5 - Pedidos

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Depois de toda aquela conversa de Thales era como se um peso fosse tirado das minhas costas. Eu não podia confiar cem por cento no que ele dizia – afinal, Thales era um mentiroso nato -, mas eu me sentia melhor em saber toda a lenda e que nada envolvia me apaixonar por Guilherme sem ser pela pessoa que ele era, não havia nenhuma mágica envolvida no nosso romance.

Os preparativos para o casamento estavam a mil e tia Bea praticamente havia tirado qualquer responsabilidade da festa das minhas mãos. Era divertido organizar um casamento, porém, eu tinha um sério problema em lidar com as pessoas que estavam me ajudando a planejar tudo. Eu perdia a paciência rapidamente com os floristas ou qualquer outra pessoa que errasse o mínimo detalhe planejado – até mesmo com Red eu havia perdido a paciência quando ele confundiu os pratos principais do bufê. Essa impaciência era um dom adquirido da ligação com Thales.

Guilherme apenas ria e me afastava de todos quando via que minha curta paciência estava chegando ao final. Ele parecia se divertir com a situação. Enquanto eu estava totalmente focada em fazer um casamento perfeito e tudo mais, ele parecia tão relaxado e confiante que tudo iria dar certo que havia vezes que eu perdia minha paciência com ele também. Tanto otimismo assim mexia com o meu lado negro.

Desde que eu havia voltado a ser, bem, eu, que eu não tinha visto minha mãe. Eu sabia que ela havia estado a par dos últimos acontecimentos, eu sabia que ela sabia de todos os assassinatos que eu havia causado e havia uma única razão para mim a evitar por tanto tempo: vergonha. Eu tinha vergonha de encarar a minha mãe e ela saber que eu havia feito tudo aquilo. Que eu havia matado inocentes, que eu quase havia matado meu próprio noivo.

Imaginar como seria um encontro com a minha mãe tinha seus prós e contras. Enquanto eu morria de saudade e vontade de apenas abraçá-la, uma parte minha tinha medo das repreensões que viriam. Mamãe podia entender que tudo que eu havia feito era porque estava sobre efeito de alguma magia, mas ela era ainda minha mãe e mãe nenhuma aceita que a filha faça algo de errado e saía ilesa como eu estava fazendo.

Papai não tinha muito que fazer quanto ao que havia acontecido, ele não havia dito nada quando voltei ao normal. A desconfiança ainda estava ali e eu a via cada vez que o pegava me observando pelo canto do olho. Ele não havia engolido seja qual foi a história que Clara inventou para a minha volta. Eu só sabia que ele não podia saber a verdadeira forma que eles me trouxeram porque envolvia magia negra e isso não era permitido nem mesmo para o Rei.

Todos ainda estavam meio desconfiados – todos que não estavam na cela naquele dia. Eu me lembrava de ver tia Bea me olhar atravessado quando saí de braços dado com Guilherme daquela cela. Um dos guardas havia visto no momento da ronda que eu estava sem as algemadas e fora chamar o Rei para informar o fato.

Ninguém pediu muitas explicações, o importante era que eu havia voltado e estava tudo bem outra vez. Eu desconfiava que papai e tia Bea preferiam fingir que engoliram a história inventada por Clara no lugar de saber a verdadeira história. Era melhor para todos que essa história ficasse entre nós apenas.

- Alie. – chamou Guilherme abrindo a porta do quarto e entrando.

Eu estava sentada na cama me remoendo em pensamentos do que iria fazer. Eu precisava ver mamãe, a qualquer momento ela perderia a paciência em me esperar aparecer e daria um jeito de vir para cá. Isso não seria bom para mim.

- Sim? – falei erguendo meus olhos para ele e sorrindo.

- Você tem visita. – anunciou fechando a porta atrás de si e se aproximando da cama.

- Visita? – questionei.

- Sua mãe.

E a paciência dela havia acabado, pensei comigo mesma. Concordei com a cabeça para Guilherme e me preparei para sair do quarto. Eu teria que encarar minha mãe de qualquer forma, não tinha como escapar agora.

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⏰ Última atualização: Jul 28, 2022 ⏰

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Coração Negro - livro 3 da serie Coração AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora