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Eva


Às vezes, as coisas que você mais quer, não acontecem. E às vezes, as coisas que jamais esperaria, acontecem.
(Amor e outras drogas)


A semana passou como um furacão. Pensei que teria um pouco de dificuldade para me adaptar ao Rio, mas com as aulas corridas e as conversas com Mia e Adele onde descobri que já se conheciam, tudo foi bem mais fácil.

Saí atrasada e tive que correr para chegar à sala antes do professor. O carro do Luan já estava estacionado quando cheguei. Os dias que seguiram depois do nosso encontrão, o vi apenas raras vezes pelo corredor.

— E então, o que fará no fim de semana? — Mia perguntou quando me encontrou na entrada da faculdade.

Havíamos combinado que não teria mais copos de café na entrada. Ela havia substituído por suco, e com embalagem com tampa.

— Terminar os trabalhos, ver um filme talvez.

— Está falando sério? Ficará em casa no fim de semana?

— Porque não? — falei enquanto começava a fazer a caminhada para a minha sala.

— Por que não saímos hoje? Bebida por minha conta.

— Não sou muito de sair, já te falei.

— Sim, você falou — disse revirando os olhos — mas acredito que uma saidinha não pode ser tão ruim assim. Podemos fazer o seguinte, nós sairemos, se não gostar, vamos embora e não ficarei chateada. Eu prometo.

— Eu não sei...

— Vamos lá, eu, você e a Adele.

— Você esqueceu que ela estuda a noite? — Mia era tão insistente, que chegava a ser chata — ok. Não prometo nada...

— Sei que você vai. Falarei com a Adele. Agora preciso correr, a chata da Elô comerá meu fígado se eu me atrasar... De novo.

Mia seguiu pelo corredor oposto e eu apressei meu passo para minha sala. Encontrei Yumi na metade do caminho e acredito que nossos santos não bateram.

— Dá para sair do meio? Não tenho o dia inteiro.

Yumi me empurrou para o lado, acompanhada por suas amigas.

— Não liga para ela — alguém ao meu lado falou.

Olhei para o lado para dar de cara com um garoto moreno, com cabelos lisos, indo até acima dos ombros, pircing de argola na sobrancelha e uma tatuagem de uma coroa no pescoço.

— Nunca troquei uma palavra com ela, mas é como se eu fosse sua inimiga.

— Yumi já é chata por natureza, e agora que uma de suas amigas está ficando com Luan, pensa que virou dona do lugar.

— Luan... Está aí um nome que ouço a cada cinco minutos.

— Quando você não mais ouvir o nome dele pelos corredores, então será o dia em que nevará no Rio — ele riu — e a propósito, sou Léo.

— Eva.

— Lindo nome.

— Obrigada. Preciso ir agora, estou atrasada — falei já me afastando.

Eu não estava preparada para receber elogios, ainda mais de alguém que eu nem conhecia, mesmo ele tenha sido tão simpático comigo.

— Eu também estou atrasado. Nos vemos por aí Eva.

— Claro.

Cheguei à sala no mesmo momento em que o professor apareceu no corredor.

Depois da aula, fui direto para o estacionamento, precisava passar no mercado antes de ir para casa. Estava me aproximando quando ouvi uma discussão.

— Se você se aproximar da minha garota novamente, você não terá mãos para voltar a lutar.

— Eu não corro atrás de garotas, é o contrário. Se sua garota me procurou foi porque queria algo que você não ofereceu — sua voz soou debochada.

— Ela nunca iria atrás de um perdedor como você.

— Então não conhece sua namorada.

Cheguei ao meu carro a tempo de ver o cara tentar acertar o rosto de Luan, errando o soco e indo direto para o chão.

— Você é patético. Por que não volta para a turma de biologia, onde é o seu lugar.

O cara se levantou e por um segundo, pensei que ele iria para cima de Luan novamente, mas apenas se aproximou e o encarou.

— Você não perde por esperar.

— Quando você aprender a lutar, sabe onde me encontrar.

Irritado, o garoto passou por mim, quase me levando junto. Luan estava parado com os braços cruzados olhando enquanto ele saía do estacionamento.

— Gostou do show?

Olhei para seu olhar e sorriso torto e me recompus.

— Violência não é um show — falei enquanto seguia para destravar meu carro.

Ouvi sua risada atrás de mim.

— Tenho visto você pelos corredores.

— Pena não poder dizer o mesmo. Não tenho tempo para ficar olhando para os lados — falei encarando-o novamente.

— Então está querendo dizer que você é uma perda de tempo?

— É você quem tem que me falar.

Luan colocou sua mão debaixo do seu queixo e me olhou rapidamente dos pés à cabeça.

— Tem razão, você é uma perda de tempo.

Ele se virou e seguiu para o seu carro, me deixando com a maior cara de idiota parada no estacionamento.

Desconsertada por ser pega desprevenida, abri a porta do meu carro, joguei a bolsa, dei partida e saí do campus.

Seu amor, meu destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora