Julieta

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Ama chega e vai para a cozinha, eu a sigo:

-Ama? O que ele disse? Como está?

-Acalme-se! Por favor! Deixe-me respirar.

E ela continua a mexer na geladeira, atrás de água. Ela encontra e procura o açúcar.

-Ama? Amazinha? Não me torture. Diga logo.

-Paciência, por favor!

Ela encontra o açucareiro e coloca duas colheres de açúcar na água mexe bem e eu a pressiono novamente:

-Por favor, Ama. Ele está bem? Está muito machucado? O que ele disse? -Estou muito preocupada. -Diga se são noticias boas ou más, e espero você se recuperar.

-Ah, Julieta. Espere, por favor! Estou sem fôlego.

-Como pode estar sem fôlego se tem fôlego para me dizer que está sem fôlego?

Ela vai até uma cadeira e se senta. Me ajoelho e beijo sua mão:

-Ama. Por favor!

Ela respira fundo.

-Escolheu muito bem seu amado. -Ela diz. Sorrio. -Ele é lindo demais. O rosto, as mãos, o corpo.

-Isso eu já sei, Ama. Diga-me como ele estava?

-Machucado. Tinha machucados pelo corpo, mas o rosto ainda permanecia perfeito, como se fosse um querubim.

-E o que ele disse?

Ama pensa antes de falar e eu franzo o cenho:

-Ama! O que ele disse?

-Você poderia ir amanhã de manhã a igreja? -Ela questiona.

-Sim, poderia sim!

-Então vá, encontrará um marido pronto para ter você como esposa!

Eu pulo de alegria e a abraço. Ela responde meu abraço:

-Vamos, minha querida! -Ela diz. -Vamos encontrar seu vestido.

-Não tenho vestidos, Ama. Vou de jeans! -Digo.

-Jamais. -Ela protesta. -Sonhei com seu casamento desde que era criança. E não inclui calças jeans.

Ela se levanta e me leva até seu quarto. Abre o guarda-roupa e começa a fuçar as roupas:

-Sei que há algo perfeito aqui!

-Ama, acho que nenhuma de suas roupas pode caber em mim.

-Shiu! -Ela diz. -Não fui sempre farta assim!

Sorrio pela censura. Ama vasculha e vasculha e me sinto entediada.

-Ama, o casamento não será tipo pra valer, ou será?

-Creio que vai ser provisório. -Ela responde. -Ele tem medo de perde-la. Assim que ele estiver recuperado e essa poeira baixar farão o casamento.

-Moraremos longe daqui. -Digo. -Não sei se nossas famílias aceitarão tudo isso, e prefiro me afastar.

Ama me olha tristonha.

-Mas levarei você comigo! -Digo e a abraço.

Olho vários vestidos que ela guarda.

-São todos seus? -Questiono.

-Todinhos. Até os da minha juventude. -Ela fala com orgulho. -Arrá! -ela diz. -Achei!

Ela retira um branco do meio dos outros. É lindo e simples.

-Vista-o para ver se serve! -Ela fala.

Rapidamente pego o vestido e vou até seu banheiro provar o vestido. As mangas são de renda e deixam os ombros nus. A frente do vestido vai até um pouco acima dos joelhos, e atrás é mais longo que a frente. Ele tem várias flores com o meio de pedras brilhantes, todos bordados, com maior quantidade na bainha e perdendo a força na cintura. Há uma fita que amarra na cintura, realçando-a.

Saio e me olho no espelho. Ama tampa a boca.

-Sempre sonhei com o dia que veria você se casar, e pensar que entrará usando o mesmo vestido que usei no meu casamento.

-É um lindo vestido, Ama. -Digo. -Você deve ter sido a noiva mais linda!

-E agora você será a mais bela de todas. -Ela fala e começa a lacrimejar.

-Não chore, Ama. -Eu a abraço.

-Não estou. -Ela enxuga as lágrimas. -Rápido, vá tirar sua roupa e eu tenho que lava-la para tira o cheiro de mofo. Ficará perfeito amanhã.

-Confio em você, Ama!

Ela sorri e sorrio de volta.

Retiro a roupa e volto pro meu quarto. Conto as horas até pegar no sono. A noite cai e fico mais ansiosa.

Até, finalmente, conseguir fechar os olhos, durmo sorrindo.

Acordo cedo, o sol nem apareceu e Ama já estava acordada, entrando no quarto:

-Trouxe seu vestido! -Ela mostra. -Vá tomar banho e eu arrumarei seu cabelo. Rápido!

Nem espero o comando eu entro no banheiro correndo e me ensaboo o mais depressa. Ama me ajuda a me arrumar assim que saio.

Seremos apenas um, meu amor. A partir de hoje, seremos um!

Os novos Romeu e JulietaWhere stories live. Discover now