8° Capítulo

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- Eu arrasei na prova.

- Porque será ne Cris? - Pergunto ironicamente passando por ele, pelo corredor. Ele colou todas as respostas da Rita, e a besta ainda deu, pode isso? Muita burrice pra uma pessoa só.

Saio andando em direção ao refeitório, estou com tanta fome que acho que vou cair nesse chão. Paro quando vejo Leo abraçando o Speed e desde quando se conhecem? Estão se abraçando? Mas porque? Minha cabeça vira um confusão nesse momento.

- Ei. - Disse quando me aproximei deles. Os dois arregalaram os olhos quando me viram, e pareciam ter ficado constrangidos. - Se conhecem de onde?

- Tchau doidinha. - Speed deu um beijo na minha bochecha e saiu praticamente fugindo de mim. Leo faria o mesmo, mas segurei seu braço.

- Cuidado Léo. - Disse e ele engoliu seco visivelmente nervoso, e saiu em passos apressados. Eu deveria me importar? Sim, eu me importo. Speed é gato, beija bem, é mau, mas também não é flor que se cheire.

- Achei você. - Ouço aquela voz que já tinha esquecido e me viro dando de cara com o Afonso, meu pai.

- Ta fazendo o que aqui?- Pergunto sem vontade pegando meu celular do bolso.

- O diretor te elogiou, disse que até iria ficar esse final de semana para estudar com os amigos. -Disse animadamente. Ergo uma sobrancelha estranhando. - Pelo que vejo acho que alguém vai pro Havaí.

- Falei demais com você.

- Ei espera filha. Eu comprei uma coisa pra você. - Disse meio receoso. - Comprei uma prancha de surf, sua mãe adorava surfar. Acredito que você também....

- Não fala da minha mãe! - Digo irritada e saio andando ignorando ele. Eu odeio quando falam da minha mãe, esse assunto me deixa meio abalada, é a única coisa que mexe comigo. Cresci me perguntando cadê minha mãe, fui criado por uma mulher intrusa que só quero distância. Eu sou uma assassina, me dói conviver com isso, talvez se não tivesse nascido minha mãe ainda estaria viva e feliz, mas eu nasci e ela, se foi.

-Ana ? - Theus para sua corrida ficando ao meu lado. Respira ofegante.- Eu vi você falando com o Sr. Bastille.

- Muito curioso você não acha? - Pergunto me aproximando dele. - Não se meta na minha vida Matheus. Talvez você não goste da consequência da sua curiosidade. - E com isso saio andando e entro no refeitório.

Sei que ele não merecia que eu fosse ignorante, porém eu estava chateada no momento.

Enfrento a pequena fila e por um milagre de Deus encontro uma mesa vazia, preciso ficar sozinha, e assim me sento isolada de todos. Como lentamente minha comida. Não irei me lamentar, sou rica e faço tudo o que eu quero. Mas ver todo mundo com uma mãe nas reuniões escolares e nos dias das mães é triste. Quando Menstruei pela primeira ou quando dei meu primeiro beijo, ela não estava lá. Afonso nunca quis me mostrar uma foto dela, nunca entendi seus motivos, mas acho melhor assim, melhor manter distância, o que não adianta muito, já que meu peito dói toda vez que é pronunciado a palavra "mãe ".

- Foi abandonada boca de lata? - Ouço o júnior e fecho minhas pálpebras tentando me acalmar. - O que foi? Minha beleza ta te ofuscando?

- Ta sim Juniozinho, por isso vou até sair.- Disse me levantando, deixei ele com um olhar confuso. Não vai valer a pena discutir com ele, hoje estou sem paciência. Estou meio na bad.

Entro no meu quarto já decidida que não irei assistir mais aula hoje. Tomo um banho e visto uma roupa quentinha. Me jogo na cama pegando meu celular e entrando no whatsapp, iria cancelar meu passeio para o final de semana, mas não faço isso. Pois eu irei mesmo estando presa na escola, se não me chamo Ana Paula Bastille. Bloqueio o celular e coloco debaixo do travesseiro, e tento tirar um cochilo.

S.O.S Colégio InternoWhere stories live. Discover now