7 - Jane

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A varinha estava posta ao lado da varinha desenhada e como eu havia notado, elas eram idênticas. A pintura havia capturado os mínimos detalhes entalhados na madeira da varinha. Tudo que precisávamos descobrir era quem era aquela mulher e qual a ligação dela com Thales.

Guilherme não tinha conseguido nada com os seus livros, nada falava daquela mulher, não havíamos encontrado nenhuma imagem dela em nenhum dos arquivos do castelo também. Eu não podia culpar Guilherme por não conseguir resultados, é difícil se encontrar algo sobre uma pessoa quando você não se sabe o nome ou qualquer outro detalhe da sua vida. A única coisa que sabíamos era que ela estava com uma varinha que tínhamos encontrado e tinha alguma ligação com Thales, mas qual?

Eu bati minhas unhas em um ritmo acelerado contra o tampo da mesa esperando a chegada de Damen. Assim que papai havia me dado a varinha, eu enviara um guarda atrás dele pedindo que viesse imediatamente ao castelo. Claro que seria mais fácil eu ligar ou me transportar até lá, mas minha mente estava voando em mil direções diferentes tentando descobrir isso e eu não queria que nada me distraísse.

Infelizmente, não era isso que acontecia. Eu estava me distraindo muito facilmente. Uma parte da minha mente estava querendo se focar totalmente no assunto Thales, mas a outra parte estava se distraindo até com o som da respiração de Guilherme. Era como se encontrar Thales não fosse tão importante.

Eu estava outra vez nos meus devaneios de distração pensando que eu precisava de uma manicure urgente, quando Damen entrou todo apressado pelas portas da biblioteca trazendo Eric na sua cacunda.

- Certo, estou aqui. O que é tão urgente? – perguntou colocando o filho no chão e ele saiu em disparada para uma das estantes de contos de fadas.

- Encontrei isso no castelo de Thales. – contei indicando a pintura.

Ele se aproximou da pintura observando-a cuidadosamente e então seus olhos caíram sobre as duas varinhas postas lado a lado. A varinha da pintura e a real. Ele encarou as duas com o cenho franzido e se movimentou envolta da pintura, vendo-a de diversos ângulos.

- E então? – perguntei quando ele arregalou os olhos para imagem.

- Eu a conheço. – falou se virando na minha direção.

- Quem é ela? – perguntei curiosa.

- Jane McRocher. – disse passando a ponta dos dedos pela barra do vestido da mulher. – Ela era uma fada.

- Fada? Então, ela ainda está viva? – perguntou Guilherme.

- Não, não como fada pelo menos. – disse Damen e se afastou da pintura. – Ela era uma das fadas mais poderosas, muito antiga, mas ela se converteu.

- Converteu? – perguntei confusa. Dava para se converter quando se nasce algo?

- Sim. – respondeu distraído. Eu podia jurar que Damen estava revendo lembranças na sua mente.

- Guilherme, me explique. – pedi não querendo tirar Damen dos seus pensamentos.

- Todas as fadas nascem com uma magia muito poderosa e com o passar dos anos elas decidem o que fazer com essa magia. Umas seguem o caminho do bem, que é o caminho escolhido pela maioria, mas algumas fadas, fadas raras, encontram o caminho do mal e acabam seguindo por ele. E se convertem.

"As fadas também podem ser diabólicas, sendo corriqueiramente denominadas "bruxas"" lembrei de uma frase que eu havia lido ao que parecia milênios atrás. Se Jane McRocher havia sido uma fada e tinha ido pelo caminho do mal, então, ela havia virado uma bruxa. O mesmo havia acontecido com Damen, ele tinha nascido um ser do mundo das fadas, mas em algum momento ele havia escolhido o caminho escuro e havia se tornado um bruxo?

Coração Negro - livro 3 da serie Coração AzulWhere stories live. Discover now