Romeu

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Mesmo que eu tente, todas as noites tenho o mesmo sonho.

Estou correndo atrás dela pelo jardim. Seus cabelos castanhos estão ondulados e balançam com o vento. Ela ri e sua risada é linda demais aos ouvidos. Rio de volta para ela, que continua correndo de mim pelo jardim. Consigo alcança-la e prende-la aos meus braços.

Então estamos na igreja, fazendo os votos. Ela está sorrindo. Logo depois eu a beijo e fecho os olhos. Quando volto a abri-los ela sumiu! Estou em pé, segurando a espada e Theo me encara do outro lado, segurando sua espada. Ele ataca e, em defesa, eu enterro minha espada em seu peito.

Sou levado da cidade. Tenho de me esconder e deixo Julieta a chorar. Em minha volta a vejo morta e mesmo que eu a beije ela não acorda. Há um frasco em minha mão e eu o viro. Então vejo ambos mortos um ao lado do outro.

Pálidos e sem vida estão nossos corpos.

Acordo arfando. Suando. Preocupado. Ainda querendo distinguir o que é sonho e o que é realidade.

Ainda está escuro e sei que não vou conseguir dormir, pois se dormir terei outro pesadelo!

Saio da cama, e ignoro todas as dores que se espalham pelo corpo. Visto minha roupa e saio do quarto. Passo em frente ao quarto de Marco. Ainda terei de conversar com ele!

Saio de casa, pego minha moto e vou até a cidade.

A igreja ainda está fechada, como todas as outras casas. Ainda não amanheceu. Deve ser cinco horas! Bato a porta fortemente na porta.

-Padre! -Grito. -Abre a porta!

Continuo batendo até ele abrir. Ele fica surpreso ao me ver.

-Romeu, meu filho, o que aconteceu? -Ele mantém seu semblante preocupado.

-Mostre-me. Quero saber tudo sobre Romeu e Julieta. Quero saber a história não-contada!-Falo de uma só vez.

Ele fica com uma expressão surpresa e aliviada, ainda difícil de distinguir. Ele consente em abrir a porta e me deixar entrar, e a fecha logo em seguida.

Os segredos de Romeu e Julieta são tão secretos e nem mesmo as famílias sabem. O frei Lourenço, amigo do casal, assim como o padre, foi responsável por guardar a verdadeira história, a qual Shakespeare tentou retrata-la. E que a maioria acredita ser verdade. Até eu achei, mas não sei se é de todo o verdade.

-Meu filho. -Padre Lourenço segura um candelabro para iluminar o caminho. -Não se visita aquela área há muitos anos. É tão hediondo violar um local que foi selado como aquele.

-Não importa, padre. -Digo. -O que pode haver de tão secreto lá?

-Temo que nem você gostaria de saber! -Diz o padre.

-Padre, o senhor Sabe! -Digo. -Não é? Sabe sobre essa história estranha deles.

-Não, já disse! -Ele fala. -Ninguém sabe. Esse segredo é guardado e bem preservado.

-Então de que maldição falou? -Questiono.

-Foi uma dedução. -Digo. -Todos morrem, não percebeu?

Sinto um arrepio me percorrer a espinha, mas continuo a segui-lo. Ele abre um alçapão na sacristia e desce primeiro. O sigo e vejo as teias já cheias de poeira, se espalhando sobre as paredes. Tampo o nariz e padre parece não se importar. Ele as afasta com a. Própria mão. Decido fazer o mesmo, por Julieta!

Sinto um nervosismo percorrer a boca do estômago e engulo o seco, por medo. O que irei encontrar?

-Chegamos. -Diz o padre. Fico confuso.

-Aqui? -Questiono. -Não vejo nada.

-Menino de pouca fé!

Ele se estica e faz o fogo do candelabro tocar em algo, que pega fogo e ilumina um grande salão. Fico surpreso. Wow!

-Que lugar é esse? -Questiono.

-Lugar onde antigos sacerdotes estudavam. E onde abrigaram Romeu e Julieta, e também escreveram suas histórias!

Desço a escada e vejo o grande salão, já bem iluminado pelo arco de chama que circunda o local. Olho em volta. Vários livros, obras, mesas. Isso era tipo uma escola secreta. Percorro todo o local. As mesas estão cobertas de poeira. Livros, penas, tinteiros. Todos largados há muitos anos.

Olho pro padre:

-Acho que podemos demorar! –Falo.

Ele assente:

-Prepararei café para nós! –Ele diz.


Os novos Romeu e JulietaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora