1° Capítulo

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— Oi. Você deve ser a aluna nova, certo? — Uma garota baixinha de óculos chega me perguntando.

— Você já me viu por aqui?— Ela nega. — Então eu sou aluna nova. Você sabe onde fica meu quarto?

— Eu vou te acompanhar para ala dos quartos femininos, é Ana Paula certo?

— Uhun.

— Você é minha colega de quarto. — Ela fala meio receosa.

— Não me diga, legal....Eu acho!

Entro no corredor dos quartos femininos e acompanho ela entrando em um quarto um pouco grande que possui duas camas e um guarda roupa enorme que pega uma parede toda, parece ser agradável, mas precisa de uns toques meu.

—  Aqui está seus horários.
— Ela pega uma folha e me entrega. Seguro e fico analisando. — Se você tiver alguma dúvida pode falar comigo, eu sou a líder do grêmio da...

Bati a porta quando entrei no banheiro deixando ela falando sozinha, essa garota fala demais, Deus me livre!! Tomo um banho relaxante pensando em como vai ser minha vida aqui, tenho que ter muita paciência, e isso é uma coisa que não tenho. Não posso ser quem eu sou, se não tchau Havaí e essa é a uma viagem importante

Desligo o chuveiro ao ouvir alguém batendo na porta, pego a toalha me enrolando. Abro a porta encarando aquele ser pequeno de óculos.

— Você ainda esta no  banheiro?

— Não aqui é meu espírito, eu estou lá fora. Vá lá ver. — Ela me olha incrédula e saio procurando uma roupa na mala e só vejo roupas estranhas que não tem nada haver comigo. Mudaram totalmente minhas roupas e isso é surreal.

Pego um par de roupa ridícula e adentro no banheiro me trocando, que horror! Faço um coque no cabelo, e visto um casaco de moletom colocando um capuz, uma calça skinny e uma all star, coloco meus óculos e pronto, estou parecendo uma retardada.

— Quer conhecer a escola?— Dei de ombros — Então vamos, me chamo Rita.

— E aí Rita. — Bato no ombro dela e ela me olha estranho.

Coloco as mãos nos bolsos e saio com a Ritinha pra conhecer a escola, e que escola enorme. Em cada canto do colégio tem um grupinho de alunos

— O que é aquela escada? O que tem nos próximos andares?

— Ali é a área mais desejada da escola. Tem quadra, campo, piscina e uma área verde. Só os populares podem entrar lá.
— Ela fala e vejo seus olhos brilhando.

— Vamos lá. — Digo e saio andando em direção às escadas.

— Não! Ta louca. — Ela segura em meu braço me olhando assustada — Não podemos ir, vão nos humilhar. Não nos misturamos com aquele pessoal, eles são outro nivel na escola.

— Nossa isso é ridículo! — Vejo Cris descendo as escadas rindo com alguns garotos.

— Ele né lindo? Sempre estudou aqui na escola, eu acompanhei ele crescendo. Mas ele se tornou popular e o garoto mais desejado da escola. Sendo assim perdi minhas esperanças de um dia ele me olhar. — Contenho a vontade de rir e revirar os olhos. Mas não seria muito bom, afinal ninguém poderia saber que ele é meu irmão.

— Não é grande coisa. — Ela me olha perplexa — O que? Ta bom, ele simpático. Agora cansei. Estou com fome.

Nessa hora o sino soa, e vamos para o refeitório. Rita disse que é a hora que junta todos os alunos. Enfrentei uma fila enorme e ainda tive que escutar a Rita falando das normas e besteiras da escola. Quando já estamos com nosso café da manhã- Não deu tempo tomar em casa- Me deparo com um refeitório lotado sem uma mesa vaga.

— Droga! — Ela berra — Eu sento com alguns colegas naquela mesa do fundo, mas ja tem muita gente.

Vejo a mesa que ela tava falando em um canto, o pessoal mal come, só com livros nas mãos. Todos estão nos olhando por que somos a únicas que estamos paradas em pé, então vejo uma mesa que tem dois lugares vagos, e é onde se encontra meus irmãos e outros dois garotos.

— Vamos sentar ali Rita. — Digo e saio andando com todos os olhares sobre mim. Por que gostam tanto de cuidar da vida dos outros?

Rita tenta chamar minha atenção, mas acaba me seguindo. Então sentamos na mesa e as pessoas nos olham curiosas, inclusive meus irmãos.

— Ana, vamos sair daqui, estou tendo um ataque de vergonha. — Ela mumurra em meu ouvido, e eu só contínuo a comer.

— Ei? Vocês foram convidadas pra sentar aqui? Acho que não. — Um garoto loiro fala e o outro rir, Cris e Léo me olham silenciosamente.

— E você queria que eu sentasse onde? No chão?

— É uma boa idéia. — Ele fala e dessa vez meus irmãos sorriem.

— Então vai lá sentar no chão e me conta como foi. — Digo e contínuo a comer. Vejo a Rita ao meu lado tremendo completamente vermelha.

— Cara deixa elas aí.— Cris fala.

— Me chamo Ana Paula e essa é a Rita. — Digo e a Rita se engasga ao meu lado. Os meninos metidos ainda olham pro Cris estranhando sua atitude.

— Oie. — Dizem juntos sem vontade.

— Da pra sair da minha cadeira? — Ouço uma voz fina e irritante. Virei me deparando com a garota loira oxigenada que havia jogado suco.

— Eu não sabia que tinha seu nome aqui.

— Pode sentar aqui Samantha. — Rita já estava levantando só que puxei ela de volta fazendo a sentar na cadeira novamente.

— Foi você que jogou suco em mim! — Gritou apontando o dedo na minha cara. Ignorei ela voltando a comer. — Eu estou falando com você sua feia.

Respiro fundo tentando me acalmar, eu não posso  arrumar confusão. Vejo meus irmãos me olhando apreensivos e todos os olhares em minha direção, esperando uma possível briga. Contínuo a comer calmamente contando mentalmente até 10. Sinto alguém cutucar meu braço e vejo Rita desesperada ao meu lado. Suspiro e levanto da cadeira, a oxigenada sorri satisfeita com os braços  cruzados. Saio andando com a Rita ao meu lado em passos apressados.

— Jurava que você ia bater nela.

— Eu não sou assim Ritinha. — Disse sorrindo e ela me olha assustada, mas fica em silêncio.

Deixo a bandeja no balcão e saio rapidamente tentando me livrar da Rita, preciso de um tempo pra mim. Deixo ela falando sozinha e saio andando pelos corredores da escola. Me pergunto de onde tirei forças para não dá na cara da oxigenada, agora ela deve está lá se achando por que me humilhou, ah que inferno! Sento em um banco de cimento próximo a um jardim.

— Eu gosto de sentar aí.
— Disse um garoto sentando ao meu lado. Ele tem olhos castanhos, usa óculos e aparelho azuis nos dentes. Seu rosto é cheio de espinhas, se não fosse por isso até que era bonitinho.

— Curtir a cor do seu aparelho.

— Ah..obrigado. — Disse e corou. Ele tá vermelho? Aí que merda.

— Eu tenho um creme pra espinhas, quer passar?— Pergunto e ele arregala os olhos negando com a cabeça. — Então ta.

— Como é seu nome? — Perguntou tão baixo que acho que não entendi. — Seu nome?

— Ah! Me chamo Ana Paula Batil...Só Ana Paula mesmo.
— Respondi e levantei. — Tchau!

Prefiro não me misturar, não conhecer ninguém, prefiro na verdade não está nessa escola.

Sai andando e escutei o sinal soando e as pessoas corriam para dentro da escola apressadas, deve ter começado as aulas. Mas não faço a mínima ideia qual é minha aula, portanto não irei hoje.

Quando entrei no corredor senti um impacto contra meu corpo me fazendo ir ao chão. Havia um corpo sobre mim que eu tentava empurrar, quando nossos olhos se cruzaram revirei eles automaticamente quando reconheci aquele garoto.

S.O.S Colégio InternoWhere stories live. Discover now