11 - Encontrado

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Eu não sabia o que esperar do que Ka faria, porém, a minha parte estava feita. Eu tinha na palma da minha mão três tubos cheios do meu sangue. Eu não sabia quanto sangue seria necessário para fazer o feitiço, então, para prevenir, eu havia enchido três tubos de 500ml de sangue. Devia ser mais que o suficiente.

Tirar o sangue não havia sido fácil. Enfiar uma agulha na sua própria pele e depois ver seu sangue subir e preencher os tubos transparentes não era agradável para pessoas que tem certa fobia de agulha, mas eu faria de tudo para encontrar Thales e acabar com isso de uma vez.

Sentei-me em uma das mesas da biblioteca com os tubos ainda na minha mão esperando Ka voltar. Eu estava curiosa para saber o que era preciso para fazer o rastreamento e um pouco decepcionada comigo mesma por não ter pensado nisso antes. A ansiedade para descobrir onde Thales estava era tanta que eu não conseguia me manter quieta. Minha perna estava balançando freneticamente por baixo da mesa e minhas unhas tamborilavam sem parar no tampo.

- Você parece pronta para pular em cima de alguém. – comentou uma voz atrás de mim e dei um pulo da cadeira assustada.

- Nunca mais faça isso. – pedi quando meus olhos focaram no de Ka.

- Perdão, Alteza. – disse ele com um sorriso que não parecia querer pedir desculpas.

- Conseguiu o que precisava? – perguntei ignorando o sorriso. Era esquisito ver Ka sorrindo, eu ainda não havia me acostumado com isso.

- Sim. Você tem o sangue? – perguntou colocando uma bolsa sobre a mesa.

- Tenho. – mostrei os tubinhos que estavam em minhas mãos e depois a fechei de volta. – Espero que isso funcione, não foi fácil conseguir isso.

- Precisamos de um lugar que ninguém vá nos interromper. – disse olhando na direção das janelas e vendo os guardas que circulavam por ali. – O que vamos fazer não é exatamente bem visto pelos olhos da lei.

- Eu sei de um lugar. – falei fazendo sinal para que ele me seguisse.

A princípio, eu pensei no lago que eu costumava ir dentro da floresta do castelo, mas aí lembrei que qualquer lugar dentro dos limites do castelo os guardas poderiam circular e nos ver. Então, pensei em um lugar que nenhum guarda ou qualquer outra pessoa teria coragem de entrar sem permissão. O castelo de Thales.

Como eu estava acompanhada de Ka, nenhum dos guardas fez menção de me acompanhar, eu estava em boas mãos, por assim dizer. Seguimos a cavalo até o castelo e quando nos aproximamos, os guardas que estavam fazendo a vigilância prontamente nos deixaram entrar. Todos sabiam que eu estava em uma caçada atrás do meu ex-namorado.

Assim que entramos, Ka se dirigiu para a mesma mesa de pedra que Damen havia ressuscitado Thales. Observei ele começar a tirar as coisas de dentro da bolsa. Duas velas, um mapa que parecia não ser de lugar nenhum, uma tigela que ele provavelmente pegou na cozinha enquanto os homens-elefantes não viram. Fiquei observando-o organizar tudo do mesmo lugar que eu havia acordado naquele dia.

- Fecha as cortinas, por favor. – pediu educadamente.

Levantei-me colocando os tubos de sangue sobre a mesa e começando a puxar as diversas cortinas até que ninguém pudesse ver o que estávamos fazendo ali dentro. Quando terminei, me aproximei e fiquei olhando os objetos sobre a mesa; eles eram poucos e simples, eu estava rezando silenciosamente para que isso funcionasse.

- O que você precisa que eu faça? – perguntei quando ele pegou meus tubos com sangue.

- Nada, apenas observe. – respondeu colocando todo o sangue dentro da tigela.

Coração Negro - livro 3 da serie Coração AzulWhere stories live. Discover now