Letters

120 17 0
                                    

"Isso soa ridículo, mas eu precisava fazer isso. Destinar cartas à mim mesmo não é algo inteligente a se fazer, mas eu enlouqueceria se não contasse o que estou sentindo para alguém. Mesmo que este "alguém" seja eu mesmo.
Ainda é outono por aqui e as folhas secas e caídas pelo chão tornam a atmosfera ainda mais deprimente para mim. Zayn me deixou há três, e não há um momento sequer eu que eu não esteja pensando nele, ou em como, onde e com quem ele está agora.
Imagino as mais inevitáveis e piores coisas possíveis, e a sensação de abandono me corrói por dentro como se, além de ter ido embora, Zayn também levara todos os meus amigos e as recordações felizes consigo. Frank foi acampar com a sua turma no colégio e insistiu que eu fosse, mas eu não me sentiria bem em uma cabana fria em uma clareira qualquer no meio da floresta. Insisti que ficaria bem, mas eu não ando bem há dias. Há três semanas, exatamente.
Stephen voltou para Londres, prometendo voltar logo, mas eu sei que não é exatamente por mim. Não, não o culpo por estar tentando ser feliz ao lado do meu primo, mas é que assistir um filme romântico ao lado de duas pessoas se beijando o tempo todo não me parece ser o melhor programa para pessoas em situações como a minha. Então, deixo-os viverem seus romances sem a minha atual incômoda presença.
Tenho evitado Tia Lucille, pois ela está extremamente desapontada com Zayn, e sinto como se seu olhar dissesse que mereceria sofrer por ter escolhido alguém tão imprudente para apresentá-la de maneira formal. O mesmo acontece com o meu tio, então opto por tomar café da manhã na cama.
Quanto à Niall e Josh, eles estão em uma viagem de noivado - em uma espécie de 'pré-lua-de-mel' -, e eu não teria a ousadia de procurar Greg e sua esposa e perguntá-los se eles gostariam de conversar, pois soaria bem mais desesperado do que eu já estou. Eu procurei por Harry e enviei uma carta para Louis, na esperança que ele tivesse notícias sobre Zayn, mas eles simplesmente sumiram do mapa.
No fim, a única pessoa com quem mantenho contato é Tom, que vem a minha janela todos os dias. Por mais que eu ainda hesite em confiar nele, certo dia ele trouxe uma garrafa cheia de vaga-lumes ele mesmo capturou e acabamos conversando até ao amanhecer sobre gostos musicais, que descobrimos termos em comum. Ele prometeu trazer o CD que falta para minha coleção do Arctic Monkeys, mas eu não estou totalmente certo disso.
Mas nem todas as coleções completas do mundo me fariam esquecer esse enorme vazio que ainda sinto. Esse é, definitivamente, o outono mais melancólico da minha vida."

xx

"Três meses. É Natal, e eu e Tom resolvemos ceiar no meio da neve após uma ideia muito louca vindo dele. Ele realmente me deu o CD que faltava na minha coleção, como presente de Natal. Como eu não havia comprado nada para ele, acabei fingindo que o cachecol que eu usava era o presente e, por mais embaraçosa que tenha sido a situação, ele pareceu adorar. Não tenho pensado em escrever tanto assim, pois Tom sempre arranja um jeito de distrair, como me levar a bazares de velhinhos ou somente andar pela floresta.
Fomos há alguns luais juntos onde ele mora, como da vez em que eu era prisioneiro dele. Mas agora é diferente, pois eu realmente me divirto, apesar de evitar olhares muito diretos com os outros moradores da aldeia. Eles, literalmente, parecem querer me engolir vivo. Mas, ao menos desta vez, eles me recebem e eu até ganhei um lugar para sentar com eles, ao lado de Tom.
Matt - o garotinho lobo que é apaixonado por Tom - odiou a ideia, e não cansa de olhar torto para mim, principalmente depois que descobriu que o cachecol que Tom não tirava para nada fora dado por mim. Mas eu relevo, pois sei que Tom é um bom amigo, e é isso que eu quero que ele seja: um amigo.
Pois, por mais que eu tente, por mais que eu queira, eu não consigo parar de pensar em Zayn, e sua imagem surge para mim em todos os lugares, até mesmo na neve branca ou entre as árvores ociosas. Eu ainda sinto sua falta."

xx

"Três anos. Nossa, há quanto tempo eu não escrevo para mim mesmo! É cruel pensar que eu tenha esquecido de mim mesmo, mas tudo isso aconteceu quando a minha psicóloga sugeriu que eu gastasse o meu 'estado deprimido' escrevendo livros. Entrei na faculdade de Inglês e, após um diploma, comecei a escrever romances. Há alguns protótipos, mas espero que eu posso lançar um algum dia.
Há tanta coisa pra compartilhar! Muita coisa se passou em três anos. O casamento entre Josh e Niall me teve em lágrimas, e eu passei uma desastrosa vergonha no meio da cerimônia, mas Tom me ajudou e me levou para chorar do lado de fora da festa. Eles se casaram no verão passado, há um ano atrás.
E, recentemente, após três anos e meio, recebi uma resposta de Louis. Na carta, ele sentiu muito por não ter respondido com antecedência, e contou que vive com Harry em Vancouver, além de anexarem uma fotografia deles com garotinha-loba chamada Kayla. Eles a resgataram de uma tribo africana que iria executá-la por que a consideravam uma aberração entre eles, que são humanos.
Harry me mandou uma carta também, assim como Louis. Mas apenas para dizer que sente muito, mas não sabe notícias de Zayn desde de que o viu pela última vez há dois anos atrás, onde viu que Zayn assumiu o posto de 'príncipe da alcateia', mesmo que a contragosto.
Stephen arranjou um emprego em uma loja de mecânica em Londres, o que ocasionou a distância entre ele e Frank, originando uma separação entre eles. Frank diz estar bem, mas eu não acreditei da última vez que falei com ele ao telefone.
Sim, por telefone. Saí da casa dos meus tios e agora divido um apartamento com Tom, no condado de Cheshire - como amigos, é claro - e prometemos nos mudar para Londres caso os meus 'protótipos literários' sejam aceitos por alguma editora. Espero ter sorte dessa vez. Ao menos no trabalho."

xx

"Uma semana depois de ter escrevido, algo me motivou a escrever pela segunda vez neste mês. Tudo aconteceu quando recebi a notícia de que um dos meus 'romances-protótipos' fora aceito por uma das maiores editoras do país, então isso significou que íamos mudar para Londres brevemente.
Tom trouxe um champanhe para comemorar, e confesso ter bebido demais, mas estava bem sóbrio quando o que eu temia aconteceu. Meu corpo começou a ficar quente, eu sentia calafrios extasiantes, e meu pau ficou ereto sem ao menos perceber. Eu estava inevitavelmente desejando a pele bronzeada de Tom, e o seu porte atlético de nadador profissional - já que era pra isso que ele estava treinando para ser.
Tom se aproximou para encher minha taça outra vez, mas seu peitoral desnudo estava ali, tão próximo, que eu não resisti em tocar aquela pele quente. Um beijo se iniciou e eu devia estar altamente bêbado, mas completamente ciente, quando pedi para que Tom me fudesse ali mesmo, na poltrona. Sem roupas, sem proteção, sem nada. Só pele e fogo.
Nem precisa dizer o quão o clima ficou estranho no dia seguinte, mas transamos uma segunda vez quando ele foi até ao meu quarto se desculpar. E uma terceira. E uma quarta e quinta vez, tudo em um dia só. Sei que estava sendo imprudente, mas eu estava alto demais para pensar em alguma coisa.
O sexo de Tom não era igual ao de Zayn, nem de longe. Mas havia tanto tempo que eu estava longe de contatos físicos que eu não pude fazer nada além de ceder. E agora, precisamente hoje, ele me oferece um anel de compromisso, por ser contra seus princípios transar só por prazer. Mas era isso que estava acontecendo, pelo menos da minha parte. E, em uma resposta sem pensar direito, eu disse 'Sim'."

xx

"Cinco meses depois, o mês de Outubro veio cheio para mim. Além da notícia de que meu livro estava em estágio inicial, tive que cuidar de toda a papelada do apartamento em Londres, já que estávamos de mudança.
Tom trouxe Matt para o jantar na casa nova, mas ele odiou tudo e foi embora no meio da noite quando Tom teimou que devíamos fazer sexo mesmo com visitas na porta ao lado, alegando que não dava de ouvir nada do outro lado. Bem, ele estava errado.
Mas, eu nunca me sentia satisfeito por completo, como eu me sentia com Zayn. E até mesmo chorava de madrugada, por culpa de que o estivesse traindo, além da desesperança de que Zayn talvez nunca aparecesse.
E o desespero foi ainda maior quando Tom me pediu em casamento, e eu senti como se não houvesse nada além de: Zayn. Era estranho pensar que o homem com quem sonhei em trocar alianças pudesse não estar lá no devido dia. Então, sem pensar outra vez, eu aceitei.
Mas, não nego que ainda gostaria que Zayn reaparece, o cumprisse com o que ele prometeu. Mas nem sempre as coisas são do jeito que gostaríamos."

xx 

Dear Werewolf || Ziam Mayne FanfictionWhere stories live. Discover now