Romeu

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Acho que há mais poeira dentro desse mausoléu de livros do que qualquer outro lugar!

Romeu Não sei há quanto tempo estou aqui embaixo, mas aposto que faz mais de sete horas. Não estou com fome, apenas quero encontrar algo que seja de meu interesse, mas não acho nada!

Talvez eu já tenha visto mais de cinquenta livros, e nenhum falou nada sobre Romeu e Julieta.

-Romeu! -Padre me chama lá de cima da escada.

-Sim?

-Já chega. O sol marca que é uma hora da tarde, e você não almoçou. -Ele diz, sério. -Não pode viver enfiado aqui. Tenho que proceder missas e você tem de trabalhar.

-Mas, Padre, não encontrei nada sobre nada. Nem uma pista, ou escritura! -Digo.

-Sem "mas", Romeu. Sabe, meu filho, talvez não haja nada a ser dito. Quem sabe isso não foi apenas um boato! -Ele toca meu ombro.

-Tem que ter algo! -Digo. -Preciso continuar procurando.

-Mas você já passou metade do dia aqui! Não! Já chega! Amanhã você vem, depois do expediente. Passará apenas duas horas aqui e eu ajudarei a procurar, mas já basta por hoje! -Padre disse.

-Tudo bem. -Digo.

-Vamos! -Ele disse.

Fomos novamente pelo corredor subterrâneo, até sairmos na sacristia. Eu estava coberto de poeira e sol estava no alto do céu, brilhando intensamente. Me dei conta de que não o vi hoje.

-Vá para a casa! -Ele aconselhou. -Você tem de trabalhar, principalmente por que está casado agora!

-Irei sim. -Falei. -Sua bênção.

-Deus te abençoe, filho. E te dê muito juízo!

Assenti e sai da igreja. Montei na moto, liguei-a e o ronco do motor me seguiu até a mansão Montecchio.

Eles estavam em horário de almoço, então decidi me juntar a eles:

-Boa tarde. -Murmuro.

-Romeu, querido, eu não vi você acordar e ir trabalhar. -Diz titia.

-Ah, eu tive que resolver uns assuntos cedo demais. Tive de sair quase de madrugada!

-Estranho. -Murmura Ben.

Jogo um olhar reprovador para ele que levanta uma sobrancelha. Faço sinal de que lhe contarei depois. E ele assente e continua calado.

-O bom é que logo iremos inaugurar a vinícola. E sua prima chegará em breve! -Titio disse.

-Que prima? -Questiono.

-Alicia! -Titia diz.

-Por quê da vinda dela?

-Aparentemente ela tem mais compromisso que alguns de nós! -Murmura Marco, ainda com dificuldades em comer.

-Que todos nós! -Diz Ben.

-Inadmissível uma mulher querer tomar conta dos negócios, quando toda a vida foram os homens que cuidaram! -Esbraveja Marco pro titio.

-Sim, mas veja como não progredimos! -Titio devolve. -Os Capuleto estão a nossa frente, e administrados por mais mulheres que homens.

-Ela já está vindo, Marco. -O acalmo. -Deixe o assunto quieto!

Ele, ainda em relutância, concorda, e eu o agradeço mentalmente. Ele é muito explosivo, e, de nós três, é o mais briguento. Sempre que posso, apaziguo a situação, mas nem sempre consigo. Um exemplo foi o dia do restaurante!

-Tomarei banho e voltarei para o trabalho. -Digo.

-Vou com você! -Diz Ben. -Marco não pode ir, então vou com você!

Assinto. Mas sei queBen não quer apenas uma companhia. Ele foi o primeiro a descobrir sobre Rosa eeu. Que eu gostava dela, mas ela não sentia o mesmo por mim. Sei que ele jádeve suspeitar de Julieta.    

Os novos Romeu e JulietaWhere stories live. Discover now