Nós assistimos tantos episódios quanto era possível e quando meus olhos ficaram cansados a ponto de eu sentir que iria adormecer naquele sofá, eu me levantei e dei um "boa noite" sonolento para ele.
Ele se levantou também, mas não tentou nada, ele apenas deixou um beijo na minha testa e disse:
- Boa noite, princesa. Eu descobri que gosto de Pokémon.
- E você ainda nem assistiu Bob Esponja.
Ele riu.
- Eu vou assistir um dia, junto com você. Tenha bons sonhos, Juliette.
- Você também, Jace.
Naquela noite, eu realmente sonhei. Sonhei com neve, músicas de fim de ano e com os olhos claros de Jace. Tudo bem aleatório, mas no sonho, tudo aquilo fazia sentido pra mim.
E por algum motivo, eu acordei calma e feliz. Eu achava que no dia seguinte, eu iria acordar e surtar com o que eu e Jace tinhamos. Eu até poderia surtar, mas não estava acontecendo logo no começo do meu dia.
Saí da cama direto para o chuveiro, eu não funcionava bem antes de tomar banho. Depois me vesti com uma calça jeans que Alice havia me dado de presente, sapatilhas e uma camisa verde que eu havia comprado para St Patrick Day anos atrás e que nunca havia usado pois não comemorávamos a data no internato.
Não que fosse um problema. Verde era uma boa cor, então eu não precisava de uma data para usar minha blusa.
Quando eu estava prestes a sair do meu quarto e ir para a cozinha preparar um chá, percebi que havia pisado em alguma coisa. E no meu quarto não tinha nada jogado pelo chão. Olhei para baixo e vi que era uma folha de papel e me agachei para pegar.
Era um bilhete de Jace, ele provavelmente o passou por baixo da porta.
" Bom dia, princesa.
Eu tive aula cedo e precisei sair logo. Obrigado pela hospitalidade, seu sofá é mesmo confortável. Ontem foi incrível e eu gostaria de ter te visto hoje pela manhã, não queria sair sem me despedir.Tenha uma boa tarde na faculdade.
Te vejo logo.P.S - Seu beijo é tão doce quanto você."
Não sei explicar, mas aquilo me fez sorrir. Ele disse que meu beijo era doce!
Olhei para o relógio e era quase onze horas, mas ainda um pouco cedo para ir para as aulas. Como eu só precisaria sair de casa após um tempo, fiz uma xícara de chá e um bolo de caneca e fui pra sala assistir Pokemon do episódio que tínhamos parado.
Será que ele ficaria chateado que eu estava assistindo sem ele?
E foi aí que eu surtei. Desde quandi eu pensava nele enquanto assistia os meus desenhos? Aquele era o meu momento, eu deveria estar prestando atenção no Choque do Trovão, não pensando no Jace.
Por que nós tínhamos feito as coisas mudarem? Ele era meu melhor amigo e mesmo se não fosse, era errado tê-lo beijado. Eu estava me tornando quem as freiras me ensinaram a não ser. Alguém que estava se deixando levar apenas pelas próprias vontades e esquecendo que todo o resto.
Eu estava colocando a minha integridade e minha amizade com ele em cheque e isso era errado.
O problema, é que mesmo sabendo que isso era errado, eu não queria parar. Eu queria tudo - continuar com minhas convicções, ter o meu melhor amigo e beijá-lo também.
Quando é que minha vida tinha ficado tão complicada?
(...)
Eu consegui assistir as aulas sem pensar muito em tudo aquilo, mas quando eu voltei para o apartamento e vi Alice, percebi que tinha que desabafar com ela antes de fazer qualquer outra coisa.
- Eu preciso falar com você.
- Vai falar comigo sobre ontem a noite? - Ela perguntou e eu franzi o rosto.
- O que você sabe sobre ontem a noite? - Perguntei de volta e sentei no sofá ao lado dela.
- Nada. O que eu sei é que Jace estava muito feliz e você muito esquisita, eu saquei que tinha acontecido alguma coisa, mas quis que você preferisse me contar pra tentar ser menos intrometida.
- Eu e Jace nos beijamos de novo.
- E dessa vez foi de língua pelo menos?
- Foi. - Corei.
- Isso aí, arrasou! Selinho é coisa de pré-adolescente. - Ela riu - Foi bom?
- Sim. - Respondi baixo e corei de novo.
- Então por que você está envergonhada? O Jace é bem bonito, vergonha eu tenho da época que eu era solteira e tomava alguns drinks, você não tem noção dos meninos que eu beijava antes de dormir.
Fiz uma careta. Alice não lidava bem com bebida e ainda insistia em beber.
- Isso é errado, eu estou sendo consumida pela atração que eu sinto por ele, Jace é realmente muito bonito, mas eu não sei se gosto do efeito que ele causa em mim.
- Me explica isso, Juliette. O que você sente quando está perto dele?
- Eu me sinto bem e normal a maior parte do tempo. Só que as vezes as coisas mudam, fica certa uma tensão entre nós e algumas vezes, nesses momentos, eu acabo pensando no quanto ele é bonito e isso me deixa um pouco tentada a querer estar mais próxima dele.
- Próxima como? - Ela sorriu de forma maliciosa.
- Próxima, Alice. - Corei. - Na hora eu não consigo pensar em nada e depois eu acabo me arrependendo. Eu não deveria fazer essas coisas.
- É claro que deveria, você é jovem e bonita. Você não está mais no convento, Juliette. Eu não estou dizendo pra você fazer tudo que tem vontade, não é pra você cheirar cocaína se tiver vontade, mas não tem nada de errado em dar uns beijos no Jace, claro que eu preferia que não fosse com o Jace, mas se é ele com quem você quer fazer isso, faça.
- Mas, Alice... - Ela me interrompeu.
- A vida é muito curta pra ser tão cheia de inibições. Ele te atrai e é óbvio que ele tem um penhasco por você. Eu sei que você não está acostumada com isso e acha que é errado o que vocês fizeram, mas não é.
- Só que nós nem temos um relacionamento.
- Você quer um relacionamento com o Jace além da amizade de vocês, porque se você quiser, eu duvido que ele iria se opor.
Eu achava namorar algo complicado demais, eu sempre estive sozinha e não conseguia me imaginar com outra pessoa, por mais que Jace fosse incrível, eu sabia que ele não era de uma garota só e eu não me achava madura o bastante pra namorar.
- Não. Esse é o problema, eu quero beija-lo mesmo sem a ideia de ter um relacionamento com ele.
- Então, vocês podem ser amigos coloridos. Vocês continuam a amizade normal de vocês e quando você perceber que tá com vontade de beijar o Jace, você faz isso.
Não que fosse uma ideia ruim, mas eu estava procurando mentalmente passagens da bíblia que condenariam aquilo.
- Juliette, não pense muito. É melhor se arrepender de ter feito algo, do que nunca ter feito. A vida existe pra ser vivida, você saiu daquele lugar, não deixe que aquele lugar te impeça de fazer o que você quer.
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O Homem Que Me Ama
РомантикаJuliette aos 18 anos sabia tanto do mundo como uma criança, criada em um colégio interno religioso, só conhecia aquilo que lhe era permitido. Quando é aceita na Universidade Yale, começa a finalmente sentir o que é ser livre. O que não esperava era...