2 - Preparação

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Eu não sabia o que era mais apavorante, o branco no rosto de tia Bea ou o vermelho que tomara conta do rosto de papai. Eu sabia que não seria fácil revelar para eles o que havia acontecido, seria um desastre quando todos soubessem que Thales estava vivo outra vez e que estava a solta por qualquer uma das Dimensões.

- Vamos encontrá-lo, papai. – garanti quando meu pai pegou um vaso e atirou contra a parede.

- Qual o problema de vocês? – ele gritou para todos dentro da sala. Eu, Clara, Damen, Guilherme e tia Bea.

- Foi uma coisa estúpida de se fazer, tio, mas Alie está acordada agora. – disse Clara tentando mostrar o lado bom da coisa.

Minha vontade foi de falar que eu preferi estar dormindo e se eu ainda estivesse na minha cama nada disso teria acontecido, mas, nesse momento, acalmar papai e evitar que tia Bea tivesse um desmaio era prioridade. Eu falaria todo o resto para eles quando estivéssemos atrás de Thales.

- Papai, foi uma estupidez, eu sei, quase surtei quando soube, mas vamos resolver isso. Já matei Thales uma vez, e vou matar outra. – assegurei me levantando da cadeira e indo até onde tia Bea estava encostada na parede atrás de papai. – Você se acalme, tia, vai dar tudo certo, sabemos nos cuidar.

- Eu sei, querida, mas Thales é mais perigoso do que qualquer coisa que vocês já tenham lidado. – disse dando um tapinha na minha mão.

- Eu sei, mas já cuidamos dele uma vez, vamos cuidar outra vez e desta vez ninguém vai sair morto, eu prometo. – dei um beijo no rosto dela e me dirigi a papai. – Preciso que você coloque todos os reis a nossa disposição. Quero garantir que caso encontremos Thales fora de Fantasiverden, vamos ter a maior ajuda possível.

- Farei isso. – concordou acenando com a cabeça. – Você não devia ir atrás dele.

- Eu vou. – falei decidida. – Eu sei como parar ele.

- Sabe? – perguntou Clara.

- Sei. – respondi evasiva e depois me dirigi para a porta. – Vamos ainda hoje atrás dele, é bom que vocês todos estejam prontos até o anoitecer.

Todos os três que estavam comigo quando acordei, concordaram com a cabeça e começaram a sair da sala atrás de mim. Eu não tinha uma ideia exata de como parar Thales, mas eu sabia que meu tempo apagada havia mudado alguma coisa na minha mente e isso tinha alguma coisa a ver com Thales, eu só não sabia de que forma.

Senti os dedos de Guilherme se enroscar no meu ombro quando eu estava chegando à porta do meu quarto e parei para olhá-lo. Ele tinha um sorriso de desculpa no rosto e não me contive e sorri de volta. Ele podia ter feito a maior burrada de todas trazendo Thales, mas eu entendia suas motivações e achava que se os papéis fosse inversos, eu teria feito o mesmo.

- Ainda com vontade de me matar? – perguntou se aproximando.

- Matar, não. Mas você merecia um soco nessa sua carinha linda. – falei abrindo a porta do quarto e indicando que ele entrasse. – Pena que eu não tenho toda essa coragem para machucar você.

- Acho que isso é bom, um soco seu pode ser fatal em determinadas situações. – brincou fazendo referência a força estranha que surgia do nada às vezes.

- Faz tanto tempo desde a última vez que vi essa força se manifestar que acho que ela desapareceu junto com boa parte da minha magia. – murmurei enquanto prendia meu cabelo para me livrar das minhas roupas ainda sujas de sangue.

- O que aconteceu com você, Alie? – perguntou sentando-se na cama e me observando andar pelo quarto.

- Não sei exatamente, mas tenho uma teoria. – respondi deixando a camisola branca escorregar para fora do meu corpo e vendo o sangue seco envolta do meu abdômen.

Coração Negro - livro 3 da serie Coração AzulWhere stories live. Discover now