Capítulo VI ; Por Juliette

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As aulas começaram e junto com elas, uma nova etapa na minha vida.

Eu nunca havia estudado em turmas mistas e estava adquirindo um ponto de vista diferente sobre os homens - eles não eram todos irresponsáveis e cabeças de vento.

Alguns deles eram bem cavalheiros e ótimos colegas de classe. As vezes eu ouvia alguns cochichos de "freira" quando eu passava, mas era algo que se estava tornando cada vez menos frequente.

Alice dizia que por mais básica que eu fosse, minhas saias até o joelho chamava mais atenção do que se eu usasse roupas curtas. Ela achava que os homens me achavam misteriosa e intrigante - o que eu achava uma besteira.

Por questão de dúvidas, comprei algumas calças jeans para usar.

Eu também precisava estudar bastante - as matérias eram muitas e todas extensas. Eu não teria problemas em fazer minhas provas, mas precisava estudar para ir bem.

Recentemente, havia dado carta branca para Sean dormir no nosso apartamento. Sabia que ele fazia isso antes de eu me mudar. Não era como se ele ficasse lá o tempo todo, mas o tempo em que ficava, ele e Alice não eram exatamente pessoas silenciosas.

Em uma noite de sexta, na qual Sean dormiria com Alice, eu precisava estudar. E não estava conseguindo com todo o barulho deles. Deixei um bilhete na geladeira avisando que tinha ido na biblioteca.

A biblioteca da faculdade era próxima do apartamento. Eu gostava bastante de estudar ali, era muito silencioso. Eu pegava os livros e ficava lá por horas. Geralmente ia embora quando ela estava fechando, as oito da noite.

Naquele dia estudei bastante e só sai de lá quando a bibliotecária me avisou que iria fechar. Agradeci e juntei as minhas coisas para ir embora.

A rua estava vazia aquela hora. Sexta a feira a noite a vida dos universitários só começava quando a maioria das pessoas iam dormir. Quando eu estivesse morrendo de sono, Alice tentaria me arrastar para alguma festa.

Estava andando lentamente, aproveitando a noite. Eu gostava de olhar a lua e as estrelas acima de mim, me trazia uma sensação de paz enorme. Conseguia pensar bastante enquanto fazia aquilo.

Comecei a ouvir passos rápidos atrás de mim, o que me tirou a concentração do que eu estava fazendo. Estava escuro e a rua vazia, então sem nem ao menos olhar para trás para ver o que era, comecei a andar rápido também.

Quem estava atrás de mim correu e eu corri também. Ouvindo a correria atrás de mim, percebi que era mais de uma pessoa.

Estava tremendamente assustada, tão assustada que só conseguia ofegar de medo, as forças que eu tinha para chorar foram todas concentradas em meus pés. Corria o mais rápido que podia, mesmo sabendo que eles provavelmente me alcançariam.

Olhei para trás para saber qual era a minha distância e percebi que eram dois homens atrás de mim. Eles perceberam que eu estava olhando e começaram a falar.

- Não corre não, boneca. A gente só vai se divertir com você um pouquinho.

Já estava cansada e ofegante, meu corpo não aguentava mais, quando esbarrei com força em uma pessoa. Caí no chão e me vi cansada e incapaz de continuar correndo. Então comecei a rezar mentalmente que aquela pessoa me ajudasse ao invés de ajudar aqueles homens no que queriam fazer comigo.

- Juliette. - Ouvi meu nome ser chamado por uma voz que eu reconheceria sempre.

- Jace. - Falei com alívio - Me ajude, por favor.

Ele segurou o meu braço e me ergueu.

- O que está acontecendo? Você está bem?

Antes que eu pudesse responder, fui interrompida.

- Não quer dividir a vadia com a gente? - Tremi de medo.

- Do que você a chamou? - Jace perguntou com raiva.

Eu não sei o que aconteceu porque meu medo não me permitir prestar a devida atenção, só sei que algo na expresso de Jace fez com que os dois saíssem correndo.

Percebi que ele iria correr atrás deles.
- Por favor, deixe-os ir.

- Você sabe o que eles teriam feito com você?

- Por favor, não me deixe sozinha. - Senti meus olhos marejarem.

Ele respirou fundo. Parecia estar com raiva e tentando se acalmar.

- Eu deveria acabar com os dois.

- Vamos sair daqui, Jace.

Ele pareceu tentado a sair correndo atrás deles, mas acredito que percebeu o quanto eu estava desesperada para sair dali. Segurou o meu braço e saiu me guiando para outro lugar, eu não sabia para onde ele estava me levando. E não me interessava, eu só queria me sentir segura novamente.

(...)

Ele não me levou para longe, na verdade fomos para a rua seguinte de onde aquilo aconteceu. Paramos na frente de um prédio grande.

- Eu e Sean moramos aí. - Começamos a entrar no prédio.

- Sean está com Alice. - Comentei.

- Sim, eu sei. - Entramos no elevador e ele apertou o andar para a cobertura.

Ficamos em silêncio até chegar no apartamento. Quando entramos constatei que era um lugar bem masculino, tinham pôsteres de times de futebol e até mesmo o lugar tinha cheiro de homem, mas não era feio e nada desagradável. Eu gostei dali.

- Você gosta de chá?

- Sim.

- Vou fazer um para você. Pode se sentar, assistir televisão, ir no banheiro se quiser...

- Obrigada, Jace.

Quando ele foi para a cozinha, me sentei no sofá da sala deles e finamente consegui cair em um bom choro.

Era um choro de alívio mais do que qualquer outra coisa. Agradeci mentalmente a Deus por ter colocado Jace no meu caminho naquele momento e por eu estar segura.

Depois de um tempo Jace voltou e eu ainda não tinha parado de chorar. Ele me entregou uma xícara de chá fumegante. Sorri da forma que eu pude e agradeci.

- Eu sinto muito por isso ter acontecido com você. - Ele falou enquanto se sentava do meu lado.

- Não aconteceu nada comigo, graças a você, muito obrigada!

- Não foi nada. O que você estava fazendo naquela rua essa hora da noite?

- Eu fico estudando na biblioteca até a hora dela fechar. Faço isso quase todos os dias e nunca tinha acontecido nada do tipo comigo.

- É um horário perigoso pra uma menina bonita andar sozinha por aí. Podia ter acontecido várias coisas ruins.

- Você me salvou, nada aconteceu. Tem alguma forma de eu te recompensar?

- Você sairia comigo um dia desses? - Ele perguntou imediatamente.

- Bem, é claro - Corei e passei a mão no cabelo, envergonhada - É só você marcar.

- Amanhã?

- Amanhã. - Concordei.

O Homem Que Me AmaKde žijí příběhy. Začni objevovat