6 - Amizades inesperadas

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- Eu tenho mesmo que ir? – perguntei enquanto Clara me arrastava para fora do quarto de hóspedes.

- Podemos precisar de você e, além do mais, você conhece bem a mente da Alie. – disse me puxando pelo corredor.

- Não desta Alie. – resmunguei quando chegamos à porta da cela. – Vocês entram e faça o quem tem que fazer, não quero vê-la.

- O quê? Agora você não quer ficar perto da sua noivinha? – zombou Thales.

- Não estou com paciência para você hoje, Thales, então fiquei calado. – avisei me virando para o inimigo que havia virado a sombra de Clara.

- Guilherme, nós precisamos saber se ela pode ou não voltar a ser a nossa Alicia. – disse Clara ignorando nossa pequena discussão e segurando meu braço. – Você é o que mais chega perto de causar algum sentimento nela, precisamos de você lá dentro.

Passei as mãos pelo meu cabelo em um gesto cansado e acenei para que Clara abrisse a maldita porta. Eu só rezava para Alicia não falar nada sobre a noite passada, eu precisava de Clara me recriminando.

- Ora, ora. Vieram me soltar? – disse a voz de Alicia assim que Clara passou pela porta.

- Se você voltar a ser a antiga Alicia, quem sabe? – Clara deu de ombros.

- Ah! – lamuriou Alicia falsamente. – Mas eu era tão entediante! Eu prefiro essa nova eu, não concorda, Guilherme?

Encarei a mulher que havia se entregado para mim noite passada pronto para pular no seu pescoço. Ela havia ouvido a conversa do lado de fora, eu sempre esquecia que Alicia podia ouvir e ver um pouco mais que todas as pessoas. Continuei calado enquanto Clara revezava o olhar sobre uma Alicia sorrindo contente e o meu rosto fechado. Ela franziu o cenho para mim e então se virou para a prima.

- Aconteceu alguma coisa aqui que eu deveria saber? – perguntou para a prima.

- Nada demais. – ela deu de ombros sem tirar os olhos de mim. – Nada que noivos não possam fazer.

Minha cabeça começou a doer de repente, eu sabia que teria uma grande dor de cabeça quando saísse dessa cela. Esfreguei minha testa com força querendo me livrar daquela dor, mas parecia que ela não iria embora tão cedo.

- Pensei que era para todos ficarem longe da cela. – comentou Thales claramente divertido com a situação.

- Você quer falar alguma coisa, Guilherme? – perguntou Clara cruzando os braços na frente do peito.

- Podemos resolver o que viemos fazer e falar disso depois? –sugeri olhando para Clara.

- Tudo bem. – concordou meio a contragosto, mas se virou outra vez para Alicia. –O que aconteceu com você?

- Por que todos me perguntam isso? – perguntou Alicia parecendo cansada e encostando-se à parede. – Aceitem, eu não sou mais aquela Alicia. Pronto, acabou, juntem seus cacos e me soltem daqui!

- Vocês não vão conseguir muita coisa com ela, - disse Thales me fazendo olhá-lo. – ela não sabe o que aconteceu. Só sabe que gosta disso.

- Você me entende! – disse Alicia se afastando da parede e sorrindo para Thales. – Por que terminamos o namoro mesmo?

- Você preferiu Guilherme a mim. – lembrou Thales olhando divertido para ela.

- Que burrada, você seria muito mais divertido. – comentou se aproximando mais dele até seus corpos estarem quase colados. – Venha me ver quando todos estiverem dormindo.

Coração Negro - livro 3 da serie Coração AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora