Capítulo XXXII ; Por Jace

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Minha mãe certamente confiava muito em Juliette porque a colocara no quarto que dividia a sacada com o meu, o que facilitava muito o nosso acesso um ao outro. Toda vez que alguém vinha passar alguns dias na nossa casa, ela se assegurava de colocar a pessoa mais velha possível naquele quarto, as meninas da minha idade que geralmente eram filhas dos amigos dos meus pais, ficavam no quarto mais distante - não que isso tenha impedido algo, só era um pequeno empecilho.

Ela poderia ter deixado aquele quarto vazio ou deixá-lo para o pai de Juliette, mas ela preferiu deixar para a própria Juliette. Isso provava que ela confiava em alguém ali e provavelmente não era eu ou provavelmente ela não viu sentido em nos impedir de ficar perto já que normalmente não tem ninguém que nos impeça de ficar juntos.

Estava pensando se valia ou não a pena desfazer as malas quando ouvi uma batida nas portas francesas que davam para a sacada. Quando eu olhei, Juliette acenou pra mim do outro lado. E quando eu abri, ela pulou no meu pescoço e falou de forma animada:

- Ei, nós somos vizinhos. - Ela beijou minha bochecha. Ela parecia feliz e era incrível vê-la daquele jeito.

- Você parece bem. - Comentei.

- Eu estou. Sua mãe é muito legal e me colocou perto de você pra que eu tenha alguém conhecido por perto caso ocorra algum problema

Ah, então era aquilo. Apesar de me parecer mais uma desculpa para a Juliette do que o motivo real.

- Então, eu estava pensando que nós poderíamos nos agasalhar e ir fazer um boneco de neve. - Ela sugeriu.

- É o que você tem em mente pra hoje? Fazer um boneco de neve? - Eu ri e ela riu junto. Linda.

- Eu não faço um desde que eu era criança. Eu mal consigo me lembrar.

Juliette estava quase sempre sorrindo, ela tinha uma energia incrível e tinha o poder de iluminar tudo ao redor dela e fazia com que eu me sentisse uma pessoa melhor do lado dela. Ela era sempre tão feliz e agradável que eu me esquecia de todas as merdas que aconteceram na vida dela.

Abandonada pela mãe, colocada pelo pai em um colégio interno onde ficou a vida toda, sem parentes que morassem perto, sem amigos de verdade, sem poder dormir o quanto quisesse, sem comer o que quisesse.

Ela poderia ter se rebelado, podia guardar rancor do pai por ter deixado sua criação sob a responsabilidade de estranhos, mas ao invés disso ela escolheu se tornar a melhor pessoa possível. Escolheu abraçar o mundo e ser boa com as pessoas. Ela era melhor do que eu conseguiria ser em mil vidas diferentes porque eu que sempre tive tudo: pais presentes, um irmão, amigos, popularidade, liberdade e dinheiro, estava muito longe de ser alguém como ela.

Então se a minha garota queria fazer um boneco de neve, nós faríamos isso. Ela merecia ser feliz.

- Tudo bem, então vá colocar roupas quentes. - Beijei a ponta do seu nariz e ela riu.

- Vou pegar um cachecol para o nosso boneco. - Ela avisou e da mesma forma que entrou no meu quarto, saiu, pela sacada.

Eu também fui me agasalhar, dentro de casa o aquecedor estava no máximo e não dava pra sentir frio, mas a temperatura estaca realmente baixa lá fora. Então coloquei até luvas, até porque se eu me esquecesse delas minha mãe ia atrás de mim me lembrando de colocá-las. 

Me encontrei com Juliette novamente na sala de estar, ela estava usando uma toca com orelhas de gato e conversando com a minha mãe, fodidamente adorável.

Quando ela me viu deu um sorriso e meu coração amoleceu. Porra, eu estava virando um frouxo!

- Podemos ir? - Ela perguntou e eu assenti.

Ela veio saltitante até mim segurando uma bolsa com coisas para o boneco - o cachecol, uma cenoura para o nariz, uma pá pequena para a neve.

- Eu estou animada! - Ela deu pulinhos e bateu palmas do meu lado, eu ri porque ela parecia uma criança indo para o parque. 

Fazer um boneco de neve não era o que eu estava planejando naquele dia, mas eu não conseguia imaginar nada que poderia ter sido melhor. Juliette estava feliz e disposta a fazer o melhor boneco de neve do mundo e eu a seguia porque sempre queria estar ao lado dela e a felicidade dela me fazia feliz.

Quando nós terminamos eu estava certo que nunca tinha visto um boneco de neve tão bom e Juliette me perguntou com um sorriso no rosto:

- Não é o melhor boneco de neve do planeta? Nós precisamos tirar uma foto dele!

Eu peguei meu celular do bolso para tirar uma foto do boneco de neve.

- Agora você precisa participar da foto, esse foi seu primeiro boneco de neve, você precisa ter uma foto com ele. - Era um bom motivo, mas na verdade eu só queria ter mais uma foto dela no meu telefone.

Eu tinha uma coleção de fotos dela que começavam bem antes de nós começarmos a namorar. Muitas delas ela nem sabia que existiam. Ela era tão bonita que em todas as oportunidades que eu tinha conseguia uma recordação, eu tinha fotos dela rindo, dormindo, estudando, assistindo Naruto... E agora eu queria uma dela com o boneco de neve.

Ela abriu o maior(e mais bonito) sorriso do mundo e se prostou ao lado do boneco de uma forma que mostrava que ela estava fodidamente orgulhosa do que tinha feito. Eu tirei a foto e depois analisei.

- Linda. - Tão linda que ia virar meu fundo de tela.

E enquanto eu estava distraído com a foto dela, Juliette me surpreendeu com uma bola de neve bem nas costas.

Quando eu me virei percebi que ela estava se segurando pra não rir e isso me deu vontade de rir também, mas eu me fiz de sério.

- Não se ataca uma pessoa por trás, princesa. - Eu me abaixei e formei uma bola de neve ainda maior que a dela - Parece que eu vou ter que me vingar.

Ela já estava correndo antes mesmo de eu me dar conta. Eu dei a ela alguns segundos de misericórdia antes de começar a correr atrás dela.

Eu tinha pernas maiores e mais rápidas, ela não tinha a menor chance. Não demorei muito pra acançá-la, apesar de ter que reconhecer que ela estava dando o seu melhor. Juliette soltou um riso alto quando minha bola de neve atingiu seu cabelo e eu a alcancei logo depois, mas nós dois acabamos nos desequilibrando e caindo.

Ela caiu por baixo de mim de mim e antes que eu pudesse me preocupar se ela estava bem, Juliette teve uma crise de riso, daquelas que saiam lágrimas de tanto rir e foi impossível não rir junto com ela.

Quando eu parei de rir, olhei para Juliette embaixo de mim. Rindo, usando uma touca com orelhas de gato e com o nariz vermelho por conta do frio, ela nunca tinha parecido mais bonita pra mim do que naquele momento e ela precisava saber disso.

- Nada nesse mundo é mais bonito que você.

Eu estava esperando que ela fosse ficar envergonhada ou que desviasse daquilo, mas ela olhou pra mim, sorriu e depois falou algo que quase me fez infartar aos 21 anos.

- Eu estou apaixonada por você, Jace.

Aquilo me pegou completamente de surpresa, eu desejava tanto ouvir aquilo que não parecia real quando realmente aconteceu.

- Eu estive esperando algum tempo pra ouvir isso de você, princesa. Sou apaixonado por você há bastante tempo.

- Isso é sério? - Ela perguntou em um tom emocionado.

Ela estava realmente me perguntando isso? Eu praticamente tinha um alvo nas costas deixando claro que eu gostava dela.

- Você tem alguma dúvida? Não teve nenhum momento em todos esses meses em que eu não estivesse apaixonado por você.

Ela sorriu mais uma vez e levantou a cabeça até unir os nossos lábios. E aquele foi um dos momentos mais felizes da minha vida porque eu realmente percebi que ela realmente poderia gostar de mim, até me amar algum dia. Que ela estava comigo porque me queria, queria nós dois.

E aquele foi o primeiro passo para uma nova fase da nossa relação porque saber que nós estávamos mutuamente apaixonados fez que algo dentro de nós se conectasse.

O Homem Que Me AmaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant