8 - Interrogatório

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- Você tem certeza de que é aqui? – perguntou Clara quando descemos do meu carro em frente a enorme casa do diretor da minha antiga escola.

- Tenho. – respondi seguindo pela calçada e procurando entre a cerca-viva o espaço que eu usava para entrar na casa escondida quando namorava Thales. – Já passei algumas noites aqui sem ninguém saber. Sei como pegá-lo de surpresa.

- Algumas noites? – questionou Guilherme me seguindo pelo meio da cerca viva.

- Nada aconteceu de verdade, você sabe disso. – falei revirando os olhos para o tom ciumento dele.

- Não gosto da ideia de você e Thales juntos. – resmungou enquanto esperávamos Damen e Clara passar para dentro do jardim bem cuidado.

- Não posso dizer que discordo de você. – murmurei em resposta quando Damen passou pela cerca atrás de Clara. – Certo, vamos entrar por aquela janela.

Apontei na direção da janela do segundo andar que estava aberta. Na verdade, ela era a única aberta de todas as janelas da casa. Medi a altura do chão até a janela e me lembrei de quantas vezes havia entrado na casa por uma janela aberta na época em que Thales resolvia fazer algumas festinhas enquanto seu pai estava trabalhando no escritório. Eu não era a única que vinha nessas festinhas, Brina e Otavio também já haviam entrado várias vezes escondidos na casa mesmo não gostando de Thales.

- Sabe, seria mais fácil só nos transportamos para lá usando magia. – sugeriu Clara como quem não quer nada.

- Magia? – perguntei distraída e então me lembrei que eu não estava ali com Brina e Otavio e que não estávamos indo para uma festinha de Thales. – Certo, magia. – concordei quando percebi como isso seria muito mais fácil que subir até o segundo andar.

Eu podia sentir o olhar confuso dos três sobre mim, mas ignorei isso e me transportei para dentro da casa esperando que eles me seguissem. E eles seguiram. Estávamos os três dentro do antigo quarto de Thales e o quarto estava do jeito que eu havia conhecido. Todos os objetos ainda estavam ali, como se Thales ainda morasse ali. Thales não estaria se escondendo em um lugar tão obvio assim, não é?

- Belo quarto. – murmurou Clara olhando envolta.

Era um quarto simples na verdade. As paredes eram pintadas de branco exceto a parede que continha a janela, essa era pintada de um azul quase preto. Uma enorme cama de casal estava arrumada com uma colcha preta e quatro travesseiros estavam dispostos sobre ela. O enorme armário embutido na parede estava perfeitamente lustrado e a escrivaninha estava organizada. Do jeito que eu lembrava que era.

- O cheiro é maravilhoso. – deixei escapar sem perceber. Eu não havia notado que eu estava aspirando o cheiro de Thales como teria feito antigamente e o pior, eu havia falado que era bom na frente do meu noivo que era ciumento.

- Como? – perguntou Guilherme como se não estivesse ouvindo direito.

- Nada. – falei rapidamente aceitando a segunda chance dele de me manter quieta. – Vamos atrás do diretor.

Saímos do quarto seguindo pelo corredor com Damen nos guiando. Eu escutei o som baixo de uma respiração e o tilintar de gelo em um copo. Indiquei a porta que vinha o som e Damen abriu a porta como quem abre a porta da própria casa.

- Quem é você? – ouvi a voz do homem perguntar assustado e quando todos entramos na sala seus olhos se arregalaram ao me ver. – Alicia Faller?

- Diretor. – o cumprimentei fechando a porta.

- O que está acontecendo aqui? Quem são essas pessoas? – perguntou quando Guilherme e Damen o cercaram de forma intimidadora.

- Só queremos algumas respostas. – disse Clara se aproximando do homem. – Como o senhor se chama?

Coração Negro - livro 3 da serie Coração AzulWhere stories live. Discover now