iria pra uma ilha comigo? ㅡ Seu pedido me pegou de surpresa. ㅡ Sei que são poucas as chances de eu conseguir sair de tudo isso, mas... Se der certo, iria comigo? Pra longe? Uma ilha paradisíaca na Europa?
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Me ame, Chloe
RomanceEla estava no lugar errado e na hora errada. Como Chloe foi se meter no meio de um fogo cruzado entre mafiosos? Drake tinha duas opções: Deixar que ela morresse ou sequestra-la para protegê-la. E ele sabia bem o que fazer.