Capítulo Especial - Parte 2 (Ana Lee)

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                                                                                                               "Eu me perdi no meio da multidão

Eu tenho amado e eu tenho odiado

E, no fundo, você sabe bem

Que nos piores momentos

Você tem sido um anjo negro

Que mergulha-nos."

(La Tormenta de Arena - Dorian)




Eu podia sentir a grama abaixo de mim, uma música muito alta também. Levantei-me com muito esforço e bem tonta.

Não me lembrava de como havia chegado até ali, mais eu sentia que era para festa a qual eu estava indo, ou já estava nela. Eu não sabia dizer.

Não conseguia me lembrar de nada, apenas que havia trocado de roupa e que iria ligar para o taxi, só isso apenas, e não como havia chegado ali.

Caminhei cambaleante, segui o som, a música alta. Eu conhecia a melodia, a letra. Mas não me lembrava quem cantava e qual canção era.

Avistei muitas pessoas, todas reunidas frente a um palco, e uma banda que tocava.

Reconheci a Maíra, eu estava longe, mais dava pra ver que era ela quem cantava. A voz dela era muito bonita. Por um momento fiquei feliz, mas no mesmo instante uma dor muito forte na cabeça começou, como se minha cabeça fosse explodir. Uma voz:

"Água" – ouvi dentro da minha cabeça. "Água".

- QUEM É? – gritei, apesar do som alto, algumas pessoas se viraram para me olhar.

"Água. Morte"

- PARA! – a voz não ia embora, a dor de cabeça também não.

Eu tinha que me afastar dali, minha cabeça iria explodir. Algumas pessoas me reconheceram e apontaram e riram.

- Porque vocês não cuidam das suas vidas! – avancei para cima deles.

Bati na cara de uma menina, e a arranhei.

"Morte"

- Sua louca! – suas amigas gritaram pra mim.

Me afastei antes que a coisa ficasse pior. O que estava acontecendo comigo? Era como se eu não estivesse no controle de mim mesma.

"Água"

- O que você faz aqui? Aqui não é lugar pra você.

- Quem é você pra falar isso de mim seu canalha. – apontei o dedo para a cara dele. – E outra, eu não gravei aquilo vídeo sozinha Theo. – a vontade de chorar foi enorme.

- Isso é verdade. Não estou conversando com meu irmão por sua causa.

- Por minha causa? Você me enganou, eu confiei em você...

- É. Posso ser um canalha, mas você também não é nenhuma santa.

- Então é isso que você pensa sobre mim? Bom saber. – ele segurou no meu braço. – ME SOLTA! Não quero que você encoste em mim nunca mais.

"Água. Água. Água"

- Como se eu fosse querer.

- Quer saber Theo, vá à merda...!

Saí dali o mais rápido que consegui. Agora minha cabeça doía ainda mais.

Avistei a piscina. Era ali. O Local.

"Morte. Morte. Morte"

Meu corpo foi indo até lá, sem controle.

Na minha cabeça eu só consegui me ver naquelas águas, sem vida. Essa era uma boa ideia, eu não estava mais aguentando isso que estavam fazendo a mim. O que o Theo fez a mim.

"Água."

A voz não se calava. Era grave, intensa e sussurrada.

Era só mergulhar, vi o meu reflexo nas águas, águas tão claras que me permitiram um momento de lucidez. Eu não podia fazer isso, me matar, ainda não era o fim pra mim, e eu acreditava nisso.

Algo me empurrou, não havia ninguém ao me redor, isso estava claro. Mas algo, alguém, havia me empurrado.

Não era como se eu quisesse, mas prendi a respiração...


CINCO (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora