Ultraviolence

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  Pov Zayn

Três dias se passaram desde que finalizaram as buscas, e tudo o que eu sentia era um vazio enorme, como alguém que passa dezenas de dias sem se alimentar. E realmente, eu não tenho me alimentado desde que descobri o quanto Liam era especial para mim. Sei lá, desde que o tive em meus braços pela primeira vez, ele me fez sentir algo que nunca mais havia sentido, como se quisesse ser como ele: Normal. E foi essa vontade que me fez procurá-lo de leste a oeste, mas acabou. Foram dias maravilhosos, e enquanto estive ao seu lado, esqueci as nuvens negras que preenchiam as lacunas em minha cabeça. Então, era assim a felicidade? Ou algo próximo a isso?

"Acabou", repetia novamente em minha cabeça, acrescentando que eu devia seguir em frente mais uma vez, afinal, eu devia estar acostumado, não? Já que, desde meu primeiro abrir de olhos, sempre tive coisas que a todo tempo eram tiradas de mim, como uma maldição. Mas vamos lá, Zayn, hora de arrumar a velha mala e seguir em frente, mais uma vez.

Optei por tomar um chá antes, mesmo que o gosto daquilo fosse terrível e, ainda que eu o tomasse várias vezes, eu continuaria insaciável, já que não faz efeito algum para mim. Mas era uma espécie de "dieta" que eu estava fazendo, fiz isso em honra a Liam e prometi continuar, mesmo que ele já não estivesse mais comigo.

Nossa, já era estranho ouvir aquilo, pior ainda repetir em minha mente e eu nem mesmo me atrevia a dizer aquilo em voz alta. Então apenas pensava. "Liam se foi." "Ele se foi." "Um mês."

Um mês desde que vi seu olhar em tom acinzentado, com lágrimas prontas a desabar, dizendo-me palavras pesarosas e entrando naquele carro. Impossível não lembrar, impossível esquecer.

Eu sei, deveria ter seguido ele como sempre fiz, eu sei que sim. Mas ele parecia que estava desapegando de mim e, naquele instante, desejei que aquilo fosse verdade. Ele não merecia ter a vida que eu pretendia dá-lo. Ele merecia bem mais, e tudo por sua felicidade, já que ele poderia sentir isso sem mim. Mas eu nunca senti isso, e a única vez que pensei estar perto disso foi quando estive com Payne, então por mim, estava normal. Me conformei, após correr a floresta inteira praguejando os ventos e me perguntando o porquê de tanto sofrimento. "Por que não eu?"

Agora, eu não havia mais nada pra fazer aqui, o barraco parecia querer me sufocar. E quando eu tenho um problema como esse, eu corro. Corro para qualquer lugar que me faça bem, ou no máximo, estável. É, estabilidade era tudo que eu queria naquele momento.

Ouço passos se aproximando ao longe. Exalava um cheiro familiar, e eram dois. Não era animais, nem humanos. Harry e Louis, supus. Eles e o seu aroma sexual sempre conseguiam distorcer a minha percepção. Como sempre, entram sem bater a porta, mas desta vez vieram arfando, e com um olhar estranho, como se quisesse me contar algo.
- Contem. - disse, assim que descobri que era mais que uma intuição, era uma certeza. Eles queriam me contar algo.

Após se entreolharem, Harry tomou um passo a frente, como se fosse o líder de um bando. Engoliu em seco, e lentamente fechou os olhos, antes de proferir o que queria dizer: - Zayn, ele...há uma certa...possiblidade...bem, foram o que alguns de nós disseram... - ouvir aquilo foi como um jogar um fósforo aceso em uma fogueira quase morta no meu coração. Ele. Liam. Só de pensar aquilo, consegui decifrar todas as palavras não ditas por Harry.
- Onde ele está? Fala, Harry! - disse, puxando a gola de sua camisa, como se tentasse arrancar as respostas por lá.
- Zayn, calma! É só uma possibilidade!
- Onde ele está?! - Drew é um detector, um especialista em farejar... - iniciou Louis, como se interviesse entre mim e Harry. - Ele estava em Londres a procura de caça, e disse que sentiu uma pequena aglomeração, três de nós, em uma ruína de castelos, ao sul. Ele ainda conseguiu distinguir que havia uma fêmea no meio, além de ouvir batidas de um coração humano no meio dele . Não quero te dar esperanças, Zayn, mais isso não te lembra alguém? - Louis, por fim, terminou e eu lentamente soltei a gola de Harry que ainda segurava entre meus punhos. Um choque percorreu toda a minha cabeça, como um quebra-cabeça que se monta automaticamente. Era óbvio: Ela.
- Zayn, calma, tá legal? Lembre-se que é apenas uma possibilidade. - Harry advertiu, mas eu não dei ouvidos a ele, meu coração já acelerava e meus músculos já dilatavam, a ponto de rasgar a camiseta que eu vestia.
- Vamos até esse Andrew, quero que ele me leve até as tais ruínas. E não me fale de calma, é algo que não está ao meu alcance nesse momento. - disse, jogando no chão a mala ao meu lado, cerrando os punhos em seguida. E lá se foi a tal da "estabilidade".

Dear Werewolf || Ziam Mayne FanfictionDonde viven las historias. Descúbrelo ahora