Romeu

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Já é meio dia. Meus primos e nossos companheiros já devem ter ido para o restaurante e estão a minha espera.

Me arrumo e saio de casa, em direção ao restaurante da cidade.

Estaciono a moto e olho pelo vidro.

Me assusto ao ver a cena de um terrível confronto. De um lado os Capuleto. De outro os Montecchio. Como antes –recordo-me. –Naquela vez em que Mercúrio morreu, vítima de Theobaldo, e Romeu matou Theobaldo logo após.

Um frio percorre minha espinha e eu sei que não quero isso. Não quero mortes. Não quero confusão com eles, principalmente por que estou amando uma Capuleto. Uma guerra agora seria o fim de tudo.

Abro a porta e os vejo se encarando. Corro até eles:

-Paz. –Peço. –O que está acontecendo?

-Eis meu homem. –Diz Theo.

-Não é seu homem! –Esbraveja Marco. –Não ouse chamar um Montecchio de seu homem!

-Paz. –Peço a Marco. –Mas afinal o que está acontecendo? Pensei que iriamos conversar, já que é época de paz.

-Tu. –Diz Theo. –Tu mexeu com minha família. Primeiro com minha irmã, depois minha prima.

-Acalme-se. Não quero brigas. Podemos resolver tudo conversando, mas por favor, acalmem-se. Os clientes estão olhando.

-Sabia que era traiçoeiro. Caso não tivéssemos vindo, era todos vocês contra um homem. Covarde! –Grita Marco.

-Não iria todos contra um. Sou decente. –Diz Theo. –Mas não se intrometa. Meu assunto é com ele.

-Não venho buscando briga. Não acabe com o respeito que sinto pelo seu nome que é tão respeitado como o meu. –Digo. –Já sairemos.

-Não. –Diz Marco. –És tão covarde, Theo, que escolheu um local com público.

-Não te intrometa! –Diz Theo.

-Não pode encarar? –Instiga Marco. –O que foi? Está com medo? Ha! Ha! O grande Capuleto se acovardando.

Theo pula em Marco dando-lhe um soco no queixo. Marco revida e dá-lhe um soco no olho. Ambos os rapazes que acompanham Marco e Theo saem na pancadaria. Ben se mantem distante, pedindo paz:

-Parem! –Ele diz. –Aqui não é local para brigas!

Olho para ambos que rolam no chão. Essa área não há mesas, nem cadeiras ou facas! Não haverá mortes –digo a mim. –Mas não posso deixar eles se matarem aos tapas.

-Afaste-se, Marco. –O retiro de cima de Theo. Ambos estão empapados de sangue. Marco cambaleia distante e me ajoelho para Theo. –Pare. Lhe peço. Não cometa erros do passado. Respeito sua família e jamais a desonraria.

Theo me dá um soco e mais outro.

-Pare! –Peço.

Ele me chuta.

Marco volta para cima dele:

-Covarde!

Ambos voltam a rolar no chão e então ouço o kreck. E sinto que é o osso de alguém. Marco rola no chão de dor e vejo que é seu braço.

Theo levanta e se distancia de Marco, ainda atordoado. Vou até meu primo:

-Eu morri? –Ele pergunta. –MORRI! E não consegui machuca-lo o suficiente. Por que não revidou? AI! Meu braço!

-Acalme-se. –Peço. Meu sangue escorre de algum lugar e ignoro a dor. –Theobaldo!

Ele se distancia e começa a correr.

-Não corra! –Grito e começo a correr.

Corro e ele se desvia de tudo e todos, esbarrando em alguns. Saímos e então eu o derrubo. Seu nariz está empapado de sangue e seu olho já meio roxo. Sacudo-o:

-Por que fez aquilo? –Grito.

Ele me bate. Rolamos no chão ele se levanta e corre, mas tropeça na escadaria pelo qual ele fugiria. Ela tem apenas cinco degraus, mas ele cai em cima do braço e ouço outro kreck.

-Ah! Meu braço! –Ele grita. –Culpa tua!

Vou até ele e o viro.

-Ah! –Ele grita. E começa a levantar, cambaleando.

Sons de sirenes vem de todos os lados. Dois carros de polícia e uma ambulância param em frente ao restaurante.

Os enfermeiros levam Marco e Theo na ambulância e a polícia enquadra o resto de nós.

Meu Deus! O que Julieta irá pensar?

*

Estamos na cela da delegacia. Já faz uma hora. Marco já voltou com o braço engessado, assim como Theo. Nos mantiveram em celas diferentes. Nossos amigos, coitados, estão pagando por nossa briga.

Meu tio chega, assim como Gomes Capuleto. Meu primo Ben, o único que não se meteu na briga, acompanha meu tio.

Depois de minutos nos levam até uma sala para esclarecermos os problemas. Meu corpo dói agora que a adrenalina se foi. Sinto que ganhei vários ferimentos, mas não sei se é meu o sangue que mancha minha camisa.

O delegado Príncipe Reis está mais bravo que nunca:

-Ben. –Diz ele. –Conte o que aconteceu. As filmagens não deixam claro. Foi o único que não se meteu na briga!

-Como está nas imagens, chegamos ao restaurante e nos deparamos com Theo. Ele havia marcado de se encontrar com Romeu, mas suspeitamos então fomos averiguar. Quando chegamos lá ele estava com companhia. Não queríamos causar confusão. Romeu fez de tudo para apartar a briga.

-Mas ele quebrou o braço de Theo? –Questiona Príncipe.

-Não senhor. –Digo. –Tudo o que fiz foi querer apartar a briga. Não levantei meu dedo para bater em ninguém.

-É verdade? –Pergunta o delegado.

-Sim. –Eles dizem.

-Então está liberado! –Ele diz.

-Os demais, todos estão envolvidos na briga? –Ele pergunta irritado.

-Sim. –Respondem.

-Por anos vocês, Montcchio e Capuleto, perturbam nossa paz com a sua rivalidade. Não serão toleradas mais suas brigas. Levarei seus casos a justiça e terão de pagar com suas vidas pelos seus atos! –Ele esbraveja. -Paguem fiança e mantenham a trégua! Agora saiam!

Ambos pagam e saem. Com nossos amigos. Eles pegam seu rumo e nós vamos com meu tio, em direção ao carro. Ele carrega fúria no seu olhar.

-Por Deus! Que diabos estavam fazendo lá? É essa imagem que querem dar da nossa família? Proíbo vocês de manterem contato com os Capuleto.

-Mas tio... –Tento dizer.

-Não, Romeu! –Ele esbraveja. –Não quer "mas". Você aceitou ir até lá com ele pra início de conversa. Nenhum contato com os Capuleto! Proíbo todos os três. Especialmente você, Romeu.

Sinto uma dor seinstalar no meu abdômen, então desmaio.

Os novos Romeu e JulietaWhere stories live. Discover now