3 - Uma noiva diferente

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A cena não era muito diferente da anterior. O guarda estava deitado sobre uma poça de sangue, o coração estava jogado ao lado do seu corpo, mas desta vez não havia nenhuma flecha nem nada que indicasse que Alicia havia estado ali. E ainda assim, eu sabia que ela havia estado ali. Eu não precisava analisar as marcas no pescoço do soldado para saber que ela havia o segurado e então tirado seu coração. Eu já sabia como funcionava o processo de assassinato, só tinha que descobrir o motivo.

Clara estava analisando todo o corpo à procura de alguma coisa que indicasse quem havia feito aquilo, mas nós não precisávamos de prova para saber. Alicia havia feito aquilo. Ela havia assassinado mais um guarda, sua lista de morte estava aumentando cada vez mais; daqui a pouco ela seria considerada um perigo para as Dimensões e todos entrariam em estado de alerta até ela ser encontrada.

- Não tem nada no corpo que indique quem fez isso. – comentou Clara revoltada.

- Como se vocês precisassem de prova para saber quem fez isso. – disse Thales encostado no poste próximo.

- Não sabemos se foi ela realmente. – disse Damen. – Por que ela estaria matando guardas?

- Quem sabe. – Clara deu de ombros. – Só sabemos que ela é nossa principal suspeita.

Concordei com a cabeça, mas não disse mais nada. Eu não entendia o que estava levando Alicia a matar essas pessoas, ela nunca havia sido a favor de mortes, ela havia desmaiado no dia que causou a primeira morte e isso havia sido para defesa própria. Por que agora ela mataria as pessoas como se não fosse nada? Isso não entrava na minha cabeça, havia alguma coisa por trás disso.

Clara ordenou para os guardas que havia nos acompanhados para limpar o local e providenciar um enterro digno para o morto. Fiquei observando enquanto eles limpavam e minha mente não parava de girar atrás de respostas. Por que ela estava causando essas mortes?

No caminho para o castelo minha cabeça ainda procurava a resposta para essa questão. Eu sabia que ela estava com parte de Thales dentro de si e sabíamos que isso causava seus olhos negros e há deixava um pouco fora de controle. Mas sempre havia uma razão por trás de assassinatos, até mesmo as piores pessoas precisavam de um motivo para matar. Qual era o dela?

- Você está começando a me irritar com esse silêncio. – informou Clara quando estávamos chegando ao castelo. – Fale de uma vez sobre o que você está pensando.

- Alicia. – respondi dando de ombros.

- Diga-me algo que eu não sei. - murmurou irônica. – Quero que você me fale o que você está pensando sobre ela.

- O que a está levando a matar? Eu ainda não entendi isso. Todos precisam de um motivo para matar.

- Nem todos. – disse a voz de Thales atrás de mim.

Virei-me na sua direção sem entender muito bem. O que ele queria dizer com nem todos? Eu não me lembrava de já ter me deparado por uma morte causada por Thales sem que houvesse um motivo - não que eu entendesse os motivos que o levavam a fazer aquilo, mas ele tinha um motivo por trás.

- O que você quer dizer? – perguntou Damen antes que eu pudesse fazer a pergunta.

- Você já viveu mais que eu, deveria saber do que estou falando. – disse Thales se dirigindo a Damen. – A morte é algo agradável depois de um tempo, ela pode se tornar um vício.

- Vício? – perguntei.

- Sim, um vício. É como uma droga. Você nunca quer experimentar, mas depois que começa não quer parar. – ele deu de ombros e depois sorriu. – É divertido matar.

Coração Negro - livro 3 da serie Coração AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora