Julieta

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Não quero mais vê-lo! Saber do seu nome ou sentir seu cheiro! Não quero nem ele em meus pensamentos. Como fui burra.

Atiro uma almofada no chão. Já estou em meu quarto. Voltamos para casa e eu, óbvio, fui chorar por minha fraqueza.

-Deus, como pude ser tão burra? –Pergunto com as palavras rasgando a garganta. Volto a me debater.

Alguém bate na porta e engulo o choro. A maçaneta gira devagar e a cabeça de Ama surge. Agradeço por ser ela. Ela olha pra mim e fica preocupada. De imediato:

-Céus! Por quê seus olhos estão tão inchados e cheios de lágrimas? Julieta, por que você está chorando?

-Não é nada, Ama. –Enxugo as lágrimas com as costas das mãos. –Você estava certa, os Montecchios não prestam. Nenhum. O único, viveu há quinhentos anos! Mas morreu e levou uma Capuleto com ele. Ah, Ama, amar dói tanto. –Me lancei em seus braços.

-Do que está falando pequena? O que aconteceu? –Ela questiona.

-Nada, Ama, já disse.

Ela fica duvidosa das minhas palavras.

-Sei que não acredita, mas não questione, não estou pronta pra falar, OK? –Digo.

-OK. Bom, então me acompanha? Eu iria pedir ao motorista para me levar ao cemitério. Preciso trocar algumas flores do mausoléu.

-Sim, vou com você. Preciso mesmo falar com minha família. –Digo, e vou me vestir para acompanhar Ama.

Ama tem uma cesta enorme, cheia de flores, que, creio eu, o jardineiro pegou no jardim a seu mandato. Vejo as flores. Sempre tivemos uma diversidade, mas eu sempre me encantei pelas rosas. Sempre lindas e perigosas, como as melhores coisas na vida. Então tudo é rosas no fim! Um gigantesco mar de rosas!

O motorista estaciona na entrada do cemitério.

-Não iremos demorar. –Diz Ama ao motorista. –Nos espere, certo?

-Sim, senhora!

O motorista vai estacionar em algum lugar mais longe e eu e Ama entramos no cemitério.

Ele está tão morto quanto seus residentes. Ouço o vento soprar nas arvores de folhas secas. Algumas pessoas de preto visitam outros túmulos, mas nós seguimos para outro mausoléu. O mausoléu onde todos os Capuletso estão sepultados, incluindo meus pais. É um dos maiores, assim como o dos Montecchios.

O nosso fica de um lado bem distinto ao deles, então não há problema. O mausoléu dos Capuletos possui folhas mortas e secas.

-Parece que os mortos amam o cheiro das rosas. –Ama comenta. –Veja como inalam profundamente tirando a vitalidade da flor.

Olho a flor que ela mostra. Tão seca.

-Troquei ela há uma semana! –Diz Ama. –Esses Capuletos!

Sorrio.

-Ama. –A chamo. –Julieta está aí no mausoléu?

-Oh, não querida! –Diz ela. –Ela devia estar, mas depois que Romeu se matou, enterraram ambos juntos em um local só para eles!

-Onde?

-Eu não sei. Ninguém me disse. Aparentemente só família pode saber desse segredo supersecreto.

Ajudo Ama a tirar as flores mortas, são muitas! O mausoléu é cercado de flores em vasinhos. Retiramos todas e Ama começa a tecer as flores para coloca-las e embelezar a casa dos mortos Capuletos. Seguro duas rosas nas mãos.

Os novos Romeu e JulietaWhere stories live. Discover now