Capítulo IV ; Por Juliette

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Eu sempre considerei o suicídio como o pior dos pecados que uma pessoa poderia cometer. Sempre acreditei que independente do quão sem saída estamos, nunca se é motivo o bastante para desistir. A morte pode ser apenas uma etapa para quem acredita no Paraíso mas eu realmente acho que a vida tem muito mais possibilidades que a morte.

Quando eu era mais nova pensava que poderia ser freira, as irmãs do colégio eram inspiradoras, sempre vivendo para o bem, nunca para si mesmas. Sempre bondosas e altruístas. Porém quando passei a enxergar melhor a vida que elas levavam percebi uma coisa; eu não estava pronta para me enclausurar em prol de outras pessoas se eu ainda não conhecia a vida de verdade.

Não se pode ver muito dela da janela de um internato mas todas as noites eu sonhava com o dia que eu seria livre, só não contava que eu traria tantas inibições para o lado de fora.

Continuava não me sentindo confortável com palavrões, música alta e ainda dormia cedo. Cigarros me incomodavam e eu definitivamente não gostava de beber.

Óbvio que nem tudo era assim, eu não sentia a mínima falta da comida enjoativa do meu antigo colégio. Comer canja várias vezes na mesma semana não era legal. Alice me apresentou o mundo das pizzas de universidade e do chocolate belga, que na opinião dela era o mais incrível do mundo.

Alice também me apresentou ao universo de queima de calorias. Nós sempre saíamos para longas caminhadas juntas(principalmente quando o destino final era o shopping) e isso nos aproximou bastante.

No internato éramos em nossa grande maioria reclusas, não era pecado ter amigas por lá, mas não eram exatamente confidentes. Eu teria uma séria inibição de conversar futilidades com as meninas de lá, contanto eu fazia isso com ela.

Falávamos sobre muitas coisas e ela me explicava coisas que eu não conhecia sobre o mundo. Ela me mostrava foto de atores famosos e me perguntava se eu os beijaria. Assistíamos a inúmeros filmes e eu me tornei uma boa fã de cinema.

Ela estava certa, afinal é nos tornamos muito amigas.

- Os meninos vão vir aqui e vamos pedir pizza. - Ela falou enquanto entrava no meu quarto.

- Que meninos? - Perguntei porque estava sonolenta, estava quase dormindo quando ela entrou no meu quarto.

- Sean e Jace, é claro. - Ela me olhou como se eu fosse louca.

- Ah sim. E por que isso? Achei que íamos fazer nada hoje.

- Vamos fazer nada comendo pizzas. Não é ótimo? - Ela sorriu.

- Vão ter homens aqui, Alice. Não vai ser a mesma coisa.

- É mesmo, vai ser mais legal.

- Você não tá me levando a sério, Alice.

- Não. Você que leva tudo a sério, Juliette. Relaxa um pouco. Garotos têm pênis, não lepra.

- Deus, Alice! Não seja grotesca.

- Homens são incríveis, Juliette. Podem fazer coisas incríveis por você se permitir. Mesmo que eles acabem com você, de uma forma ou outra sempre vale a pena. Sean acaba comigo todos os dias, eu o amo e sei que ele me ama também, mas odeio ser tão apaixonada por ele. Tenho medo que ele arrume alguma garota mais bonita e me largue.

- Ele seria louco de fazer uma coisa dessas, ele te ama. De todo modo não encontraria uma garota tão legal quanto você.

- Sim, eu sei disso. Sou única e maravilhosa, praticamente uma Kardashian perdida na Yale.

- O que é Kardashian? - Perguntei.

- Eu ainda não te mostrei esse reality? Foi mal, Juliette. Você precisa assistir! De quê adianta você assistir a tantos filmes se não conhece Kim Kardashian e suas roupas da Balmain.

- Tenho até medo de descobrir quem é Kim Kardashian. - Comentei.

(...)

Os meninos chegaram e fui os receber na porta.

- Oi, Juliette.

- Oi, Sean. Alice está na cozinha.

- Juliette. - Jace apenas falou o meu nome, mas ele era tão bonito que se não tivesse falado nada não teria importância.

- Como vai, Jace?

- Muito melhor agora. - Ele abriu um sorriso e me beijou na bochecha - A propósito, você está linda.

Eu estava vestindo calças de moletom dois tamanhos maiores, uma camiseta branca e estava descalça! Não estava atraente.

- Não estou, mas agradeço o seu elogio.

- Eu não estou mentindo, para mim você está linda.

- Você é muito cavalheiro, Jace.

- Eu não sou e quem me conhece sabe disso, porém fico feliz de você ter essa opinião sobre mim. Gosto que você pense assim de mim. - Falou perto de mim, perto demais.

- Acho melhor nos juntarmos aos outros. - Sussurrei e ele assentiu, antes que eu reagisse ele me segurou pela mão e foi andando comigo até eles.

Quando chegamos na cozinha, Alice e Sean estavam digamos próximos demais um do outro com ela encostada na bancada.

- Com licença. - Pedi e eles se separaram.

- Oi, Juliette. Estávamos justamente conversando sobre quais sabores de pizza pedir. - Alice teve a audácia de dizer algo assim.

- É claro, e que decisão chegaram nessa conversa tão instrutiva de vocês? - Perguntei.

- Não conseguimos chegar em um consenso, mas achamos que vocês poderiam gostar de nos ajudar nessa decisão.

- É claro que adoraríamos. - Jace falou.
(...)

Durante o tempo em que ficamos esperando a comida chegar aproveitei para ligar para o meu pai. Nos falávamos pelo menos uma vez por dia.

Expliquei o que estávamos fazendo naquela noite e ele me pediu para ser cautelosa com os garotos.

- São boas pessoas, não se preocupe.

- Você não vê o lado mau das pessoas, filha.

- Não seja descrente, confie em mim.

- Eu confio em você, só não confio nas outras pessoas. Você é tudo pra mim.

- Você também é tudo na minha vida. Eu te amo.

- Eu também te amo, então por favor, se cuide.

- Prometo que farei isso, tchau. Até amanhã.

- Até, filha. Boa noite.

Quando me virei para sair do meu quarto, no qual eu tinha deixado a porta aberta, arfei de susto ao ver Jace me olhando com uma expressão não muito boa.

- Você me assustou! - Reclamei.

- Não sabia que você namorava.

- Eu não namoro.

- O que era no telefone? Um futuro namorado?

- O que você ouviu para te fazer pensar assim?

- O suficiente, você disse que amava a pessoa é que ela era tudo para você.

- Sim, o meu pai. - Expliquei.

- Seu pai? - De repente sua expressão se suavizou e ele sorriu.

- Sim, falo com ele todos os dias. Sei que parece bobo. - Admiti encabulada.

- Não é bobo, ele deve ficar feliz com isso. Seu pai mora longe?

- Ele mora aqui na cidade, como ele é muito ocupado não nos vemos muito.

- Entendi. Vou conhecê-lo algum dia? - Perguntou.

- Por que iria querer conhecer o meu pai?

- Quero saber tudo sobre você. - Falou se encaminhando para a porta e completou antes de sair - Um dia vamos ficar juntos e eu quero conhecer sua família quando esse dia chegar.

O Homem Que Me AmaWhere stories live. Discover now