Capítulo 56 (Ellen)

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ELLEN


Era incrível como segunda-feira era um dia chato.

E, além disso, meu ex havia me mandado uma mensagem no Facebook falando que estava com saudades. Fazia um tempo que eu não o via, desde o final das aulas, no ano passado. Eu não queria voltar com ele, ele era muito ciumento e eu não curtia isso.

As matérias desse segundo ano estavam bem difíceis, o povo acha que história é só estudar gente morta e sobre o passado.

A sala estava bem quieta e atenta à explicação do professor.

Eu estava atenta, mas minha mente toda hora pensava no que Cassandra havia contado e no que nos aguardava. E no festival também, não podíamos fazer feio.

- Você está entendendo alguma coisa Ellen? – Kelly me perguntou. A gente não conversava muito mais ela era legalzinha.

- Acho que não estou entendendo nada desde o começo do semestre. – rimos baixinho.

- Eu muito menos. – Kelly concordou e voltou à atenção a aula.

Felek e Apolo estavam sentados mais ao fundo da sala, eu os havia cumprimentado antes da aula começar.

Voltei minha atenção à aula. Esse professor falava muito lento, aff.

Do nada meu estomago começou a embrulhar. Tipo, realmente do nada, nem café hoje eu havia tomado.

Uma ânsia de vomito também me alcançou. Nossa como eu odiava quando isso acontecia.

No mesmo instante meu pulso direito começou a doer. Não como uma torção, mas parecido com uma ardência.

Olhei para os lados, me desesperei e senti como se todo mundo estivesse me olhando, mas era só impressão minha. Ninguém estava me olhando.

Soltei um gemido baixo de dor. Duas pessoas me olharam.

- Você está bem? – perguntaram.

- Estou sim. – respondi, mas estava suando frio.

- Ellen?! – Kelly perguntou.

- O que? – eu não estava conseguindo nem responder, eu tinha que sair daqui.

- Tudo bem? – ela insistiu.

- Estou bem, só vou ao banheiro. – me levantei rapidamente e saí da sala.

Do lado de fora corri até o banheiro.

Abri a porta de uma vez só. Aparentemente não havia ninguém.

Gritei alto de dor. Meu pulso estava doendo cada vez mais.

A ânsia voltou, corri até a privada e me joguei ajoelhando ao chão. Mas nada ocorreu, não vomitei.

Levantei-me. E fui saindo da divisória do banheiro e indo até a pia.

Um barulho alto eu ouvi. Olhei para trás.

A privada transbordava água. Notei não só essa. Mais todas começaram.

O chão foi se alagando. Eu fui me afastando até as pias tentando não molhar os pés.

As torneiras também se abriram e começaram a jorrar água. Um jato contínuo e forte.

Meu pulso doía. Meu olho foi embaçando, mas notei um desenho se formando em meu braço. Estava vermelho e parecia um vergão. Um triângulo com sua extremidade virada para baixo, e essa extremidade era em ondas.

Tentei caminhar mais escorreguei e fui parar no chão.

Minha roupa foi se encharcando. Eu já não conseguia enxergar mais nada direito, mas ainda conseguia ouvir o fluxo da água. Em meio minha visão embasada notei que alguma menina havia entrado no banheiro...

E apaguei.


CINCO (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora