Capítulo 14

1.3K 134 4
                                    

Notei que alguns ficaram surpresos e até mesmo sem graças com a atitude da sra. Lee. Todos sabiam que a zoação com Ana estava grande e exagerada. Isso pode ter sido um fator primordial para que ela suicidasse, mas agora era tarde para a comoção de alguns.

O sr. Lee retirou sua esposa do palco e a sentou na cadeira, a mulher estava em prantos.

- Putz! A mulher pegou pesado hein... – Candy me cochichou.

- Mas também Candy, ninguém estava se importando com os sentimentos da menina, com certeza ela estava contando para a mãe as coisas que ela estava sofrendo.

- Desculpa então. – Candy consentiu. – Não falo mais nada.

Concordei com a cabeça.

- Que tragédia... – Pedro realmente estava triste com tudo que aconteceu.

- E acho que eu fui a ultima a conversar com ela. No começo ela foi até grossa comigo, mas depois me pareceu bem, até sorriu, eu nunca falaria que ela fosse se matar ou algo parecido.

- É. As coisas mudam muito rápido na vida gente.

- Verdade Pedro. – fiquei com os olhos marejados, Pedro encostou a mão no meu ombro e me puxou para um abraço. Eu estava necessitada de um abraço. O abracei e chorei molhando sua camisa.



Fizemos uma última despedida, passando perto do corpo e dizendo o nosso adeus. No velório havia muita gente. Reconheci muitos dos que estavam na festa. Vi o Felek, que cruzou o seu olhar com o meu, mas nem me cumprimentou nem nada, ele ainda devia estar sem graça ou com raiva de mim por não ter retribuído o beijo. Eu não queria pensar nisso agora não.

Segui Pedro até o estacionamento.

- A Ellen e a Aurea vão com a gente, vou voltar para chamar elas.

- Sim. Vou aguardar vocês no carro.

- Obrigado Pedro pela carona e por sempre estar por perto. – falei com sinceridade.

- De nada srta. May. – ele sorriu, eu também sorri, me virei e fui procurar as meninas.

Não caminhei muito e as avistei. Hoje não daria pra eu conhecer o campus direito, mas pelo pouco que vi, era tudo igualzinho ao que imaginava e tinha visto nas fotos.

- Vamos! – gesticulei para que me seguissem.

- Já vamos. – Ellen se despediu de alguns meninos que ela e Aurea conversavam e me seguiram.

O transito estava bem calmo, então chegamos rápido a pensão.

O cansaço desses dias me atingiu, senti meu corpo pesar e o sono também veio. Subi pro meu quarto, me joguei na cama, lembrei-me de ligar para minha mãe, não havia falado com ela nesse final de semana e nem com a Nessa.

Liguei para as duas. Com a minha mãe estava tudo bem, e contei a ela tudo que havia acontecido nesses dias, ela ficou horrorizada pelo acontecido. Me despedi e falei que estava com saudade e que a amava muito, ela disse o mesmo e desliguei.

- Alô Nessa.

- Oi! May, como você vai?

- Vou bem até, as coisas por aqui que ficaram bem tensas.

- Você está falando daquela menina que se matou? Saiu no jornal e tudo, não sabia que ela era da mesma faculdade que você.

- Foi isso mesmo que aconteceu. Ela era estudante da UNA, tão nova, fiquei muito triste Nessa.

- Imagino.

Continuamos nos falando, ela me falou um pouco dela, que havia encontrado um garoto e que estava bem afim dele. Perguntou-me se por aqui tinha algum gatinho.

- Então... – falei.

- Desembucha vai.

- O Felek me beijou.

- Quem é esse? Quero detalhes.

Contei da festa, que havia sido a mesma da tragédia. Que cantei uma música no palco e ao vivo, e que as meninas, Ellen, Aurea, Candy e Virginia, haviam me acompanhado e tocado os instrumentos, contei que foi super legal essa experiência, e ao fim da apresentação o beijo do Felek. Expliquei que não sentia nada por ele, ele era bem bonito e tals, mas as coisas pra mim não funcionavam assim.

Nessa concordou comigo. Falei do Pedro, que era um amigão que eu havia feito aqui, e que eu já tinha um apresso imenso por ele.

- Senti um cheiro de romance aí parece. – Nessa caçoou.

- Larga de ser boba, não tem nada a ver.

- Se você diz. Pena que não tô aí. Queria ver sua cara. Eu sei quando você está apaixonada.

- Sabe nada.

- Sei sim, você não se lembra daquele aluno novo roqueiro que entrou na nossa sala? – Nessa segurou o riso.

- Nem ouse me lembrar disso. – caímos não risada.

- Ele curtia o mesmo que você curte amiga, infelizmente.

- Engraçadinha. – bocejei – Até mais Nessa, beijão. Vou dormir um pouco, esses dias foram cansativos.

- Vai lá. Beijão. Saudades já.

- Saudades também. Té mais.

- Até.

Troquei de roupa, coloquei um shortinho leve e uma regata. Deitei na cama e tentei pegar no sono. Estava tão cansada que adormeci rapidamente.



Era estranho sempre quando eu sonhava, eu sentia que estava sonhando e o meu corpo demostrava isso enquanto se remexia na cama.

"Avistei um corredor, ele era bem longo, e pouco iluminado. Continuei caminhando para que eu pudesse ver ou encontrar o seu fim. Notei que havia alguém no fim do corredor, apressei o passo.

- Ana Lee?- falei surpresa. Ela olhava para abaixo e não me respondeu. Estava vestindo um vestido branco e maltrapilho.

Ela me olhou, seus olhos esbugalhados e totalmente brancos. Ela abriu a boca e dela jorrou água. Uma água suja e nojenta. A cascata se encerrou e me pareceu que ela iria dizer algo pelo som estranho que agora fazia.

- Um grande perigo se aproxima! – e em seguida ela gritou..."

Acordei afobada e angustiada, me sentei na cama. Levantei a cabeça e fixei o olhar:

- Cassandra?!...

CINCO (Livro 1)Where stories live. Discover now